Capítulo 15 – A Cartomante
Depois de concordarem sobre a visita à cartomante, as duas desceram do carro da Íris e seguiram até a frente da casa da dita cuja. O portão estava aberto, mas Irene notou que nele tinha uma caveira, a cabeça de um boi, presa nele, no lado que ficava voltado para a rua.
Assim, entraram na propriedade com precaução.
Com toda a certeza, era um terreno grande com árvores e um jardim mal cuidado, pois as plantas tinham que sobreviver por seu próprio esforço. Havia sinos de ventos espalhados por toda parte, dando ao ambiente uma sonoridade peculiar. O local era sombrio, com aspecto de abandonado.
Em seguida, elas bateram palmas, mas ninguém veio atender. Então, continuaram adentrando na propriedade.
O casarão dos fundos era assustador: arquitetura antiga, parecia nunca ter sido reformado. Antes dele, havia uma construção menor, com uma porta e uma janela apenas. Ao lado da construção tinhas dois bancos de madeira, como fosse um local de espera. Irene estava grudada em Íris. Tudo aquilo lhe causava medo.
– Para de ser medrosa! Não tem ninguém aqui! É sua imaginação trabalhando!
– Que nada! Eu me sinto, sendo observada por várias pessoas. É algo bem estranho!
– Só pode ser gente morta!? Não tem nem um vivente aqui! Nem a dona está no local!?
– Não fala assim! Eu tenho medo de fantasma! Vai que sejam mesmo fantasmas me observando!
– Para né! O que fariam os fantasmas num lugar desse!? Se eu morresse e virasse fantasma, iria nos lugares que, quando viva eu não pude frequentar. Eu iria espionar os vestiários dos homens! Já pensou poderia beliscar a bunda de muitos! O Lee Mi Ho e o Ji Chang Wook! Coitados deles! Eu não deixaria em paz!
– Não brinca com essas coisas!
Uma porta rangeu quando foi aberta. Irene agarrou mais forte a amiga. Uma senhora extremamente esquisita na aparência, saiu da construção menor. Vendo às duas, foi até elas. Falou com uma voz melodiosa.
– Bom dia! No que posso ajudar? – elas sorriram sem graça. Íris foi quem falou.
– É que tem um homem… – Íris não conseguiu terminar. A mulher arregalou-os olhos e falou irritada.
– Não faço amarração! Nem adianta insistir! Essas coisas, de ficar fazendo mandinga para prejudicar os outros, eu não faço. Pensa que não vai ser castigada por isso?! Deus nos deu o livre arbítrio. Foi um presente. Você amarrando alguém, está desprezando um presente de Deus! Pensa que não vai ter que pagar por isso? Podem indo embora!
– Mas não é isso que viemos fazer!
– Só desconversou porque sou contra, né! É melhor esquecer essa burrice. Depois que morrem ficam que nem esses. – aponta o dedo, mostrando em volta – Pedindo luz o tempo todo! Vão embora! Antes que eu perca a paciência! – a mulher foi empurrando elas na direção da entrada.
Irene puxou a amiga pelo braço.
– Vamos é melhor! Não quero ficar mais aqui! Estou me sentindo mal! – retrucou Irene, medrosa.
– Como assim! Nós viemos ler as cartas! Nada de querer amarrar ninguém! – explicou Íris, então a senhora parou e comenta.
– Por que não falaram!? Que queriam que eu abrisse as cartas para vocês!?
– Eu tentei, a senhora é maluca por acaso!? – agulhou Íris – Nem deixou eu terminar, já foi dando sermão!
– É que estou cansada de receber gente, que só pensar em fazer absurdo! Coisas que vão depois se arrepender!
– Pode ver a sorte para nós? – perguntou Íris.
– Sim, sim.- muda totalmente o tratamento com elas. – Vamos entrar! – diz, mostrando o caminho que leva até a pequena construção.
A mulher ia à frente das duas, balançando com um galho de arruda que tinha na mão desde quando saiu daquele lugar. Surpreendentemente, os espíritos que estavam ali, vendo o galho da erva, iam abrindo caminho para elas passarem.
Dentro, a casa era completamente diferente. Ninguém imaginaria que lá dentro era tão luxuoso! Com mesa e cadeiras de madeira de lei, entalhadas, cortinas de sedas coloridas, almofadas, estantes de livros, abajur. E um altar com estatuetas, taças, baralhos, castiçais e pedras de variados tamanhos e cores.
Por fim, o ambiente era decorado como uma tenda cigana. Mas, muito luxuosa.
A senhora mostrou o lugar para elas se sentarem, então foi até o altar e acendeu uma vela e um incenso. Pegou um baralho de tarô e sentou junto a mesa.
– Quem é que vai se consultar? Às duas ou só uma?
– Ela, quer dizer, nós duas! Tudo depende de quanto custa? – perguntou Íris curiosa.
– Eu cobro R$ 200,00 por pessoa. – Irene engoliu a seco. Como quem acabou de ouvir um absurdo, e reclama olhando para a amiga ao lado.
– Tudo isso? Vou ter que fazer quantas coxinhas para te pagar!? Não, vamos embora!
– Deixa que eu pago, e não vou cobrar por isso! – Irene puxa Íris, e ficam falando baixinho uma, no ouvido da outra, até que se decidem.
