Duas Faces no Espelho – 2 – Tae Gun

Capítulo 2 – Tae Gun

Duas horas depois, a cabeça de Ah-Lis parecia estar estourando com a quantidade de informações que precisava memorizar. No banco de trás da limusine, as duas recém conhecidas irmãs combinavam os últimos detalhes.
– Certo, vamos revisar mais uma vez, Ah-Lis: Seu marido se chama Kim Tae Hoon, ele é um policial que trabalha com… Entorpecentes? Acertei?

Ah Lis assentiu com a cabeça, enquanto ajeitava o vestido que Liz-Ah havia lhe dado. Parecia que lhe faltava muito pano.

– Você precisa estar em casa às oito da noite porque é quando ele chega. Ele adora sopa de algas… – “Que coisa nojenta”, pensou Liz-Ah, repudiando aquele momento fraternal – ….E soju. Você começa no trabalho às oito da manhã. Almoça na escola todos os dias e leciona artes na terça e na quinta. Seus diários e os planejamentos da aula estão no arquivo da direita… não… esquerda, e a diretora da escola é sua melhor amiga e se chama Ko Eun Min. Acertei tudo?

– Tudo… estou um pouco preocupada. Você já deu aula alguma vez em sua vida?

– Há algum tempo… não se preocupe… tenho certeza de que posso dar conta do seu trabalho.

– Sim, mas acho que a minha vida é bem mais simples do que a sua – reclamou Ah-Lis, olhando para as fotos sobre o seu colo. Parecia que sua irmã estava planejando aquela troca a mais tempo – Não sei se vou me lembrar de todos os nomes.

– É claro que vai, mas eu escrevi atrás de cada foto o nome da pessoa. – Disse Liz-Ah, tirando o bolo de fotos do colo de Ah-Lis para colocar na sua bolsa Prada. Já coloquei no meu celular o seu número e o meu no seu, mas só ligue se realmente for necessário, entendeu?

Liz-Ah tirou o estojo de maquiagem e passou mais uma vez o corretivo na têmpora de Ah-Lis, onde havia a marca de uma cicatriz.

– Isso não está muito bom, mas se alguém perguntar, diga que bateu em algum lugar mas já está cicatrizando.

Liz-Ah olhou uma última vez para a irmã. O vestido sexy que antes usava agora vestia a irmã. Gastou quase todo o corretivo que tinha para cobrir umas manchas roxas numa das pernas. Por fim, de longe, não pareceria muito ruim, mas de perto, era possível ver o reboco cobrindo as pequenas manchas de Ah-Lis, provocadas pela violência do marido.

– Pense que você vai ganhar férias do seu marido… isso é bom, não é? – falou Liz-Ah, sinceramente.

Era horrível pensar que aquela mulher, sua irmã, era vítima de violência doméstica. Entretanto, Liz-Ah estava prestes a fazer algo muito pior com Ah-Lis, colocando-a em seu lugar para morrer. Por isso, não poderia ter pena, nem se simpatizar com ela.


– É melhor você ficar longe das vistas por hoje e quando sair amanhã, não esqueça de usar corretivo nas marcas, está bem? – falou Liz-Ah, desejando que Ah-Lis não parecesse tão deslocada. – Não se preocupe, eu tenho no meu closet algumas peças mais discretas que vão fazer você se sentir melhor. O importante agora é subir para seu quarto sem atrair muita atenção. Lembra do que eu disse?


– S-sim… Se alguém me perguntar, eu passei a tarde inteira no Museu de Arte Moderna e o seu quarto é o terceiro depois da escada no segundo piso, certo?


– Correto. – afirmou Liz-Ah – Agora escute com atenção. Eu vou descer aqui, na sua casa, e você vai para a minha. O motorista se chama Raul, ele é também meu segurança. Ele é de minha total confiança. Sabe do meu plano, quer dizer, da nossa troca… Ele vai deixar você na frente de uma escadaria. Suba e estará no Hal de entrada. Você logo vai ver a escada e só subir e achar seu quarto. Tome um banho, durma tranquila e faça tudo o que eu lhe disse, escutou?


