Capítulo 17 – Vômito
Liz-Ah olhou para o relógio digital do velho carro de Kim Tae Hoon. Faltava apenas vinte e cinco minutos para a meia noite. Uma chuva fina havia começado a cair e agora engrossava.
Ela não prestava muita atenção na estrada, concentrada em seus próprios pensamentos. Por isso, teve que frear em seco quando percebeu que uma viatura de polícia fechava a estrada para a mansão Cha.
Desesperada ela saiu do carro, acenando como uma louca:
– Hei, hei!!! Tire a merda do carro da estrada, eu estou com pressa.
– Senhora, acalme-se! – falou o policial que aguardava atrás da viatura.
– Você sabe quem eu sou, seu idiota? Tire a merda da viatura da frente!
– Senhora Cha Baek Liz-Ah! – falou um outro policial saindo de uma Van estacionada atrás da viatura. – Eu sou o detetive Park Hae Soo, precisamos conversar.
– Será que dá pra tirar a viatura do caminho, preciso chegar até a minha casa. É urgente!
– Sei disso, Sra.Cha! – falou o Park Hae Soo. – Sei que sua mãe adotiva está com seu irmão, seu marido, seu filho e a babá de reféns e é por isso que a senhora precisa vir comigo.
– Sai da minha frente infeliz. Se eu não chegar na mansão até a meia noite ela vai matar meu irmão…
– Sim, sabemos disso. Tenho áudio e vídeo da situação. Há uma equipe especializada vindo para cá nesse momento e a mansão será invadida exatamente à meia-noite.
– Mas meu irmão vai morrer…!!! – replicou Liz-Ah, sentindo as lágrimas misturando-se a água da chuva.
– Se você for até a mansão, seu irmão, você e todos da casa irão morrer. Nossa única chance é a ação.
– Merda! Merda! Tá tudo dando errado! – falou Liz-Ah, andando em círculos, sem saber direito o que fazer.
– Tem mais, sra. Cha! Sua irmã, Kim Ah-Lis, não temos a confirmação visual, mas… acreditamos que ela está morta!
———————————
Se era a morte, Ah-Lis não sabia, mas sentia aquele torpor percorrendo seu corpo, mas concentrando-se em seu estomago.
Era ali onde estava o ponto crucial, a dor, o impulso e a contração.
E de repente, como se emergisse de um lago profundo, negro e enregelante, despertou do seu desmaio e no mesmo instante, uma golfada brotou de sua boca.
Ela vomitou sobre a colcha e os lençóis finos. Esgueirou-se para fora da cama e novamente lhe veio uma golfada de vôm incontrolavelmente no chão como se tivesse ácido no estomago.
Tentou levantar-se, mas não conseguiu. E agora seu peito reclamava com a respiração pesada.
Arrancou a tipoia do braço engessado e arrastando-se foi até o banheiro. O vômito surgiu novamente na privada.
O conteúdo misturava sangue e uma gosma esverdeada. Tentando recobrar a consciência e a respiração, Ah-Lis arrastou-se até a banheira e com esforço abriu a torneira e lavou a boca e seu rosto.
O contato da água ajudou-a a se recuperar um pouco.
Tentava lembrar-se do que havia acontecido.
Na Kyo, a mãe adotiva de Liz, havia atentado contra a sua vida.
E ela precisava alertar Tae Gun.
Tirando forças de onde não imaginava que tinha, Ah-Lis ficou de pé e tonteando, caminhou até a porta e saiu para o corredor.
A princípio, tinha a intenção de ir até o quarto de Tae Gun que ficava próximo da escada, mas como ouviu vozes lá de baixo, esgueirou-se pela parede até ter a vista da sala de estar.
Levou a mão a boca quando viu a cena: Tae Gun, Han Kyo, Eun-Na e o bebê estavam sob a ameaça de dois homens encapuzados além de Sun Doo Yo e Na Kyo.
– Ah, Deus do céu! – sussurrou Ah-Lis a si mesma. – Eu preciso salvá-los! Eu preciso salvá-los!
—————–
– A mim não parece que ela está morta, parece? – constatou Liz-Ah olhando o monitor, de dentro da van. Ela pôde ver quando Ah-Lis saiu do quarto e, em seguida, se esgueirou pelo corredor até ter a visão da sala de estar.
– Ah-Lis está viva! – falou Park Hae Soo, sorrindo e, ao mesmo tempo, preocupado.
Agora o que tinha a fazer era tentar mantê-la viva. Não sabia porque, mas sentia uma estranha simpatia por aquela pobre moça depois de saber de toda a sua história de vida.
Por isso, além de tentar salvar aquela família, Park Hae Soo sabia que precisava salvar Kim Ah-Lis.
Contudo, o tempo agora corria contra ele. Olhando para o relógio digital do sistema de segurança montado pelo falecido Suk, Park Hae Soo percebeu que faltava apenas quinze minutos para a meia noite.