Capítulo 13 – Park Hae Soo
Ah-Lis sentiu um perfume no ar e quando abriu os olhos divisou em algum ponto uma rosa vermelha.
Do lado da cama de hospital, Tae Gun dormia desajeitado sobre a poltrona. Ah-Lis tentou sentar-se e depois de algumas tentativas desistiu. A essa altura, Tae Gun havia acordado e agora tentava ajeitar os travesseiros dela.
– Desculpe, não quis acordá-lo! – falou Ah-Lis, preocupada com a aparência de Tae Gun: ele parecia cansado e abatido, com olheiras profundas e barba por fazer.
– É com você que tem que se preocupar agora e pare de se desculpar, Liz! – falou Tae Gun, sentando-se na beirada da cama. – Como você está?
– Acho que estou viva! – falou Ah-Lis, levando a mão ao peito demonstrando dificuldades para respirar.
– A enfermeira tirou o oxigênio, mas falou que se você tivesse dificuldades para respirar, ela pode recolocar…
– Estou bem… vou ficar bem, pelo menos! Acho que já é alguma coisa!
Tae Gun olhou para Ah-Lis com um certo orgulho. Ela era mesmo uma coisinha frágil, mas ao mesmo tempo, demonstrava uma fortaleza silenciosa ao enfrentar aquela situação de dor e abalo físico.
Sabia que não era a primeira vez que ela passava por uma situação difícil. Ele mesmo, não saberia como enfrentar aquilo tudo.
– Eu adoro flores! – falou Ah-Lis, observando a flor, completamente alheia ao olhar observador de Tae Gun que a comparava com Liz-Ah.
Liz-Ah detestava tudo e qualquer outra coisa que não fosse ela mesma. Para satisfazê-la, era melhor dar um perfume francês, ou uma gorda conta em algum cartão de crédito.
Ah-Lis era tão diferente da irmã, parecia ser uma pessoa de outro mundo.
Ninguém poderia ser tão doce e tão ingênua quanto ela, poderia?
– Eu estava muito preocupado com você… – falou Tae Gun, sem desviar o olhar da doce Ah-Lis – Sun Doo Yo falou que você estava se recuperando, mas não conseguia recobrar a consciência. Você ficou acordando e adormecendo durante todo esse tempo como se estivesse fora de si. Estou contente por ver você consciente, acordada, alerta…
– Tempo…? – falou Ah-Lis num vozinha quase inaudível. Lembrou-se da louca situação em que se encontrava, a troca com Liz-Ah, a acusação de assassinato, sua prisão, e, por fim, o acidente.
Achava incrível que sua irmã não tivesse desfeito a troca e esclarecido tudo enquanto ela estava inconsciente, a não ser que ela não tivesse sabido.
– Tae Gun… a quanto tempo eu estou aqui no hospital?
– Já fez um mês, Liz-Ah! Um mês que estamos fora de casa. Você ficou muito tempo em coma induzido pois sua respiração ficou muito comprometida.
– Oh, meu Deus! Para mim é como se o acidente tivesse acontecido ontem. – Era tempo demais.
Ah-Lis começava a suspeitar que Liz-Ah não queria fazer a troca e isso era prejudicial tanto para ela quanto para Liz a não ser se algo tivesse acontecido a sua irmã.
Sabia que Kim Tae Hoon era perigoso. Estaria sua irmã a salvo?
– E o bebê, Tae Gun? E quanto ao Tae Ji? Como está o bebê?
– Ele está bem, Ah-Lis. Está com Eun-Na, a babá, e eu tenho ido para casa em alguns intervalos. Uma vez por dia, pelo menos, para ver o bebê, tomar banho, ver – “e ver Park Hae Soo, o detetive que estava cuidado do caso”, pensou ele. – … ver como estão as coisas
– Oh, meu Deus… eu sinto tanto por todo esse inconveniente! Por favor, desculpe-me, Tae Gun.
– Já disse para parar de se desculpar… foi um acidente, você ficou doente, não foi culpa sua… não é? – falou Tae Gun, tentando jogar a semente da dúvida na mente de Ah-Lis.