– Sim, vou fazer tudo o que mandar, Liz-Ah. – disse Ah-Lis e, antes que Liz-Ah pudesse afastá-la, abraçou-a com carinho. – Eu estou muito feliz por você ter aparecido na minha vida.


– Ora… será bom para nós duas… – disse Liz-Ah, e parecendo absolutamente imponente naquela saia longa desajeitada, saiu da limusine e desapareceu no pequeno casebre que pertencia a Kim Tae Hoon e no qual Ah-Lis havia vivido dez anos de sua vida.


No mesmo instante que Liz-Ah desapareceu no seu casebre, o vidro que separava o motorista da cabine do passageiro na limusine, desceu suavemente. Ah-Lis assustou-se ao ver, pelo retrovisor, o olhar de um homem desconhecido a contemplá-la.


– Meu nome é Raul, senhora… estou a sua disposição. Devemos ir para a sua casa, agora?

Raul tinha um forte sotaque, parecia ser da Espanha ou Itália. Era moreno, tinha os olhar profundo, barba por fazer e usava um terno alinhado que destoava levemente de sua figura meio rústica.

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Raul, o motorista (Ator Javier Bardem)

– Você sabe que eu não sou Liz-Ah? – perguntou Ah-Lis, temerosa.

– Perfeitamente, senhora. Pode contar com minha discrição. Então? Para casa?

– Sim, obrigada.

Quando a limusine voltou a se movimentar, o vidro de separação, tornou a levantar, isolando Ah-Lis novamente.

Ah-Lis estava nervosa. Nunca, desde que havia se casado, havia passado uma noite sequer longe de Tae Hoon. Mal podia acreditar que agora estava numa limusine, indo para uma casa com uma família que logo seria sua. Tinha medo de pensar que tudo aquilo era um sonho e que acordaria ao lado de Tae Hoon. Ao mesmo tempo, tinha medo por Liz-Ah. Que irmã maravilhosa ela tinha. Tão elegante, tão corajosa, tão cheia de vida. “Ah, meu Deus, eu sabia que o meu destino iria mudar um dia, eu sabia, meu Deus”, pensou Ah-Lis, ansiosa. “Proteja minha irmã, por favor, que nada de mal aconteça a ela”.


A limusine parou novamente. Dessa vez, o vidro de separação não desceu, mas escutou uma voz pelo interfone. – Chegamos, senhora!


Ah-Lis olhou pela janela e ficou boquiaberta. Pela limusine e pela roupa de Liz-Ah, imaginou que ela fosse rica, ainda mais quando disse que era filha dos Baek, mas não imaginou que era tão rica.


Abriu a porta ainda fascinada com o que via. Era uma mansão. Um casarão enorme no alto de uma escadaria e no meio de um jardim maravilhoso.


– Meu Deus! – falou Ah-Lis, para si mesma, sentindo-se deslocada. Lentamente subiu os degraus. Abaixo da escada vazada, havia um pequeno lago. Mesmo na escuridão no início da noite, podia ver o movimento de peixes ali embaixo e o barulho tranquilizador de um pequeno moinho. Chegou enfim à porta principal que era dupla e lapidada perfazendo o desenho de um dragão. Respirou fundo e abriu a porta.

Ah-Lis seguiu por um corredor e viu-se de repente no hall de entrada. Viu então a escadaria que dava para o segundo piso. A sala era linda toda decorada com plantas e estatuas neoclássicas. Numa parede, havia um enorme monitor de TV. No sofá que preenchia o centro do Hall, um homem estava sentado, comendo pipoca displicentemente.

– Boa noite, mocreia! – falou ele, com a boca cheia.

Ah-Lis sorriu nervosamente. Não esperava encontrar ninguém tão cedo. Pensou em subir logo as escadas, mas seria estranho de sua parte, então resolveu enfrentar o primeiro contato. Pelas fotos, Ah-Lis identificou aquele homem loiro e sardas pelo rosto como Han Kyo, irmão adotivo de Ah-Lis. Tentando em vão assumir a postura de Liz-Ah, Ah-Lis respondeu:

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Han Kyo, irmão adotivo de Liz-Ah (Ator Lee Jong Suk)

– Boa noite, Kyky! – falou ela, tentando não gaguejar, enfatizando o apelido Kyky de Han Kyo. Depois encaminhou-se para a escada.