A cartomante fica olhando tudo e avaliando a situação. Nota que a mais alta aparenta estar com medo, seu corpo treme de maneira incontrolável.
O que as amigas não podem ver, são os vários espíritos rodeando Irene que a toda hora lhe cutucam. A mulher em sua frente emana luz a cada cutucada. É o que faz o seu corpo tremer.
Demorou uns 5 minutos para decidirem que iriam fazer a consulta. Foi quando uma mão iluminada tocou o ombro direito de Irene.
A cartomante pode ver o espirito iluminado, que ao chegar fez todos os outros sumirem do local. Ele ficou atrás de Irene, repondo as energias que o ato do vampirismo dos outros espíritos, causaram na sua aura. Logo depois, Irene mudou de opinião e até sua aparência melhorou.
– Já se decidiram?
– Sim, vai ser ela! Mas, mal lhe pergunte!? A senhora vai estender o baralho 3 vezes, né?
– Já viu a sua sorte!? Sim, a consulta simples é desse jeito!
– A senhora pode fazer assim? Estender a primeira vez para ela, a segunda vez para mim. E a terceira para nós duas!? Pode ser assim? Ou tem problema? – perguntou Íris. A mulher riu, mas entendeu a situação.
– Vou fazer uma exceção para vocês duas. Não por você, mas por ela. Ela precisa de um esclarecimento, porque tem algo muito ruim que pode acontecer na vida dela! – elas se olharam com espanto. Irene falou baixinho para Íris.
– Viu como o homem é perigoso! – Íris faz gestos com as mãos, mostrando que a mulher estava se concentrando para começar a leitura.
– Em primeiro lugar, quero que vocês se concentrem nas perguntas que querem respostas. Você disse que tem um homem. Seria ele o motivo de estarem aqui? Se concentrem na imagem dele.
– Eu não conheço ele, só ela. – explica Íris.
– Ela deve pensar nele, e o que quer saber dele. E você no que você quer saber. Agora quietas.
Primeiramente, a cartomante embaralha as cartas, fazendo uma oração, em voz baixa. Corta o baralho 3 vezes. Embaralha mais uma vez e corta em 2. Por último, pede para Irene escolher um monte. Após escolhido. Vai deitando todas as cartas de sua mão na mesa.
– O que tem para nos dizer sobre esse homem? Íris não se conteve, e perguntou assim que a cartomante colocou todas as cartas da leitura na mesa.
– Em primeiro lugar, essa leitura é dela! Não sua! – respondeu a cartomante, rispidamente – Deixe eu avaliar as posições das cartas, afobada! Eu só respondo às perguntas dela! Quando for a sua vez, pode perguntar! – Íris faz gestos para a Irene perguntar.
– O que esse homem quer comigo, que anda me rodeando?
– Pelo visto! Ele só quer uma coisa!- A cartomante riu maliciosamente depois disso, e respondeu sem rodeios – Sexo. É isso que ele quer. Não tem outras intenções, além disso!
– Então, ele é um tarado?
– Não! Ele apenas, ver em você a possibilidade de voltar a ser feliz! Por enquanto, você é importante para ele. É um homem descomprometido. Tem 2 filhos, pelo visto, um não é legitimo. Mas cria como fosse. É de boa família. Está passando por vários problemas. E acredita que estar contigo, pode resolver seus problemas.
– Mas, porque ele me quer?
– Vocês tiveram algo em outra vida. Dessa forma, você tem uma dívida cármica com ele. A espiritualidade permitiu vocês se encontrarem, para reparar o erro que você cometeu com ele em outra vida. Além disso, a carta da árvore me mostra raízes profundas entre vocês em vidas passadas.
– Mas eu não quero nada com ele! – Íris fala no ouvido. – Pergunta sobre o dinheiro!
– Ele me fez uma proposta, ele vai cumprir ou é pura mentira?
– Tudo que ele falou, é verdade. Mas, você vai ser bem recompensada. Além dele tem mais alguém, ligado a ele. Que vai lhe ajudar financeiramente! Sua vida vai dar um giro de 180 graus. Todas as suas preocupações o vão sumir. Vai ter dinheiro para fazer muitas coisas que deseja!
– E se eu não aceitar o que ele quer!? O que acontece?
– Se eu fosse você, aceitaria pois se não as consequências serão graves. Ele não vai desistir. Por bem ou por mal ele vai conseguir o que quer!
– O que ele vai fazer comigo? – Perguntou Irene, preocupada.
A cartomante ergueu a cabeça e fala olhando bem nos olhos dela. – Vejo um homem desesperado, capaz de cometer loucuras, só para conseguir o que você tem para oferecer.
– Você disse que ele quer só sexo comigo?! Ele seria capaz de me violentar?
– Não, bem assim. Mas pode acontecer algo parecido! – às duas se olharam com medo.
– Como posso me livrar dele?
– Não tem como! O caminho se cruzou para resolver coisas de outras vidas. Ou aceita! Que é a melhor escolha! Pois, essa união, vai trazer benefícios para você. Ou aguente as consequências! Ele tem observado você e as pessoas próximas. Tem várias ideias na cabeça dele. Umas delas ele vai pôr em prática. – Irene fica horrorizada com o que ouviu, pensou nos seus filhos.
– Nessa tiragem é só isso. Agora é você curiosa! – fala olhando para Íris.
Íris fechou os olhos para se concentrar melhor. Enquanto Irene estava assustada com o que ouviu.