Se Ah-Lis soubesse de alguma coisa a respeito de quem poderia estar atrás dela, ela daria pistas, mas Ah-Lis continuou como se não soubesse de nada e como se o ‘acidente’ havia sido de fato um incidente do acaso.
Apesar de um início lento e conturbado, a recuperação de Ah-Lis progrediu desde a noite em que ela acordou pela primeira vez.
Dali a uma semana, o Dr. Sun Doo Yo falou que, se Ah-Lis tomasse as devidas precauções e permanecesse em repouso, ela poderia ser liberada para continuar o tratamento em casa.
Ah-Lis concordou no mesmo instante, mas Tae Gun ficou um pouco apreensivo. Não sabia exatamente o que esperar ao levá-la para casa.
No hospital, Tae Gun tinha as desculpas perfeitas para ficar o tempo todo de olho em Ah-Lis e quando ele não estava, tinha os dois policiais que ficavam constantemente de guarda na frente do quarto de Alis.
Se ela fosse para casa, ele teria que voltar ao escritório em algum momento, se não quisesse chamar a atenção. Ele era o CEO do conglomerado Cha, mas tinha uma equipe muito competente para cobrir suas faltas.
Mas ele não poderia ficar faltando para sempre, pois os acionistas com certeza iriam reportar a mesa da diretoria. Não que fosse um problema, afinal, ele era o acionista majoritário.
De qualquer forma, voltar para casa significaria deixar Ah-Lis sozinha na mansão a mercê de quem atentava contra a sua vida.
Por isso, Tae Gun se opôs veemente à alta da falsa Liz, mas não teve muitos argumentos para manter Ah-Lis ali no hospital.
Aceitou por fim, que Ah-Lis retornasse para casa depois de alguns dias.
Tae Gun falou com o policial Park Hae Soo sobre a alta de Ah-Lis e ambos tramaram um plano.
Tae Gun liberou alguns empregados e os que restaram foram obrigados a ir ao hospital.
E Park Hae Soo dispensou os detetives, o que foi um alívio para Ah-lis que a todo momento perguntava se ela seria presa novamente.
Sun Doo Yo e Na Kyo também foram ao hospital no dia em que Ah-Lis seria liberada.
E enquanto a mansão estava completamente abandonada, o policial Park Hae Soo e dois policiais de sua confiança entraram e instalaram dezenas de microcâmeras por toda a mansão.
Park Hae Soo queria ter mais tempo para investigar a mansão com mais cuidado a procura de indícios, mas quando pensou em fazer uma vistoria, vislumbrou um dos carros cruzando a entrada da mansão.
Park Hae Soo gritou aos dois policiais para que saíssem pelos fundos. Ele faria o mesmo, mas quando tentava descer as escadas viu as portas se abrirem e uma gama de pessoas entrando.
Só teve tempo para entrar num dos quartos, que por infelicidade percebeu se tratar dos aposentos de Cha Baek Liz-Ah, onde a garota Ah-Lis iria ficar.
Ao invés de se esconder no banheiro, resolveu tentar a sorte no closet que era enorme.
Achou um lugar entre um dos armários e sentou-se sobre um cobertor bem dobrado.
Percebeu então, que havia alguma coisa dura abaixo dele. Depois de revirá-lo, achou uma pasta trancada.
Era uma daquelas pastas em que alguns colegas detetives guardavam seus coldres e armas. Seria este o caso?
Como estava escondida, deveria ser algo importante, pelo menos, para Liz-Ah. Escutou um grande barulho no quarto e percebeu que havia muitas pessoas no quarto.
– Coloque ela sobre a cama, Tae Gun! – falou Na Kyo, ajeitando a cama.
Ah-Lis que estava no colo de Tae Gun, parecia não querer mais desgrudar do marido da irmã. Não era por mal, pensava Ah-Lis para si mesma.
Ela nunca tivera algo como aquilo: um marido para segurá-la nos braços, confortá-la, cuidar dela. Eram coisas que não podia imaginar Kim Tae Hoon fazendo.
Tae Gun depositou Ah-Lis com cuidado sobre os lençóis e depois a cobriu com a coberta.
