Capítulo 24 – O hotel
Jun estava desfazendo a mala, quando o primo entrou no seu quarto, mostrando no celular, e comentando sobre o calendário lunar.
— Segunda-feira vai ser o primeiro dia da lua nova. Então, onde está a bandeira e a almofada que lhe pedi?
— Você pensa que foi fácil achar uma bandeira da Coreia aqui? – reclamou Jun – Depois que encontrei, falaram ter outros lugares mais perto do hotel, onde eu poderia encontrar. Só corri à toa!
Jun tira de uma sacola branca a bandeira de seu país. Em seguida, Goon pegou e foi circulando pelo quarto, procurando um lugar para pendurá-la.
— Aqui! Bem aqui mesmo! Dê um jeito de prendê-la aqui!
— Por que vai prender essa bandeira, bem em cima da cabeceira da minha cama?
— Porque é um lugar bem estratégico! Quando eu tiver que encarar a feiosa, e ficar com medo, crio coragem olhando para o símbolo do nosso país! – explicou Goon, debochado – Tenho que fazer o esforço, para voltar curado. A mulherada da Coreia está me esperando! Só estou pensado em voltar, para frequentar as casas noturnas!
— Como assim! No meu quarto!? Você deve pendurar no seu! – replicou Jun, sem entender as loucuras do primo.
— Você está sonhando!? Pensa que vou fazer o que tenho que fazer com aquela monstrenga na minha cama?! Claro que não sou louco de contaminar o ambiente que estou dormindo com as lembranças daquela figura! Pretendo dormir em paz. – Jun fica irritado.
— No meu quarto não! Não vou deixar! Além disso, tem outros quartos na casa!
— Esse é o mais próximo da sala! E o mais longe possível do meu quarto. Daqui ela já segue para porta da saída e não contamina a casa toda, com aquele perfume barato que ela usa! – falou Goon, fazendo todos os cálculos – Deus me livre! Que perfume mais desagradável! Será que seria muita ofensa, se eu mandasse ela tomar um banho primeiro?
— Eu não estou te conhecendo?! Você nunca foi tão cruel desse jeito!? Porque fala tanto mal dessa mulher? Ela não é o monstro que você descreve! Tem um voz meiga. Um sorriso simpático. E não é feiosa! Por que implica com ela? – reclamou Jun.
— Pode não ser feiosa para você! Mas mesmo assim, tem algo nela que me atormenta! Não sei o que é! Mas ela me irrita, só de olhar!
— Se vocês vão ficar aqui? Onde é que eu fico? – perguntou Jun, percebendo que iria sobrar para ele, como sempre.
— Você mesmo disse que têm outros quartos na casa! Vai para um deles!
— Não vou, não!
— Fica então! Mas não sei quanto tempo vou levar para criar coragem, e ir aos finalmente com a sua senhora simpática! Então, pode passar da meia-noite! Aí! Vai dormir na sala enquanto isso?
O homem deu um muxoxo e ficou com a cara emburrada, feito criança pequena. Goon repreende o primo.
— Não precisa fazer essa cara! Eu te avisei! Muda agora de quarto. Mas não ao lado do meu. Você ronca alto!
— Como você não fizesse o mesmo!
— Eu nunca ronquei! – confirma Goon.
— Porque você acha, que depois da França, eu quis quartos separados?! – explicou Jun, revoltado.
— Fui eu que não aguentei o seu ronco!
Jun não fez questão de continuar a discussão, pois sabia que Goon nunca admitiria esse defeito. Então colocou tudo de volta na mala, que acabara de desfazer e pegou as outras duas malas que estavam no canto do quarto, e começou juntar as suas coisas.
— Não esqueça da almofada!
— Não consegui a almofada. Só uma camiseta! Que ainda pedi para estampar!
— Dá-me então!
— O que vai fazer com ela?
— O mesmo que vou fazer com a bandeira! Colocar aqui na cama! É para me dar ânimo. Se olhar para a imagem da Jin Ah-reum, a atriz que eu acho mais bela de todas. Talvez posso me sacrificar por essas 7 noites! Só para vê-la de novo, eu em perfeito estado!
— Como ela fosse te dar bola!? Ela está namorando Nam Goon Min. Você só se deu bem no início da carreira, por ser parecido com ele!
— Ele é que se parece comigo! Eu sou mais velho 2 anos! Apesar de parecer mais novo! O pior de tudo é que temos o mesmo nome! – fez cara de desagrado.
— Mesmo assim ela preferiu ele, sendo um grande ator. Em vez de um simples coadjuvante!
— Está com raiva que estou te expulsando do quarto!? Para remexer o meu passado?!
— Ah! Fico feliz que reconheceu que está me expulsando! Já é grande coisa! Pega aqui a camiseta da sua venerável musa! – estendeu a mão e entregou uma camiseta branca, com a estampa do rosto da atriz Jin Ah-reum.
Goon pegou a camiseta e colocou em um travesseiro. Jun correu e quis pegar o seu travesseiro, mas o primo arrancou de sua mão. Desanimado Jun saiu do quarto carregando duas malas. Quando voltou para pegar o restante, Goon não estava mais naquele ambiente. Então Jun fez a troca dos travesseiros. Pegando o seu e levando consigo para o outro quarto.