– Ei, chega aí… – falou Han Kyo, olhando estranho para Ah-Lis. – Está dando Esquadrão da Moda Coreano!

Ah-Lis lembrou-se do que a irmã lhe falara: ir diretamente para o quarto, evitar contato nos primeiros dias.

– Estou um pouco cansada. Vou para o meu quarto dormir. – falou Ah-Lis, subindo rapidamente a escada. Por sorte, Han Kyo não prestou muita atenção nela e voltou a olhar o monitor.

No piso superior, o corredor se abria num grande hall. Ali também havia sofás, pufes e plantas. Escutava vozes, mas não conseguia identificar de onde vinha. Andou bem devagar pelo corredor. O primeiro quarto estava com a porta entreaberta. Ah-Lis espiou pela fresta. O aposento era enorme. No centro havia uma cama e sobre ela, um paletó bem dobrado. Internamente, havia uma outra porta que também estava entreaberta e pelo vapor que saía dela, Ah-Lis imaginou que havia alguém ali a tomar banho. Seria o quarto do marido de Liz-Ah? Do outro lado, quase em frente a porta do quarto que estava entreaberto, havia outra porta, com uma carinha infantil na porta com o nome Tae Ji em Hangul. Ah-Lis sorriu.

Então, ali deveria ser o quarto do seu sobrinho: Tae Ji.

Quando chegou a terceira porta, abriu-a e fechou-a atrás de si. Procurou algo que identificasse o quarto de sua irmã, mas não precisou procurar muito. Sobre a escrivaninha, havia diversas fotos, todas da irmã. Apreciando as fotografias, Ah-Lis sentiu uma vontade enorme de poder falar com ela, contar e saber tudo o que havia acontecido em suas vidas. Bem… ao menos, a vida da irmã parecia perfeita, como num conto de fadas. Assim imaginava.

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Ah-Lis olhou em volta, memorizando cada quadrado do quarto. Era tudo muito bonito e organizado e a cama era linda e gigante como a do quarto ao lado. Havia duas portas no seu quarto: uma dava para um banheiro enorme com uma banheira gigante no centro e a outra dava para um outro quarto menor onde havia uma infinidade de peças de roupas, sapatos, vestidos, bijuterias, enfim.

Escolhendo uma camisola rosa e comprida e um roupão marrom também com mangas compridas, resolveu tomar banho.

Não resistiu à banheira gigante. Perdeu algum tempo para descobrir como funcionava: havia três torneiras: uma corria água quente, a outra água fria e a outra uma essência perfumada que se espalhava pela água formando bolhas.

Nunca na sua vida havia tomado um banho tão bom. Divertiu-se tanto que foi custoso para ela sair. Quando saiu, viu que todo o corretivo e a base que sua irmã espalhara pela sua perna e pela têmpora havia saído na água. As manchas roxas pelo corpo lembravam-na de seu marido. Tinha medo do que Kim Tae Hoon poderia fazer com Liz-Ah. Ela parecia uma mulher tão fina e elegante, não tinha certeza se poderia lidar com ele e se sentiria muito culpada se algo acontecesse a ela.

Aquele pensamento intranquilizou-a e ela passou a caminhar ida e volta pelo quarto.

Lembrou-se depois da porta de seu sobrinho e sorrindo imaginou que já era tempo de vê-lo. Isso aliviaria um pouco a sua ansiedade.

Abriu a porta do quarto e olhou para ambos os lados. Como não viu ninguém, cruzou o corredor e abriu a porta do quarto do sobrinho. O quarto era lindo: todo enfeitado em cores azuis, com ursinhos e anjinhos espalhados pela parede. No centro do quarto estava o berço e no berço o mais lindo bebê que já vira. Tae Ji tinha os olhos bem rendondinhos, puxado levemente para cima. Provavelmente tinha os olhos do pai, mas muito dos traços da mãe. Tinha uma bochechinha rosada e abriu um sorriso assim que a viu.

