Capítulo 14 – Uma boa ideia
O Detetive Park Hae Soo esgueirou-se para fora da mansão, com cuidado para passar imperceptível pela guarita de segurança onde um guarda estava mais atento a TV do que qualquer outra coisa.
Atravessou a rua, andando alguns metros e, por fim, entrou na enorme Van plotada com a propaganda de uma pizzaria local. Dentro do veículo, os dois policiais que ajudaram a implantar o sistema de segurança na mansão Trevor estavam atentos aos muitos monitores.
– E então, como está o sistema? – perguntou Park Hae Soo, sentando-se numa cadeira atrás dos dois, observando alguns monitores.
– Consegui hackear as câmeras de segurança da mansão, então temos oitos oito imagens externas. Na casa, há duas câmeras no corredor do andar superior, o corredor do quarto da Sra. Cha. Dois no corredor do térreo, um no porão, dois na sala de star, um no salão de jogos, dois no salão de dança – acho que é de dança – um no ateliê, e um na cozinha. O da cozinha está apresentando problemas, chefe. – Reportou Kim Ji Suk, o mais novo, alto e magro – Às vezes o sinal cai. Vou tentar entrar na mansão amanhã e consertar.
– E porque não entra agora? – perguntou Park Hae Soo intrigado.
Ji Suk deu de ombros, parecendo desconcertado.
– Bem… er… chefe eu…
Ji Suk era excelente para esse tipo de serviço: a parte “Tech” da coisa. Quando o assunto era ação, mesmo que uma reles infiltração em Mansão de Família, Ji Suk não servia para muita coisa.
– Tudo bem… mas se não tiver a oportunidade amanhã durante o dia, vai à noite mesmo, entendeu, de amanhã não passa!
– Qualquer coisa eu vou, chefe! O Suk ensina como arruma esse negócio aí, daí eu vou. – disse Jung, outro policial, tentando ajudar o parceiro.
Lo Jung era da velha guarda. Um excelente policial, de índole, como poucos, mas tinha o sangue quente e por isso nunca conseguiu uma promoção. Estava próximo da aposentadoria, mas era um dos poucos a quem Alex confiava a própria vida.
– Certo! Fiquem atentos, rapazes, principalmente no corredor do quarto da Sra. Cha Baek. Ela está doente e não deve ficar perambulando pela casa, então, seja o que for, vai acontecer naquele quarto. Mandem mensagem para o meu celular cada vez que alguém passar por aquela porta.
– Até mesmo o Sr. Cha? – perguntou Roger, anotando num bloco de anotações.
– Principalmente ele, Suk… qualquer um. – disse Alex, pensativo. O Sr. Cha Tae Gun estava sendo muito solícito, solícito demais.
Claro que ele estava no acidente e se não fosse por ele, a pobre moça, Kim Ah-Lis, estaria morta, mas na sua profissão, não era bom confiar nas pessoas, mesmo que esse alguém estivesse bancando todo o sistema de vigilância montado e, ainda, feito uma gorda doação para o Departamento de Polícia da cidade.
– Você deveria ter instalado uma câmera no quarto da garota, Suk, assim saberíamos imediatamente se ela estivesse em perigo.
– Mas, chefe, o protocolo de vigilância não permite instalar monitoria em quarto privado, o senhor sabe…
– Que se dane o protocolo, Mi Suk! – exasperou Alex, sem paciência. – Esse caso é diferente! Há muita pressão do comissário-chefe para fecharmos esse caso e descobrirmos o mentor do assassinato do ex-prefeito Baek Ha Ri. E se a garota morrer, o caso morre junto.
– Bem, acho que eu consigo aumentar o áudio do corredor para captar os sons do quarto…
– Faça isso então!
Roger abriu um notebook conectado aos monitores, mexeu naquilo que parecia um equalizador e depois conectou um headphone ao computador.
– Dá pra escutar, veja, chefe!
– Quando Alex colocou o headphone, escutou imediatamente a voz suave e gentil de Kim Ah-Lis.
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– Ah, Tae Gun… obrigada, você é muito gentil… obrigada…!
