Assim que Munis apareceu na porta, Anika e o engenheiro levantaram a cabeça. Anika imediatamente reconheceu seu velho amigo, ela tentou manter indiferença. Entretanto, adoraria abraçá-lo, ele sempre a defendeu, coisa que deixava Amir irritado.
Por Amir sofrer de uma grave doença no coração, não podia brincar como uma criança normal. Então, o seu primo, Munis era o mais chegado, por ser o mais novo dos primos. Ele visitava Amir praticamente todos os dias. O Senhor Raif e a esposa já haviam perdido um filho com esse mesmo problema. Portanto, Amir foi criado completamente isolado. Nas festas de família, ficavam pouco tempo, o suficiente para matar a saudade.
Como o esforço físico era um veneno para Amir, não deixavam o filho se enturmar com os primos mais velhos e maiores que ele. Desde que Munis começou a frequentar a mansão, sabia que seu primo era doente, e que ele deveria ter cuidado em não o machucá-lo. Durante muito tempo foi só os dois. Quando Munis entrou na escola, deixou de ver Amir todos os dias.
Então, o primo insistiu em entrar na escola também. Até o momento, Amir estudava em casa, seus professores não o graduavam, apenas ensinavam o necessário, dentro do limite que o próprio senhor Raif estabeleceu. O medo de perdeu Amir era grande, mas o filho, deixou até de comer para poder acompanhar Munis na escola. Depois de muita manha, chantagem e choro, o seu pai permitiu. Contudo, Amir foi matriculado no mesmo ano, e ficou na mesma sala do primo menor. Assim, o primo era praticamente uma espécie de vigia, enfermeiro e companheiro.
Para Amir, o Munis era seu único amigo, a pessoa com quem ele podia contar, pois ele era o seu confidente. Até aparecer Anika, que além de roubar a atenção de seu pai, roubava a atenção de Munis. Por essa razão, Anika era tão desprezada por ele.
Quando o senhor Taylan e a senhora Esmeray, visitaram pela primeira vez o Senhor Raif. Anika foi bem recebida por Amir, eles brincaram com jogos lúdicos, pois Amir não podia correr no espaçoso jardim de sua mansão. Anika gostou muito do rapaz calmo e atencioso. Entretanto, ele só estava sendo educado, e aproveitando a companhia dela, já que eram férias escolar e Munis havia viajado com a família.
Anika era uma criança com muita energia e encantava todos a sua volta. Teimosa, feito mula, como a sua tia. Birrenta, implacável e pronta para briga. Foi assim que aprendeu, com o tempo que ficou aos cuidados da sua tia, na sua cidade natal. Entretanto, tinha um lado diplomático, atencioso e carismático.
Desde que conheceu Amir, ficou preocupada com ele, pois era magro, pálido e vagaroso. Ela, não entendia muito sobre a sua doença no começo. Mesmo assim, seu senso de solidariedade, fez querer ajudá-lo.
Entretanto, ela não sabia como agradá-lo, pois Amir tinha tudo que seu pai permitia ter, todos os brinquedos que não prejudicasse o seu coração e o mantivesse seguro. Mas, eram as brincadeiras simples que ele gostava.
Adorava soltar pipa, coisa que Munis fazia para ele. Mas, quando Anika estava na mansão, ela e Munis, corriam animados pelo jardim, com suas pipas, esquecendo de Amir banco. O riso dela era irritante. A euforia dos dois, dava nos nervos. Pedindo para seu pai, barrar a entrada dela na mansão.
Amir já era adolescente, contudo agia como criança, o senhor Raif, percebeu o seu erro na criação do filho. Ambos estavam sofrendo com a morte da senhora Eloá Keskin. Enquanto, o Senhor Raif achou no senhor Taylan, o apoio necessário para suportar a falta da esposa, seu filho, pelo contrário, queria afastar todos.
O pai temendo uma crise de depressão, pela qual a esposa passou, após ter perdido o primeiro filho. Achou que a menina, com tanta energia e alegria, poderia ajudar com o isolamento de Amir.
Munis, sorriu e pergunta.
— Bom dia! Quem é essa Jovem Senhor Kurt? / demonstrou total desconhecimento.
— Bom dia, senhor Munis! Provavelmente, o senhor Amir tenha lhe comunicado sobre os novos estagiários. Essa é a senhorita Enir Melissa Aydin, ela faz parte da equipe dos novos estagiários. / explicou o engenheiro.
— Prazer em conhecê-la, sou o vice-presidente, o Sr.Munis Keskin Ceylan. / se apresentou animado.
— Prazer em conhecê-lo, senhor vice-presidente. / ela cumprimente cordialmente.
— Senhor Kurt, o Amir quer falar com o senhor, ele me pediu para avisá-lo, assim que o visse. / comenta Munis, parecendo estar preocupado.
— Com certeza é devido ao projeto do Shopping, estamos atrasados na entrega. / fala se dirigindo ao Munis, ele pega sua agenda, e depois fala com Anika.
