No domingo, pai e filhos passaram a tarde trancados no escritório, o Sr. Choi estava preocupado, ocasionalmente dava um cascudo no filho caçula. Insistindo que ele confessassem que tinha feito algo de errado.
— Eu fiz tudo direitinho! Fiz como me mandaram! / argumentou Goon irritado.
— Não acredito! Certamente, deve ter feito algo errado! Se tivesse feito certo, não estaria agora nessa situação. / reclama o Sr. Choi levantando a mão, se preparando para dar mais um cascudo.
— Vocês dois querem parar! Estou numa conversa importante, e vocês estão atrapalhando, não consigo ouvir direito. / fala Joon irritado.
— Com quem está falando? / pergunta o pai curioso.
— Com a senhora Lee, a irmã do Xamâ. / esclarece o primogênito.
— Você disse que havia perdido o contato com ela! Não Foi? / interroga o pai.
— Sim, havia! Entretanto, a secretária Han, conseguiu para mim. Eu pedi para ela de manhã, assim que acordei. Ela conseguiu e me enviou há 10 minutos. / explica Joon
— Diz para ela…
Então, nesse momento Goon, tapa o boca do pai e puxa ele para o outro lado da sala, e fala em baixo tom, quase um sussurro.
— Não ouviu ele? Ele quer silêncio!
— Moleque! Eu só queria lembrar, para ele falar, que eles garantiram a sua melhora.
— Não precisa! O Joon vai cobrar, não pense que esses charlatões vão sair ileso!
— Eles charlatões? Ou você um cabeçudo? / o senhor Choi deu um muxoxo irritado.
Contudo, não podia falar que sabia, que o filho tinha feito o que não devia. E agora estava pagando pela irresponsabilidade.
— Não confia em mim? / reclamou Goon, dando também um muxoxo, e foi sentar em uma poltrona do outro lado da sala.
Joon observava os dois, balançado a cabeça, desaprovando a atitude infantil de ambos. Enquanto ele falava no celular, Goon e o pai ficaram afastados observando todos os seus movimentos. Joon, terminava uma ligação e já fazia outra. Não dava tempo para eles perguntarem algo.
Sentado atrás da escrivaninha, anotava em sua agenda e digitava no seu note. Demorou um pouco para largar o celular. Até que finalmente deligou o telefone e olhou para o pai, e depois para Goon. Se ergueu, se espreguiçou, e falou com calma.
— Já resolvi, vamos na quarta-feira para o sítio. A senhora Lee vai preparar tudo. Vamos fazer uma nova consulta, e ver o que deu de errado. Marquei o voo para as 08 horas de terça-feira, vamos chegar perto do horário do almoço. Portanto, ficaremos no hotel, como da outra vez. E na quarta-feira de manhã, bem cedo, iremos para o sítio.
— Joon, reserva mais uma passagem, um voo para 4 pessoas./ pediu Goon educadamente.
— Quem você quer levar junto? / perguntou o pai com cara feia.
— O Jun, ele é a testemunha que fiz tudo direitinho! / retrucou Goon convencido de sua inocência.
— Quer levar mais um irresponsável? Ele sempre concorda com tudo que você faz! / justifica o pai a sua alegação.
— Tudo bem, vou reservar mais uma passagem, acredito que ele pode ser útil nessa viagem. Precisamos relembrar os detalhes, dona Lee, disse que, talvez você tenha feito algo, um pequeno deslize pode não dar o efeito desejado. – falou Joon tentando garantir a paz entre o pai e o irmão.
— Viu? Eu disse que você deve ter feito algo errado! / falou o senhor Choi convencido.
— Pai! Vamos parar com os sermões por hoje?! Estou cansado de ver o Goon sofrendo com os seus cascudos! Deixa ele em paz um pouco! O Goon tem que se concentrar no quê aconteceu na viagem ao Brasil.
— É…! Já estou com dor de cabeça! Pensa que isso não dói? / fala Goon se fazendo de coitado.
— Mas, é para doer mesmo!
Entretanto, quando chegaram no sítio, estava difícil de estacionar perto da entrada, havia muitos carros no local. Então, estacionaram uns quinhentos metros afastados. Caminharam até entrar no portão. E já viram o Xamã deitado, se balançado em uma rede, na varanda da casa principal. Esse, ao vê-los, abanou animado. Os 3 homens ficaram confusos. Só Jun, retribuiu, acenando para o Xamâ que ele não conhecia.
— Ele não vai nos atender? /perguntou o pai para Joon.
— Também não sei o que está acontecendo! Vamos conversar com o homem.
O Sr. Choi e Joon estavam na frente, lado a lado, seguidos por Goon e Jun. Certamente, Goon e Jun estavam preocupados, caso fosse revelado pelo Xamâ a verdade de como Goon convenceu Irene a se envolver com ele. Portanto, eles combinaram a se fazer de desentendido, se interrogados sobre esse assunto.
