15 – A beleza da Alma – Machucada

Capítulo 15 – Machucada

– Anya…

Anya abriu os olhos quando escutou a voz de sua amiga Beth e imediatamente se sentou na cama.

– Beth… ó meu Deus, Beth… – disse ela, jogando-se literalmente nos braços da amiga que a acolheu e fez carinho em seus cabelos.

– Anya… o que está acontecendo, minha amiga? – Perguntou Beth, claramente preocupada. – Eu vi os noticiários, a sua entrevista, mas não estou entendendo nada. O Dr. Do Jin me procurou na presidência, me tirou de lá e me trouxe para cá. Disse que era urgente. Eu até pensei que você estava machucada.

– Eu estou machucada, Beth… aqui… – disse Anya colocando a mão sobre o coração. – Me mataram, Beth… Do Jin me matou… Eu estou tão machucada… fui enganada, Beth… e deixei me engar…

Anya chorou convulsivamente enquanto Beth a abraçava.

Escutando toda a cena do lado de fora do quarto, Do Jin sentiu-se ainda mais infeliz do que antes.

Ele arrastou-se para o quarto de hóspedes, sem saber o que fazer ou pensar. Foi quando sentiu novamente seu celular tocar.

– O que é desta vez? – perguntou ele, mais ríspido do que o costume.

– Ora, ora… você tinha razão em escolher a monstrenga. – Era a voz de sua mãe. – Eu achei que ela iria nos destruir na entrevista, mas ela fez o contrário. Ela mostrou ser de confiança e salvou nossas peles.

– Eu a magoei muito, mãe… – disse Do Jin, com a voz grave e triste. Dae Sun não era o tipo de pessoa sensível, mas ele não tinha outra pessoa a quem pudesse desabafar. Nos últimos tempos, ele tinha Anya. Agora… não tinha mais ninguém. – Eu a magoei demais…
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– Você deveria ter se mantido a distância. Você lhe uma boa indenização, o que mais ela iria querer? Era mais dinheiro do que ela jamais teria.

– O que mais ela poderia querer? O pai dela, para começar. E a mãe dela roubou todo o dinheiro. Ela era só uma menina quando tudo aconteceu. Só sofreu, nunca teve experiência de nada. Era um alvo fácil para um predador como Avana… e como eu…

– Ora… Jin, não fique se culpando. Ela vai ganhar mais dinheiro agora. O que mais uma pessoa pode querer?

– Ela é diferente de nós, mãe. Anya não liga para dinheiro, só queria uma vida digna e eu destruí isso. Acabei com suas esperanças, seus sonhos. Manipulei seus sentimentos. E tudo para que? Eu deveria ter sido honesto desde o início.

– Do Jin… tem como a garota provar que você foi o responsável pelo acidente ao invés do pai dela? – como esperado, a mãe estava mais interessada em proteger a si mesma e a Do Jin e não considerava os sentimentos de Anya.

– Não, mãe. Eu paguei muito bem aos policiais que fizeram o Boletim de Ocorrência. Mesmo que alguém testemunhe que eu fui o culpado, tenho certeza de que não haverá provas. A não ser que Anya testemunhe contra mim. Mas não acho que ela queira o meu mal. Anya não fez outra coisa a não ser me salvar, se dedicar a mim… e o que eu fiz… meu Deus… o que eu fiz…?

– Não importa o que aconteça, você deve manter a garota do seu lado.  – aconselhou a mãe.

Isso, Dae Sun não precisaria falar. Ele a queria do seu lado. Ele a queria como sua esposa. Mas isso seria um pouco difícil. “Estou machucada”, ela disse. E quem a machucou? Ele.

– E não seria uma má ideia leva-la para a Coreia. Se as pessoas perguntarem, eu direi que você está indo em lua de mel. Uma vez na Coreia, mantenha a garota trancafiada. Depois de um ano, ela ficará livre e terá todo o dinheiro do mundo. Mesmo que ela tente testemunhar contra você depois, pelo menos, o controle da empresa estará em nossas mãos. Nós lidaremos com a justiça então.

