Park Hae Soo sorriu ao escutar a conversa terna entre o Sr. Cha e a impostora Ah-Lis. Ao mesmo tempo, tinha uma certa preocupação caso o Sr. Cha estivesse desenvolvendo algum sentimento pela garota. Afinal, Ah-Lis poderia ser inocente ou não.
Como detetive, Park Hae Soo passou a desconfiar antes de acreditar. O Sr. Cha Tae Gun estava cooperando e até bancando aquela investigação, mas isso não significava que ele estava dando as cartas.
Já estava quase tirando o headset quando escutou passos se aproximando da impostora Ah-Lis. Seria o Sr. Cha novamente?
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Ah-Lis apagou a luz do abajur e ajeitou como pôde seu braço e pensava em adormecer logo quando escutou o ranger da sua porta se abrindo.
Acendeu o abajur e sorriu ao ver que era a mãe de Liz, Na Kyo.
– Trouxe um chá para ajudar a adormecer, Liz-Ah… – disse Na Kyo, entregando-lhe uma xícara.
– Ah… mãe, eu já tomei um chá, Tae Gun trouxe.
– Ah, querida, mas eu preparei esse chá com todo o carinho. Beba!
Meio sem graça, Ah-Lis bebericou para não se indispor com a mãe adotiva de sua irmã. Percebeu que estava com um gosto estranho.
– Coloquei um pouco de Xerez, é como gosta do seu chazinho, não é?
– Ah.. é! – falou Ah-Lis, imaginando que Liz preferia o chá com bebida alcoólica e virou a xícara de uma vez. – Obrigada, mãe! – disse ela, devolvendo a xícara.
Ah-Lis achou que Na Kyo sairia do quarto depois que ela tomasse o conteúdo da xícara, mas ela continuava no mesmo lugar, com um estranho brilho nos olhos.
Parecia que havia uma sombra sobre seu rosto e Ah-Lis não conseguiu deixar de sentir um arrepio cruzando seu corpo.
– Para alguém que conhece bem o gosto de Xerez, você caiu direitinho, a não ser que você… não seja LIZ-AH! – falou Na Kyo, mudando seu cordial e melodioso tom de voz para um chiado sibilante e grave.
– Mãe… eu… – Ah-Lis tentou pronunciar alguma coisa, mas percebeu que sua fala estava enrolada. O quarto começou a se mover como se estivesse drogada. Imediatamente, Ah-Lis olhou para a mão de Na Kyo, divisando a xícara. – O que t..tinha nes..sse cc..chá?
– Não se preocupe, filhinha… não vai doer… MUITO.
– T-tae G-gun… – Ah-Lis tentou gritar, mas sua voz simplesmente não saía. Tentou buscar forças de onde não tinha… tentou lembrar-se de Tae Gun e no bebê e no quanto os amava… Sim, ela os amava.
Eles eram sua família agora.
Por isso, lembrando dos olhos profundos do marido de sua irmã, a quem percebeu somente agora que amava ternamente, Ah-Lis concentrou toda a força que podia e a plenos pulmões, seu grito ecoou por toda a mansão:
– TAE GUNNNN!!!
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Park Hae Soo retirou da cabeça o headphone, sentindo um zumbido no ouvido.
– Que merda… ! – falou ele.
– Deu pra ouvir daqui, chefe…- falou Suk, apreensivo.
– Vai, vai!!! É agora! – gritou Park Hae Soo, esperando que sua audição pudesse retornar logo depois do grito amplificado de Ah-Lis. Havia ficado muito claro no audio, que Na Kyo havia dado um chá envenenado para ela. Aquilo era realmente uma surpresa.
Estava desconfiando de tudo e de todos, mas sua leve investigação sobre a mãe de Liz-Ah a havia descartado como suspeita. Agora precisava entender o que estava acontecendo naquela mansão e se Liz-Ah estava envolvida também.
Nem Suk, nem Lo Jung esperaram pelo chefe. Ambos saíram da Van e entraram nos jardins da mão com armas na mão.
Precavido, Park Hae Soo buscou o interfone do rádio e chamou pela Central:
– Central! – respondeu a telefonista do outro lado da rádio.
– Aqui é o Detetive Park Hae Soo, distintivo número 856243, solicito reforços na Avenida Ju Man Sik, na mansão Baek, copia?
– Positivo, Tenente Park Hae Soo! Solicito detalhes da emergência.
– Ainda não sabemos, mas um A03 (tentativa de homicídio) pode estar em andamento, copia?
– Positivo, Tenente, enviando viaturas.
Park Hae Soo desligava o rádio quando escutou dois tiros altos.
– Que merda é essa? – falou ele, saindo apressado da van, invadindo os arredores da mansão Trevor.
Ao passar pela guarita, entretanto, viu que o mesmo guarda que vira antes assistindo TV jazia agora morto no chão, com ferimento no peito consistente com uma bala.
Aquilo havia acontecido há mais tempo, não fora nenhum dos dois tiros que Park Hae Soo escutara pois o som havia vindo da mansão.
Além disso, quem matou o guarda parecia ter usado alguma arma com silenciador. E silenciadores significavam apenas uma coisa: profissionais.
Olhou ao redor para ver se conseguia enxergar Suk e Lo Jung.
Precavido, Park Hae Soo deu dois passos para trás e retornou a Van.
Certificou-se de ter trancado a porta da Van e passou a olhar para os monitores.
Três homens vestidos e encapuzados de preto estavam entrando na mansão pelo hall da frente e dois homens estavam mortos no mesmo hall, com tiros a queima roupa pelas costas: Lo Jung e Suk.
Os dois tinham sido atingidos após terem entrado na mansão. Aquilo tudo foi premeditado.
Talvez não soubessem da presença de Park Hae Soo vigiando a mansão e ele queria que continuassem assim até as viaturas chegarem.
Enquanto isso, tentava pensar sobre aquela situação. Havia lido o relatório do assalto que culminou na morte de Baek Ha Ri, pai adotivo de Liz-Ah: três homens que batiam com as supérfluas descrições de Han Kyo haviam entrado na casa.
Todos portavam armas, snipers e rifles de assalto profissionais. Agora, a situação parecia se repetir. Quem estivesse por trás de toda aquela cena só não podia pensar que havia olhos vigiando aquela ação.