Capítulo 16 – A relíquia
– É aqui? – perguntou Yumi quando o carro parou. Parece que Joon Ki adorava casebres, pois aquele era outro. Na verdade, eram duas casas pequenas de pedra rústica ao pé de uma bonita cordilheira. Por conta da altitude, estava muito frio lá fora. Não imaginava como aquele lugar poderia ser o tal Mercado Ancião, pois não havia uma viva alma ali e os casebres pareciam abandonados.
– Sim, é aqui. – respondeu Dada, meio emburrada. – Por que eu tive que vir junto, hein? Você sabe o quanto eu odeio aquela velha!
– Vista esse capuz. – falou Joon Ki, colocando sobre os ombros de Yumi uma capa comprida e negra com capuz. Depois, ele ergueu as abas sobre sua cabeça e ajeitou seus cabelos delicadamente. Foi quase romântico, pensou Yumi, sentindo o calor dos hábeis dedos de Joon Ki tocando em seus ombros e em seus cabelos – Mantenha a cabeça abaixada e não saia de perto de mim. Se perceber que alguém está te observando mais atentamente, puxe minha mão, ok?
Joon Ki parecia mais preocupado do que o normal.
Yumi obedeceu, agradecendo pelo calor do capuz ao saírem do carro, pois uma brisa gelada bateu contra seu rosto. Aquele lugar parecia não pertencer a Coreia, mas Yumi não perguntou nada. Magia era algo novo para ela.
Eles subiram uma pequena ladeira e então Joon Ki deu três batidas contra a porta de madeira envelhecida do casebre.
– A senha? – falou uma voz gutural e mostrenga vinda de dentro da casa.
– Hananim! – respondeu Joon Ki, em voz alta.
– Hananim é o deus mais antigo da mitologia coreana. – explicou Dadá, com um leve sorriso no rosto – Na Ri não gosta de ser lembrada de que é um ser antigo, mas seus servos parecem gostar dessa ideia…
– Servos? – perguntou Yumi curiosa.
– Ao longo dos séculos, muitas pessoas adquiriram dívidas com Na Ri, por comprarem relíquias. Ela faz você assinar um contrato e, se não puder pagar, terá que servir Na Ri por alguns anos até quitar toda sua dívida. – esclareceu Dadá – Então, tome muito cuidado com os contratos que Na Ri der pra você!
– Isso parece muito cruel.
– Na Ri é cruel – concluiu Joon Ki.
Quando a porta se abriu, Yumi ficou boquiaberta. Imaginou que iria encontrar o interior de um casebre, mas uma cidade inteira se abriu a sua frente por magia. Havia uma rua principal e várias vielas. E havia barracas e casas em estilo coreano antigo por todo o lugar.
Embora ainda estivesse claro ali fora, lá dentro, era noite. Havia lanternas por todo o lado, o que iluminava o lugar e dava um aspecto belíssimo.
As pessoas que ali transitavam usavam roupas antigas como se ainda estivessem na época de Joseon ou no início do século XX.
– Fique perto de mim – disse Joon Ki, quando eles finalmente entraram.
Yumi olhou para trás, para ver a porta por onde entraram. A porta ainda mostrava o mundo lá fora onde ainda era dia, mas não havia paredes que a segurassem. Além dela, havia mais 4 portas separadas por quase um metro, sem nenhuma parede para sustentá-las.
– Existem 5 portais para o Mercado Ancião. Um na Europa. Dois na América, um na Ásia e um na Oceania. – explicou Joon Ki, ao ver o que ela observava. – Mantenha sua cabeça baixa, Yumi, por favor… não deixe que ninguém a veja.
Yumi tentou fazer isso, mas era muito difícil. Tudo ali era tão maravilhoso, estranho e até assustador que ela simplesmente não conseguia tirar os olhos.
Um grupo de uns 10 homens passaram por eles. Eles estavam vestidos como ninjas japoneses, com roupas negras e faixas cobrindo a boca, mas seus olhos estavam à mostra e eram negros e vazios.
Yumi soube que eram demônios no mesmo instante, pois sentiu todo o seu ser emanar uma estranha vibração.
Se estivesse em um lugar aquecido com a luz do sol, talvez se iluminasse como fez no apartamento do Promotor.
