Park In acordou com o seu coração acelerado. Tinha medo, um medo irascível. A coisa estava lá, novamente. A sombra que o atormentava desde que vira Há Na. E que atormentava também aquela pobre garota.
– Não sei que coisa é você, mas isso tem que parar… – disse ele, olhando atentamente para a sombra. A coisa sorriu. Pôde ver o brilho dos seus dentes afiados e amarelados. – Eu sei que você não vai me matar porque NÃO EXISTE. É só é uma manifestação da minha subconsciência, então saiba que eu não vou me matar. Vou enfrentar, seja lá o que você seja… está ouvindo???
Ele fechou os olhos. Imaginou que aquela coisa desapareceria, mas sentiu todo o seu corpo estremecer ao escutar aquela voz:
– Você é diferente dos outros…
Era uma voz profunda, gutural, demoníaca, aterrorizante. Precisou se controlar para tentar parar de tremer.
– Mas teu ceticismo não vai te proteger… – continuou a coisa.
– Há Na disse isso… e é por isso que eu estou te escutando você dizer isso… é uma sugestão… é só uma sugestão… VOCÊ não existe…
– Eu… existo nas sombras… e cada vez que alguém se machuca, os que me prenderam nas sombras são agraciados com dinheiro e poder…
– Os pais de Ha Na te prenderam nas sombras?
A coisa sorriu… a gargalhada ecoou pelas paredes da sua casa e machucaram seus ouvidos.
– Os pais de Ha Na…. idiotas a mando dos poderosos… Se me libertar… posso dar a você o que eles possuem…
– Eles??? Eles quem???
O conselho, pensou Park In. Ha Na desconfiava do conselho. Era óbvio. Já que a sugestão vinha de Ha Na.
– O livro pode me libertar… dê o livro a Ha Na, ou vou destroçar você… e machucar Ha Na… mas se trouxer o livro, vou deixar você livre.
– Você é só uma alucinação… nada mais. Você não existe… não existe…
– Vou te dar uma prova… eu curei a garota… mas se não fizer o que eu pedi, vou machucá-la ainda mais… vou cortar a garota até os ossos…
Park In acordou bem no dia seguinte. Apesar de ter visto a coisa e falado com ela, não havia arranhões em seu braço e ele não parecia esgotado. Parecia que alguma coisa havia mudado. A coisa não o atacou, não exauriu suas forças.
Sim, alguma coisa havia mudado na noite passada. A coisa falou. Falou pela primeira vez, como se fosse uma pessoa. E pediu exatamente o que Ha Na havia pedido.
Seria Ha Na, a coisa?
Park In balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos. Não existe coisa. É só uma alucinação.
Depois de assinar uns documentos e dar encaminhamentos à Ah Ri, Park In foi ver sua paciente, com um kit de sutura em mãos. Quando já estava passando seu cartão na fechadura eletrônica da cela, Há Na se levantou.
– Não precisa entrar, doutor… estou curada!
Park In abriu a porta assim mesmo, imaginando que a garota estava apenas com medo de que ele se aproximasse.
– Eu vou tocar em você agora, Há Na, avisou ele, antes de encostar nela, como fizera no dia anterior. Era uma forma de acalmar a garota e evitar que ela surtasse e o arremessasse na parede novamente.
– Por que nunca acredita em mim? – disse ela, virando-se e puxando a blusa do pijama para cima.
Park In ficou boquiaberto. Suas costas, antes marcadas com feridas horríveis, agora estava simplesmente curada. As cicatrizes eram apenas marquinhas na pele para lembrar que um dia aqueles foram cortes profundos.
<figure class=”wp-block-image size-large”><a href=”https://go.hotmart.com/U82040367O”><img src=”https://cantinhodoopa.com.br/wp-content/uploads/2023/02/2-1024×576.jpg” alt=”” class=”wp-image-10521″/></a></figure>
– Isso é impossível. Não foi alucinação. Eu limpei suas feridas. Tirei gaze com sangue, muito sangue. O enfermeiro viu. Provavelmente, se virmos a gravação da câmera de segurança, também verei as feridas. Como elas estão curadas agora?
– Não sei, doutor… isso nunca aconteceu antes…
Ela o olhou com um olhar absorto, mas parecia feliz e aliviada. As dores provavelmente eram um tormento para ele durante todo aquele tempo.
A coisa havia prometido aquilo. Disse que provaria dessa forma, curando Há Na.
Com o coração pulsando fortemente, ele se sentou na cama de Há Na para não cair.
Era verdade. Era tudo verdade. E a prova era sobrenatural como tudo o que havia acontecido até então. Ele realmente estava sendo assombrado por um demônio ou fantasma ou… ele não sabia exatamente como chamar tudo aquilo. A “Coisa” parecia a palavra perfeita pra descrever o que quer que fosse aquilo que causava todos os males ao redor da doce e angelical HaNa.
– O senhor está bem? Está pálido… – perguntou ela, arregalando os olhos, preocupada com ele.
– Há Na… o que você me pediu… eu prometo que vou trazer…