— Senhorita Enir, continue os cálculos, temos que revisar todos até amanhã. Falarei com o presidente e vou pedir mais um tempo. / assim que falou com ela, pediu licença. Munis, que ainda estava parado na porta, entrou na sala, ficando na frente de Anika, que estava do outro lado da mesa.
Anika voltou a fazer o seu serviço. Entretanto, a presença de Munis estava lhe incomodando.
— O Sr. quer alguma coisa?/ ela pergunta um pouco constrangida.
— Pode continua o seu trabalho, só estou fiscalizando. Esse projeto é muito importante, não pode haver erros. E precisamos entregar nossa proposta antes do concorrente./ explica Munis, dando uma desculpa.
— Já fui informada sobre isso, estou refazendo os cálculos, minha revisão é supervisionada pelo senhor Kurt. Nada do que faço passa sem a aprovação dele. / ela tenta tranquilizá-lo. Era uma maneira de se livrar dele.
— Tudo bem! Mas, continua a revisão./ ele notou que a jovem, com a mão esquerda fechada, cravava a unha do dedão, no seu dedo indicador. Parecia que sua presença a incomodava. Ele se afastou um pouco, a observando atento.
— Posso lhe fazer uma pergunta, um pouco direta? / pergunta munis se sentando.
— Hunhun, sim. / ela respondeu concentrada no cálculo.
— Você é a Anika? / pergunta Munis, ainda duvidado da identidade da estagiária.
— O Senhor Kurt acabou de me apresentar ao senhor. Meu nome é Enir Melissa Aydin, meu nome não é Anika. / falou olhando para ele, como quem estivesse confusa, não acreditando no que ouviu.
— Desculpa, mas você se parece muito com ela! Por acaso, tem uma irmã, prima, alguma parente com esse nome? / nesse momento, Anika juntos as mãos em cima da mesa, próxima ao corpo. E era visível que, com o dedão da mão direita, tentava lascar pedaços de pele da mão esquerda. Mesmo estando medicada, sua ansiedade e tensão estavam em evidência.
— Sou filha única, minha mãe também! Então, da parte dela não tenho primos. Já da parte do meu pai, tenho um tio e três tias. Conheço todos os meus primos e primas, e nenhuma das minhas primas se chama Anika.
— Desculpe, só perguntei porque você me fez lembrar da minha ex-namorada Anika Bellinay Simsek, que faz tempo que não a vejo. / comentou Munis, em uma última jogada, tentando provocar uma reação. A verdadeira Anika não suportava ouvir que ela, era sua namorada. Sempre que perguntavam quem era a garota que estava grudada neles. Amir dizia que era uma zé-ninguém, Entretanto Munis retificava.” É minha namorada”. Isso fazia Anika ficar furiosa ao ponto de dar socos em seu ombro.
Anika teve vontade de rir. Agora, isso para ela era uma piada. Contudo, ficou séria e falou como quem estivesse acreditando.
— Nossa! Ela deve ter sido muito importante para o senhor, terminaram o namoro por quê? Devido ao, ciúmes? / tentou mostrar que ela estava sabendo, das fofocas que corriam há dois anos sobre uma estagiária.
— Não pense que estou te cantando! O que falei é verdade! Eu tive uma namorada chamada Anika! Eu não namoraria você, só porque se parece com ela! / ele, percebeu que a jovem estava nervosa, e sua mão tinha marcas de ferimentos. Provavelmente, feitos por ela mesma. Em relação, ao comentário sobre Anika, ela estava sendo sincera. Entretanto, ficou irritado por ela julgar ele leviano.
Muitas fofocas surgiram sobre ele e uma ex-estagiária. A jovem, que se apaixonou por ele, fez comentários maldosos. Ela fingiu estar passando mal, num dia que ele ficou até mais tarde no escritório. Essa estagiaria, filmou tudo. Ele a levando do escritório até o hospital. Contudo, fez uma montagem com cenas e áudio, que parecia que ele estava tentado se aproveitar dela. Primeiro ela, quis fazer ele se casar com ela. Nesse ano Munis, namorava uma pretendente que as famílias arranjaram o casamento.
Com essa confusão, o namoro foi desfeito. Como Munis entrou com recursos para provar sua inocência. A Jovem pediu dinheiro, que lhe foi negado, e recebeu a demissão. Entretanto, a fofoca continuou. Pois a maioria passou acreditar, que por ele ter dinheiro, conseguiu se livrar das acusações.
— Que bom ouvir isso! Eu também não namoraria o senhor, sabendo que eu lembro a sua ex-namorada. Nunca namoraria alguém, que namoraria comigo para se lembrar de outra. Posso me parecer com essa Anika. Entretanto, não sou a sua ex-namorada. / falou ela convicta.
— Nem eu, queria que fosse! / retrucou Munis irritado com a estagiária, com certeza ela pensava que ele era um pervertido.
Munis se levantou, e saiu fechando a porta com força. Uma atitude estranha, pois Munis não era de se irritar facilmente. Anika desconfiava que todo o comentário, que ela ouviu sobre ele era falso. Ali, estava a prova de que ele foi acusado injustamente.