Quando outro demônio, esse com o rosto totalmente desfigurado, como se tivesse sido queimado, olhou para ela com curiosidade, Joon Ki, segurou sua mão e a puxou para si, abraçando-a.
Normalmente, Yumi se desvencilharia e se afastaria, mas resolveu aceitar aquele abraço protetor. Sentir o calor do corpo de Joon Ki contra o seu, dava-lhe uma sensação de acolhimento que tivera poucas vezes em sua vida.
Por isso, encolheu-se em seus braços e recostou o rosto em seus ombros largos.
Ele mal a olhava. Desde que ela fugira, ele vinha lhe evitando.
No início, achava que isso seria uma coisa boa, pois sentia-se assustada perto dele. Entretanto, essa distância, por alguma razão que ela não podia explicar, a irritava.
Ele parecia estar decepcionado com ela. E ela, não podia evitar sentir-se assim.
Era difícil para ela aceitar que existia um mundo fantástico e assustador do qual agora ela fazia parte. Mas estava realmente tentando entender e aceitar.
Depois de entrarem em algumas esquinas nas vielas e passar por uma ponte arqueada, os três entraram em uma bela mansão antiga.
Tiraram os sapatos e subiram em um alpendre, mas antes que pudessem entrar na casa, um homem descomunalmente alto os impediu.
Ele era negro e tinha as órbitas dos olhos esbranquiçadas como se fosse cego, mas se guiava como se enxergasse.
Ele era muito musculoso e apesar do frio, vestia apenas uma tanga deixando todo o corpo tatuado com uma tinta dourada à mostra. Era careca e o rosto era todo coberto com estranhas tatuagens também.
– Temos uma audiência com Na Ri, a anciã. – falou Dadá.
O homem colocou a mão no peito de Dadá, mas quando foi fazer o mesmo com Yumi, esta deu um passo para trás.
– Calma, Yumi. Ele é um leitor. Ele vai ler suas intenções. – explicou Joon Ki, ainda segurando sua mão – Se tiver a intenção de machucar Na Ri, ele te impedirá. Mas como não é essa a sua intenção, ele deve deixar você passar.
Ainda hesitante, Yumi deu um passo para frente e permitiu que aquele homem estranho tocasse a mão onde ficava seu coração. Ela sentiu uma forte sensação de calor por alguns segundos, mas depois o homem retirou a mão.
– A arcana! Perdoe-me, minha senhora… não a reconheci – disse o homem ajoelhando-se diante dela. Mesmo ajoelhado, ele ainda era maior do que ela.
– Levante-se, leitor, temos urgência em falar com a anciã. – ordenou Joon Ki.
– É claro! – disse o homem e, levantando-se, foi até uma grande porta e a abriu convidando-os a entrar. Interessante era que o Leitor não quis colocar a mão no coração de Joon Ki. Por que havia essa distinção?
Os três entraram por um longo corredor escuro, mas no final, havia uma sala iluminada. Uma mulher sentava-se (ajoelhada) atrás de uma mesinha pequena onde haviam estranhos objetos.
Yumi também se ajoelhou no meio de Dada e Joon Ki, enquanto a mulher começou a bater num estranho cálice, produzindo sons metálicos.
Para quem era uma anciã, a aparência era de uma bela jovem europeia na casa de seus trinta anos. Nem uma ruga para indicar os séculos de sua existência. Os cabelos ruivos caiam em cachos, cobrindo-lhe o peito. Vestia uma túnica belíssima do tempo da europa medieval. Ali, naquela sala, parece que o tempo havia parado.
Ela mantinha os olhos fechados, mas Yumi tinha certeza de que ela sabia que eles estavam aqui. Ela emanava uma estranha energia, que Yumi identificou na hora. Seus pelos se eriçaram. Parte dela quis fugir, parte dela, quis abraçar aquela estranha mulher a sua frente.
Entre uma coisa e outra, não fez nada; a não ser observá-la com muita cautela.
– Trazer a Arcana aqui é muito perigoso. – esbravejou a mulher, abrindo os olhos.
Seus olhos eram azuis brilhantes como os de Dadá.
– Era necessário! – respondeu Joon Ki, simplesmente – Precisamos de uma relíquia para ela.