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Do Jin imaginou que a ideia da mãe não parecia tão ruim agora. Fazia tempo que ele devia uma visita a filial da Coreia. Em seu país de origem, Anya poderia respirar um pouco. Eles poderiam ficar meses lá, até que tudo voltasse ao seu normal. Até que ela pudesse perdoá-lo. E talvez, os dois pudesse ficar juntos novamente. Ele a conquistaria novamente e dedicaria todos os seus dias para reconquistar o amor de sua esposa.

Do Jin começava a se acalmar, quando escutou um grito.

– Ajuda, Ajuda, por favor!!!

Do Jin levantou-se ao escutar o grito e correu para o seu quarto, onde Beth gritava.

Ao entrar, percebeu qual era o problema: Anya estava roxa, seu corpo todo estava tenso, seus olhos vidrados, olhando para o teto.

– Ela precisa do remédio – gritou Beth.

– Que remédio? O que está acontecendo? – perguntou ele, sem saber direito o que acontecia.

– Onde estão as coisas dela? O remédio deve estar nas coisas dela. – disse Beth, nervosamente.

Do Jin correu para o closet acompanhado de Beth. Ele havia reservado apenas uma mísera gaveta para sua esposa. Ali, entre uns poucos objetos, havia um frasco.

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Beth agarrou-o e logo depois correu ao quarto e deu dois comprimidos à Anya que teve dificuldade para ingerir o remédio e a água que Beth deu a ela.

– Você vai ficar bem, Anya! Só precisa se acalmar! – disse Beth.

Mas a situação não melhorou. Anya começou a ficar cada vez mais tensa. Os dedos ficaram contraídos, seu corpo começou a se arcar.

Desesperado, Do Jin segurou o corpo de sua esposa em seus braços, sem saber o que dizer ou fazer, em seguida, o corpo frágil de Anya começou a convulcionar violentamente.

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– O que está acontecendo, Beth?

– Fazia tempo que isso não acontecia. Depois do acidente, ela começou essas convulsões. É uma espécie de epilepsia. Mas ela estava bem, o remédio ajuda. Juro que ela estava bem. Fazia meses…

Beth caiu em um choro copioso, sem saber direito o que fazer pela amiga, enquanto Do Jin tinha o corpo frágil de Anya jogado em seus braços. Depois de muitos minutos, muito lentamente, os músculos de Anya foram relaxando, a respiração melhorou um pouco e a cor começou a voltar a seu rosto.

– Anya? Anya, querida? – perguntou Do Jin, muito assustado. Anya começava a respirar pesadamente, como se tivesse corrido uma longa maratona, os olhos ainda vidrados para o teto, como se ele não estivesse ali.

– Ela fica assim por horas! Cansada e acabada. Você precisa deixar ela dormir agora. – explicou Beth, enxugando as lágrimas – É como se uma grande carga de energia passasse pelo seu corpo e pela sua mente. Como se tivesse corrido uma maratona. E depois fica toda machucada. Não há muito mais o que fazer.

“Meu Deus”, pensou Do Jin, observando o rosto abatido de sua esposa. “Que sofrimentos mais eu causei a ela?”.

– Você e eu precisamos conversar, Beth. – disse Do Jin, enquanto acariciava suavemente os cabelos de Anya.

– Pode falar, Dr. Do Jin. – disse Beth um pouco assustada. Ele era seu chefe, mas ela era leal a Anya. Então, o que ele queria com ela?

– Eu decidi que vou mandar Anya à Coreia. Primeiramente, eu iria com ela, mas percebi nesse momento que ela precisa muito mais de você, em quem ela confia do que de mim, que sou a pessoa que mais a machucou nessa vida. Ela está tão machucada, Beth…

Do Jin sentiu seus olhos arderem. Não era um homem que costumava chorar. Pelo contrário, era até acusado de ser insensível, entretanto agora, sentia seu peito todo arder e as lágrimas brotarem.

– A partir de agora, antes de tudo, o seu único trabalho é acompanhar Anya, cuidar da saúde física e emocional dela. Você receberá um salário muito recompensador, isso eu prometo.

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