Com a desculpa de que iriam trabalhar em um festival, as amigas se preparam com bolsas de maquiagem, chapinhas, secador de cabelo e tudo que era necessário, para convencer a vigilante da janela, a irmã de Íris.
Colocando tudo no porta malas, e antes de entrarem no carro a fofoqueira pergunta.
— Estão indo tão cedo? O festival não começa só às 8 horas!?
— Eu não sou o the flash! Você sabe quantas pessoas tenho que arrumar essa noite?
— Vai demorar pelo visto!?
— Além da saída! Por acaso, vai vigiar a hora da volta?
— Claro que não! Mas, você sabe que tenho sono leve! Qualquer barulho eu acordo!
— Vou tentar ser silenciosa, o máximo possível! Tchau!
Depois disso, Íris entra no carro e abre a porta por dentro para Irene entrar. A amiga percebe que Íris está mal-humorada.
— Porque tem que me tirar a paz!? É sempre assim! – reclamou Íris da irmã – Não posso dar um peido, que ela já vem cheirar!
— Deixa de esquentar a cabeça! No hotel pode ficar relaxando! – falou Irene para melhorar o humor de Íris – Pode até conhecer uns caras novos! Pode ir para o bar. Nada de encher a cara! Mas, pode fazer amizade com pessoas de fora! O hotel está cheio por causa do festival! Lembra que a conta, quem vai pagar é o senhor Choi!
— Tem piscina no hotel?!
— Com esse frio! Você quer tomar banho de piscina?
— Pode ter piscina térmica!
— Não sei! Quando chegarmos, verificamos!
O Hotel não era grande coisa, mas pelo menos tinha Wi-Fi, TV a cabo e frigobar. Por outro lado, a sala de jogos era um cubículo, que cabia apenas um pebolim e uma mesa de sinuca.
Havia pessoas vestidas de maneira muito extravagante e esquisita. A maioria com sotaque de outros Estados do Brasil. Assim, não sabiam falar baixo. E a cada saída de um ônibus, era uma gritaria na porta do hotel.
Em seguida, elas chegaram e verificaram o ambiente. Nada de luxo como esperavam. Então foram para o quarto, pois Irene precisava estar pronta até as 19 h, quando o senhor Kim viria lhe buscar. Ao verificar o quarto, Íris reclamou.
— Esse senhor Goon é um mão de vaca! Poderia ter escolhido um hotel melhor!
— O seu secretário avisou que foi difícil consegui um hotel. Por causa do festival, os melhores já estão lotados!
— Vamos começar te arrumar! Quando você sair eu fico assistindo filme! Vou esvaziar o frigobar! Só de sacanagem!
— É! Você fica aqui no bem-bom! Enquanto eu vou ter que … – não sabia como completar a frase. Mas a amiga completou.
— Tirar o atrasado! Você sim, vai se divertir! E eu fico aqui chupando o dedo!
Depois do banho, Íris arrumou o cabelo de Irene, prendendo algumas mechas e deixando os cachos caídos no ombro.
Irene usava uma blusa de crepe amassado na cor carmim, com mangas compridas e uma calça jeans azul-escuro. Para completar, usava botina emprestada de Íris.
Não deixou a amiga carregar na maquiagem. E as 19 h desceu para se encontrar com o motorista.
Deu graças a Deus, que na saída não tinha quase ninguém no hall do hotel! Íris a acompanhou até o carro.
O Senhor Kim estava fora do carro lhe esperando. Em seguida, viu Irene sair do elevador e seguir de passos lentos, conversando com a amiga ao seu lado. Um sorriso tímido e mãos trêmulas, era possível perceber de longe.
Por um momento o senhor Kim avaliou a mulher que vinha ao seu encontro. Não, não era nada comum, o que ela iria fazer naquela noite. Parecia um bicho acuado, morrendo de medo.
Não era uma mulher horrível como o Sr. Goon dizia. Não tinha a beleza das grandes estrelas coreanas, nem o poder de sedução das mulheres experientes, com quem ele varias vezes dormiu. Mas sua leveza no andar, seu sorriso espontâneo e singelo, tornavam essa mulher, de alguma maneira atraente. Talvez fosse a sensação, de ser uma pessoa confiável.
Quando ela chegou, na sua frente e lhe deu boa noite! O senhor Kim, ficou sem voz, pois não esperava aquele sorriso.
Em seguida, ele tossiu e pediu desculpas mas a cumprimentou, abrindo a porta de trás.
Íris ficou babando para o homem, tão elegante em seu terno preto. Ele pediu licença para Íris, abrindo a porta do motorista. Entrou e antes de ligar o carro, ela, que ficou no hotel, correu para sua janela , colocando a cabeça para dentro.
— Não esqueça de se prevenir! – falou Íris desbocada, fazendo Irene corar de vergonha, diante do senhor Kim. Íris para falar com Irene, usava a janela do motorista, em vez de falar com a amiga pela janela, onde ela estava sentada.
Sua cabeça encostava na cabeça do senhor Kim de propósito, mas o motorista educadamente ficou intacto, sem reclamar, até aquela louca falar tudo, que tinha que falar, para a sua amiga.
Assim que Íris desgrudou a cabeça dela, da sua. Ele fechou a janela para evitar uma nova investida.