– A Arcana é a relíquia.
Joon Ki franziu o cenho sem perceber.
– Todas as arcanas anteriores eram relíquias sem alma. Um cálice, um quadro, um punhal, um colar… Todas as relíquias não tinham alma, apenas a energia capaz de destruir o que é mal.
– O que isso quer dizer? – perguntou Joon Ki.
– Talvez eu não seja a Arcana então ! – concluiu Yumi, esperançosa.
– Você é a ARCANA! Eu tive você em minhas mãos no passado, na forma de uma espada letal e poderosa, sedenta pelo sangue dos demônios. Dessa vez, você surgiu na forma humana. Numa forma frágil e débil, numa forma com alma…
– Ei! Frágil, eu admito, mas não sou débil.
– Eu não sabia que as outra arcanas tinham sido objetos. Eu sempre imaginei que eram pessoas. A lenda que se conta…
– A lenda foi passada dessa forma, para que os demônios procurem pessoas e não objetos. – declarou Na Ri, com cara de poucos amigos para Joon Ki. Yumi percebeu que eles já haviam se desentendido no passado.
– Então porque Yumi é uma arcana, Na Ri? Porque a Arcana veio em forma humana dessa vez? – perguntou ele, tão mal-humorado como Na Ri. Os dois apenas se suportavam, embora Yumi não soubesse nada sobre a relação deles, sabia que havia alguma indisposição ali.
– Porque é a última arcana. Há uma profecia muito antiga. – Disse ela, levantando-se. Atrás dela, havia uma estante com milhões de papiros antigos. Ela retirou um deles e abriu o rolo na frente deles. – Aqui:
“Quando a última arcana enfim vier
Uma alma a envolverá.
Nada poderá enfim viver
Se a alma no dia final se destroçar…”
– Parece o apocalipse. – refletiu Joon Ki.
– Algo do tipo. – respondeu Na Ri.
– E quanto a outra profecia? Aquela que diz: “Quando outra arcana nascer nesse mundo, os dias estão contados.” Achei que tinha sido a arcana quem fez essa profecia, mas como uma espada pode falar?
– Não foi a Arcana-espada… fui eu. Eu sempre tive o dom de ver o futuro. Quando a Arcana-espada virou pó em minhas mãos, eu tive essa visão.
– Por que você não revelou que foi você? Por que não revelou que última Arcana era uma espada? – vociferou Joon Ki.
– Eu não podia. Cada vez que uma arcana surgiu no passado, uma bruxa ou bruxo recebe o dom de manipular a Arcana para lutar contra o mal. Mas o bruxo não pode revelar nada. É como um ritual. Quando eu lutava, a espada brilhava tão intensamente que eu parecia ser outra pessoa, por isso, as pessoas diziam que eu era uma pessoa e a Arcana era outra.
– E por que disseram que você traiu a Arcana? – perguntou Dadá, até então, calada. Na Ri olhou para Dadá com uma espécie de carinho.
Havia alguma coisa ali, entre elas, também.
– Porque eu traí a Arcana, minha querida Dadá. Eu caí em batalha contra um demônio poderoso. Meus homens todos morreram e quando o demônio foi me matar, eu larguei a espada e implorei para que ele salvasse minha vida. Então, a espada explodiu e todos os demônios viraram pó quando a luz da explosão os atingiu.
Na Ri respirou fundo. Parecia uma lembrança muito dolorosa.
– Somente eu sobrevivi. – respondeu ela, amargamente, continuando a história. – Quando eu fui segurar novamente minha espada, ela se dissolveu. Mas, antes disso, ela queimou minha mão, para me mostrar que eu não era mais digna. Você fez isso comigo!
Na Ri mostrou uma estranha marca de queimadura na mão direita. Yumi franziu o cenho, sem saber direito o que pensar. Ela foi um objeto no passado? E agora, era uma pessoa? Como assim?
– Anos depois, percebi que não envelhecia. – continuou a anciã – Fui amaldiçoada por ter abandonado a Arcana e a causa no último instante. Eu vi meu futuro e sei que só vou morrer quando a nova Arcana explodir. Então, serei varrida da face da terra, para vagar pelo submundo. Jamais terei a chance de alcançar os reinos superiores.