– A tipoia incomoda? – perguntou Tae Gun, colocando o braço quebrado de Ah-Lis cuidadosamente sobre a coberta.
– Nada… – respondeu Ah-Lis, sem tirar os olhos de Tae Gun. Ele, é claro, percebia que há alguns dias a irmã de Liz-Ah olhava para ele com outros olhares.
Precisava ter cuidado. Não queria magoá-la. Nem fazê-la se apaixonar por ele. Mas não podia evitar. Tinha pena dela, pelos maus tratos que sofrera na vida. E já estava na hora de alguém ser gentil com aquela doce menina.
E, pensando assim, sentou-se na beirada da cama, e segurou a mão livre de tipoia e gesso de Ah-Lis.
Sun Doo Yo e Na Kyo que observavam a cena trocaram olhares.
– Nossa… sis – falou Han Kyo, com um sorriso irônico. – O que você fez para conquistar Tae Gun de novo? E melhor, né… esses olhares apaixonados dá até vontade de vomitar.
– Dessa vez, tenho que concordar com Han Kyo – falou Na Kyo. – Nunca vi vocês dois assim.
Tae Gun disfarçou um sorriso. Ah se eles soubessem! Mas quando olhou para Ah-Lis, viu que ela estava ruborizada e parecia perturbada com aquilo, afastando sua mão de Tae Gun, inconscientemente.
– Bem… acho que devemos deixar Liz-Ah dormindo e descansando. Já foi muita coisa esse translado do hospital para cá… Vou fazer um chá e te trago em seguida, meu amor… – falou Tae Gun e depositou um sóbrio beijo na testa de Ah-Lis.
Geralmente, bastava a Tae Gun dar a ordem para alguém, mas como havia dispensado quase todos os empregados, achou mais fácil fazer logo o chá do que achar alguém disponível para assessorá-lo na cozinha a essa hora da noite.
Colocou a chaleira com água para ferver e procurava por um sachê na gaveta de chás quando percebeu um vulto atrás de si e virou-se com agilidade.
– Park Hae Soo! Achei que estaria longe a uma hora dessas. O que está fazendo aqui? Na Kyo e Han Kyo podem ver você…
– Achei algo que você vai querer ver… – falou Alex num tom bem baixo, olhando para a porta de acesso a cozinha com medo de ser descoberto ali.
Park Hae Soo colocou a pasta que havia encontrado no quarto de Liz-Ah sobre a mesa. Ele havia estourado a abertura arriscando perder evidências, mas não pode conter a curiosidade.
– O que é tudo isso? – perguntou Tae Gun, sem entender direito o que via.
– Passaporte em nome de Kim Ah-Lis. Apólices de seguro, documentos falsos, mas isso não é o pior. Há documentos aqui que provam que parte do dinheiro do Sr. Baek Ha Ri foi desviado para uma empresa fantasma. Ele não faliu como o senhor me falou, Sr. Tae Gun. Ele foi levado a falir. Foi ludibriado. Milhões. Eu não tive tempo para ler tudo isso, mas algo perto dos 30 milhões em dólares, não wones.
– Meu Deus! – falou Tae Gun, escutando o barulho da chaleira como se estivesse a milhares de quilômetros de distância. – Então Liz-Ah está mesmo por trás disso tudo. Ela desviou o dinheiro do pai e o matou para encobrir tudo.
– Acho que sim. Acho que sua esposa plantou Ah-Lis aqui para que ela fosse indiciada como Liz-Ah na Polícia e depois tentou matar a garota. Se a falsa ‘Cha Baek Liz-Ah’ morresse, ela estaria livre e podre de rica para ir aonde bem quisesse como Kim Ah-Lis Kim. Como ambas são rés primárias, nenhuma das duas tinha registro na polícia e ninguém iria verificar a autenticidade sendo elas tão parecidas. Seria o crime perfeito se vocês não tivessem sobrevivido ao acidente.
– E agora? – perguntou Tae Gun.
– Bem… a armadilha está pronta, Sr. Cha Tae Gun. E como o senhor está pagando, tenho homens de tocaia e vigiando as câmeras instaladas vinte quatro horas por dia. Agora é só esperar…