— Bom dia, Senhor!
— Bom dia! Vocês são da família Choi de Seul, não são? Minha irmã comentou que viriam. Parece que aconteceu algo com o rapaz! / ele apontou para o Goon que estava atrás deles. Entretanto, dava de vê-lo na abertura, deixada no meio, entre o Joon e o Sr. Choi.
— Sim, viemos para resolver esse problema! Mas, por que o senhor não está no templo? / perguntou Joon sem rodeios.
— Eu me aposentei! Meu neto está no meu lugar agora.
— Seu neto? / perguntou assustado o Sr. Choi.
Nesse momento o milharal há uns 100 metros, que ficava do lado esquerdo do terreno. Começou a ser agitado de maneira curiosa. Então, o Xamã gritou olhando para a plantação.
— Vocês dois, estão aí de novo? Querem me tirar do sério? Saem já daí!
Contudo, os visitantes estavam atônitos, confusos e sem entender nada. Certamente, não viam nada no milharal.
— Esses dois fantasmas são mesmo, dois irresponsáveis. Desse jeito, vão estragar minha colheita. / reclamou naturalmente o Xamã, como os fantasmas fossem visíveis para os visitantes, logo depois conversou olhando para Joon. — Mas, não liguem para eles! Continuem no caminho. A minha irmã está à espera de vocês.
Então, eles se inclinaram e se despediram respeitosamente, e seguiram o caminho feito de pedras brancas, que contornava a casa, se dirigindo para os fundos do terreno. No caminho o Sr. Choi pergunta para o filho ao seu lado.
— Será que têm fantasmas mesmo no milharal?
— Deve ter! Pois não está ventando, para os pés de milho se agitarem daquele jeito!
O Sr. Choi e o Joon, continuaram caminhando. Entretanto, Goon e Jun ficaram parados olhando o milharal. Definitivamente, não acreditaram no que ouviram. Então, tentavam ver algo lógico, que explicasse a agitação na plantação.
— Dever ser animais, estão andando lá no meio, nós não conseguimos ver. / falou Goon dando um de especialista no assunto.
— Ah, deve ser mesmo! Pois não está ventado. Mas, que animal faria tanto agito?
— Cachorros! Daqueles de caça! Só pode ser.
Contudo, seus argumentos, não acalmou seus nervos, pois estavam com medo. Nesse instante, a agitação começou ser mais forte, e alguns pés de milho se quebraram. Portanto, o Xamã levantou o braço direito com a mão espalmada, apontado para o milharal, dizendo:
— Vocês, querem que eu os castigue, né!
Então, o milharal começou se agitar freneticamente em direção ao pátio na frente da casa. Goon e Jun ficaram observando, paralisados de medo. Aquilo que eles não sabiam o que era, vinha na direção deles.
Os dois fantasmas, que viviam brigando no sítio, passaram correndo através deles. Causando um vento gelado, que quando os dois se olharam, ambos estavam com os cabelos arrepiados, levantados para cima. Lentamente se viraram na direção que o Joon e o Sr. Choi seguiram. Então, Goon pegou na mão de Jun puxando-o, e correram até encontrar o irmão e o pai.
Nos fundos do sítio, estava formado uma fila, pessoas de todas as idades esperavam, para poder entrar no cercado, onde ficava o templo e as salas de tratamentos. Uma jovem, estava cuidando do portão. Joon continuou caminhando, mesmo recebendo reclamações. O pai, o irmão e o primo seguiam ele. Ao Chegar na entrada. A jovem desconfiou, quem eles eram. Certamente, fora avisada pela senhora Lee.
— Os senhores são da família Choi de Seul? / perguntou a jovem só para confirmar.
— Sim! Sou o Sr. Choi Joon, esse é meu pai. / com a mão direita indicou o senhor Choi, que estava um pouco atrás dele. — Esse é meu irmão que venho se consultar novamente./ esticou o braço direito para mostrá-lo. — E ao seu lado, é nosso primo, que está nos acompanhando desta vez.
— Esperem um pouco, vou avisar a dona Lee, que vocês chegaram.
— Sim, obrigado!
Não demorou muito, e a senhora simpática, estava no local abrindo o portão para eles. O que causou um alvoroço nos que estavam na fila. Então, ela explicou sua atitude.
— Calma pessoal, eles marcaram a consulta comigo faz tempo, eles não são da região, e vieram de longe. E para quem não sabe, esse senhor foi o primeiro paciente do meu neto Xamã./ falou animada mostrando o Goon para as pessoas que estavam na fila, e continuou. — Não precisam ser impacientes. Todos que pegaram a senha, hoje serão atendidos.