– Ah… então existe um céu? – perguntou Yumi, infantilmente, sem se dar conta do peso daquelas informações. Ou talvez não quisesse se dar conta, pois não havia gostado da frase em que a nova Arcana “explode”.
– Mas não é só isso. – reiterou Na Ri, ignorando-a – O diabo surgiu. O príncipe das trevas finalmente se encarnou para destruir a Arcana. Se ele destruir a Arcana antes que ela libere seu poder, não haverá mais nada que possa impedir o reinado das trevas nessa dimensão, será que vocês podem entender isso? Porque o destino de todo o mundo está sobre os ombros de vocês, nesse instante.
Yumi sentiu um embrulho no estômago.
Não sabia o que era pior para ela: explodir ou ser destruída pelo próprio diabo.
– Acho que sei quem é o diabo… – declarou Joon Ki e Yumi sabia que ele falava do promotor. – Como podemos fazer para derrotá-lo sem uma relíquia?
– Eu já lhe disse: a Arcana é a relíquia. – insistiu a anciã, como se fosse algo óbvio.
– Eu posso conjurar fogo em minhas mãos – falou Yumi, querendo participar da conversa.
– Ela é sempre assim, tola? – perguntou Na Ri.
– Ei…!
– Yumi está resistindo para aceitar o seu destino. O que é bastante aceitável. Saber que você irá morrer em batalha, ganhando ou perdendo, não é algo agradável. – Joon Ki disse, irritado com Na Ri. – Até mesmo você caiu em batalha, que dirá uma menina ingênua que foi uma garçonete toda a vida, sem saber quem ou o que ela era…? Então dê um tempo a ela.
Yumi olhou com carinho para Joon Ki. Era exatamente como ela se sentia. Parecia que finalmente ele a entendia.
– Ela…e só ela sabe como liberar o poder. – explicou Na Ri, sem se afetar com o que Joon Ki falara – Se ela estiver entre a vida e a morte, ela o fará instintivamente. Mas desta vez, será diferente.
– Como assim? – perguntou Joon Ki.
– Quando uma Arcana explodia, somente os demônios e criaturas infernais eram destruídas pelo seu poder. Entretanto, desta vez, o poder dela será tão forte e tão poderoso que ela poderá destruir TUDO o que existe, absolutamente TUDO e TODOS.
– Isso não é bom… – falou Yumi, absorta.
– Não, é por isso que você precisa evitar cair em batalha. Se você estiver entre a vida e a morte, acabará liberando o seu poder. Isso quer dizer que você acabará destruindo todo o planeta. Foi essa a visão que tive: vi uma grande bola de fogo que explode consumindo tudo. Em seguida, o planeta acaba explodindo também. Então, tome cuidado. O futuro do planeta está em suas mãos.
– Eu não me sinto muito bem – disse Yumi, pálida, sentindo que o conteúdo do café estava retornando a garganta. – Preciso muito usar o toilette!
– Terceira porta à esquerda. – replicou Na Ri, insensivelmente.
Yumi saiu correndo daquela sala sufocante pelo corredor escuro. Saiu apalpando a parede até encontrar o trinco da terceira ponta e a abriu.
Assim que abriu a porta, sentiu que iria vomitar, não havia muito o que fazer. Sentia todo o seu estômago se contorcendo.
Usou um enxaguante que havia sobre a pia para lavar sua boca e usou os dedos para escovar os dentes. Ao olhar-se no espelho, teve um sobressalto. Parecia que ela estava a dias sem dormir. Olheiras escuras, o cabelo opaco, a pele extremamente pálida.
“O futuro do planeta está em suas mãos”, escutava a voz de Na Ri reboando em sua cabeça e teve que fazer um esforço para não vomitar novamente.
Por que tudo aquilo estava acontecendo com ela? Por que residia sobre os seus ombros tamanha responsabilidade? Ela, que sempre quis uma vida tranquila, que nunca foi ambiciosa ou mesmo brilhante.
Sempre foi uma aluna regular, uma funcionária regular, uma vida regular. Agora, de repente, todo o planeta dependia do poder que ela mal conseguia controlar.
E ainda, ela teria que enfrentar o próprio diabo! O próprio diabo? Quem era ela? Uma guerreira, uma santa, uma bruxa?