– É só um chá com torradas, Liz! – respondeu Tae Gun, sorrindo, mas sabia que aquilo representava muito mais para alguém que não era acostumada com gestos de solidariedade e carinho.
– É bom estar nesta casa… quero dizer… fora do hospital, sabe… – falou Ah-Lis olhando ao redor.
Não sabia quanto tempo duraria sua estadia ali, mas queria aproveitar, principalmente, a companhia de Tae Gun.
O marido da sua irmã, sentado ali do seu lado, olhando para ela, era tudo o que Ah-Lis sempre sonhou quando era só uma menina: um marido atencioso, carinhoso, disposto a protegê-la.
Ir. Ye Soo Jung uma vez dissera a ela que ideias românticas não iriam ajudá-la e que ela precisava mudar, se tornar uma pessoa mais forte, mais dura e independente.
Quanto mais Ir. Ye Soo Jung a aconselhava, menos Ah-Lis se sentia capaz de cumprir seus conselhos. Sentia-se fraca e desamparada na presença de Kim Tae Hoon.
Ele a dominava por completo, seu corpo e sua alma. Uma relação tóxica da qual ela não sabia como se livrar. Como resultado, ela definhava aos poucos vivendo uma vida que pouco queria para si mesma.
E sabia que era isso o que estava esperando por ela novamente, para longe dos muros daquela mansão.
– Está triste? Está com dor? – perguntou Tae Gun que observava cada expressão no rosto de Ah-Lis.
– Não, estou tomando tanto remédio que é meio impossível sentir algo… – sorriu Ah-Lis. – Estava só pensando umas coisas…
– Que coisas? – provocou Tae Gun.
Na verdade, ele gostaria de poder pressioná-la até que ela lhe dissesse toda a verdade, mas como era uma pessoa frágil, ela muito provavelmente desmaiaria antes de falar algo e ainda pioraria o seu estado de saúde.
Ela poderia ser uma mentirosa, enganadora, mas era dever dele cuidar para que nada acontecesse a ela.
E depois de tudo o que ela vinha sofrendo, aquele tempo deveria ser como umas férias merecidas para ela.
De qualquer forma, mesmo depois que tudo estivesse terminado, não iria abandonar Ah-Lis a sua própria sorte. Iria acompanhá-la, convencê-la a denunciar seu marido e apoiá-la durante todo o caso.
Parecia-lhe uma boa ideia trazê-la para a mansão e cuidar de tudo ele mesmo. Seria uma boa ideia.. seria na verdade uma ótima ideia. É… isso mesmo. A ideia de ter Ah-Lis sempre consigo, fez Tae Gun sorrir.
– Eu estava pensando que se eu tivesse morrido naquele acidente, não estaria aqui… com você! – falou Ah-Lis, parecendo um pouco distante, tirando Tae Gun de seu pensamento.
– Mas você não morreu, Liz-Ah.
– É, mas uma coisa assim faz a gente pensar: eu preciso mudar minha vida… preciso aprender a enfrentar… (‘meu marido’, pensou Ah-Lis) enfrentar as coisas que acontecem. Ser mais forte…
– Bem… é sempre bom a gente ser forte, Liz-Ah. Mas há muitas formas de fortaleza. O que você passou no hospital, o acidente, a cirurgia, a recuperação, não são coisas que qualquer pessoa conseguiria enfrentar como você fez. Eu acho que você é forte nesse aspecto, só precisa aprender a não ficar calada diante de algumas situações. Em certos aspectos, ser forte é gritar e denunciar aquilo que não é certo, aquilo que é injusto…
Se Ah-Lis não soubesse que Tae Gun se referia na verdade a sua vida com Liz-Ah, Ah-Lis diria que aquele era um conselho para ela mesma.
Denunciar Kim Tae Hoon era o maior desafio de sua vida, a maior prova de fortaleza que podia dar… não para os outros, mas para si mesma. Entretanto, quando pensava no rosto de Kim Tae Hoon retorcido pelo ódio, os punhos fechados, tremia de medo e raiva por sua própria covardia.
– Bem, vou deixar você descansar agora… – disse Tae Gun e antes que Ah-Lis pudesse dizer qualquer coisa ele já havia saído do quarto.
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