Ela nunca pisara em uma Igreja para início de conversa. Sabia dessas histórias apenas pelos filmes estrangeiros. Sua vida agora parecia ser um grande filme de terror de onde ela não conseguia escapar.
– Existe uma forma de você controlar isso… Ter acesso a todo o seu poder, sem precisar explodir com violência. – Falou Na Ri, assim que Yumi retornou à sala. Ela estava lendo outro papiro – Aqui diz que se a Arcana estiver em duas almas, seu poder se expandirá, mas não será fatal. Essa foi uma profecia de uma bruxa muito antes de mim. Quando houve outra Arcana.
– Como assim, o que diz? – perguntou Joon Ki, segurando a mão de Yumi assim que ela se ajoelhou, como se lhe desse força pelo que ela ouvira. Viu o polegar dele, fazendo uma pequena carícia nas costas de sua mão e sentiu um grande afeto por ele, naquele momento. NaRi e Dadá não se importavam com ela. Pelo menos, não como ele.
– Pelo que está escrito, a Arcana anterior à Arcana-espada era um cálice. Foi feito um ritual: o cálice foi derretido e o ouro foi cunhado no braço de duas pessoas diferentes. Foi um ritual extremamente doloroso, mas os dois bruxos que tiveram os braços envoltos com o ouro do cálice-Arcana conseguiram força sobrenatural, pois passaram a ser relíquias, eles mesmos. Depois disso, conseguiram derrotar um grande exército de demônios. Quando eles venceram o exército, o ouro se dissipou. Os dois bruxos tiveram os braços dissolvidos, mas ainda assim sobreviveram.
– Ai, meu Deus… você não está pensando em me derreter, não é? – perguntou Yumi assustada.
– Não, garota tola, mas pense: de que forma a Arcana pode residir em outra pessoa além de você.
– É possível repartir o poder da Arcana? Eu me ofereço para isso! Se houver um ritual, eu me ofereço! Dou meu corpo inteiro se pudermos conseguir isso! – colocou Joon Ki, rapidamente.
– Não, Joon Ki! – reclamou Dadá – Eu só tenho você… não posso te perder.
– Dadá… nós sabíamos o que nos aguardava. Desde a infância, já sabíamos que nossas vidas estavam destinadas a encontrar a nova Arcana.
– Mas daí a se sacrificar por ela….? – respondeu Dadá. – Não estou preparada para te perder. Vamos aqui comprar uma relíquia… só isso…
– Nós dois precisamos oferecer nossas vidas pela Arcana. É o nosso DEVER! – replicou Joon Ki, ainda segurando a mão de Yumi.
– Na verdade, eu tenho uma teoria, mas não sei se vocês irão gostar dela.- falou Na Ri, com uma voz melindrosa.
– Que teoria?
– De que forma duas pessoas podem se tornar uma só? – disse a mulher, com um sorriso sensual – A garota é virgem, não é?
– Na Ri… eu não acredito. Não é primeira vez que você me faz transar com uma pessoa por causa de um ritual. – replicou Joon Ki – Da outra vez, você disse que se eu ficasse com você, eu teria uma visão de onde a Arcana poderia estar, então, você não vai me enganar de novo.
– Dessa vez é diferente! Não é comigo que você terá que fazer amor, é com ela! – disse a Anciã, apontando para Yumi.
– O que? Não! Eu não vou fazer isso, me recuso. – falou Yumi, prontamente.
– Garota tola, apenas escute. Uma vez que você veio como humana, seu corpo precisa obedecer às regras da humanidade. Se você se unir a um homem, através de um ritual, parte do poder que existe em você, pode ser transferido para ele. E juntos, é possível que vocês possam vencer, sem que precisem morrer ou explodir para isso. Pois a relíquia pode se dividir.
– Talvez faça sentido! – falou Joon Ki. – Eu não me importo em fazer isso, se você concordar. Mas você precisa concordar. Acho até que precisamos fazer tudo corretamente. Precisamos fazer um ritual xamânico de casamento. Para que nossa relação seja aceita como uma união verdadeira. Isso pode ser a sua única saída Yumi. A NOSSA SAÍDA. Pense sobre isso!