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Enternecida pelo sobrinho que brincava com um chocalhinho, Ah-Lis pegou o bebê no colo e ninando-o cantarolou uma das cantigas que a irmã Ye Soo Jung costumava cantar para ela, quando era criança.

Distraída, nem percebeu que a porta se abrira e alguém havia entrado no quarto.


– O que diabos está acontecendo aqui?


Ah-Lis virou-se assustada com a voz firme que escutou atrás de si. Sabia quem ele era. Havia visto a foto, havia memorizado cada linha de seu rosto, mas nunca imaginou que ele teria uma presença tão amedrontadora. Ele vestia um roupão branco, mas parecia ter uma sombra em seu olhar. Entendia agora porque sua irmã precisava de tempo para pensar. Sabia que aquele homem não voltava atrás nas decisões que tomava.

Cha Tae Gun, presidente do grupo Cha (Ator Jo in sung)


– T-tae G-gun! – falou Ah-Lis, tentando controlar o nervosismo. Seu coração parecia querer pular pela boca.


– Eun-Na! – falou Tae Gun, ainda num tom mais alto e segundos depois, por uma porta lateral do quarto do bebê, uma jovem apareceu.


– Sr. Tae Gun, Sra. Liz-Ah. – falou a jovem e ela olhava surpresa e assustada para Ah-Lis, como se ela estivesse cometendo algum crime.

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Eun-Na, babá de Tae Ji (Atriz Park So Dam)


– O que faz com o bebê no colo? – perguntou Tae Gun, com o olhar estreito, fixo em Ah-Lis.


Ah-Lis engoliu em seco e olhou para o bebê que parecia perfeitamente confortável em seu colo.


– E-eu… eu só queria ver… eu só queria ver meu filho… – falou ela, aproximando ainda mais o bebê de si, como se o protegesse.

– Que brincadeira é essa, Liz-Ah? O que diabos você está querendo desta vez? – falou Tae Gun num tom sério e ameaçador.


– Nada, eu não quero nada. – falou ela sem entender direito o comportamento agressivo do marido de sua irmã.


– Eun-Na… pegue o bebê, AGORA!


Eun-Na, a jovem que parecia ser a babá, tirou o bebê do colo de Ah-Lis e colocou-o novamente no berço.


Sem saber direito o que fazer e sentindo-se acuada, Ah-Lis caminhou para fora do quarto. Ainda no corredor, escutou a conversa de Tae Gun com Eun-Na.


– Não esqueça de ligar a babá eletrônica, Eun-Na. Não confio nem um pouco em deixar Liz-Ah perto do bebê.


– Mas ela nunca chega perto, sr. Tae Gun. Não sei por que ela resolveu hoje querer pegar ele no colo…


Aborrecida e confusa, Ah-Lis voltou ao seu quarto. Não podia acreditar simplesmente que sua irmã não chegava perto do bebê. Alguma coisa não estava certa. Liz-Ah falara do bebê com um grande carinho. E nenhuma mãe quer ficar afastada de seu filho. Ela mesma sentiu uma grande ternura pelo menino, querendo tomá-lo nos braços, niná-lo, fingir, ainda que temporariamente, que ele era seu bebê.


Distraída em pensamento, não percebeu que a porta do seu quarto se abrira e que Tae Gun ali estava.


– O que está acontecendo, Liz-Ah? – perguntou Tae Gun, atraindo a atenção de Ah-Lis que se virou assustada. Em seguida,ficou nervosa com a presença dele ali em seu quarto.


– C-como…. como a-assim? – perguntou ela, confusa.


– Eu te conheço, Liz-Ah. Com certeza você está tramando alguma coisa.


– Só porque eu quis pegar o meu filho no colo? – perguntou Ah-Lis, aborrecida.


Tae Gun sorriu, mas parecia irônico.


– O “seu” filho? – falou ele, com um tom ainda mais sério e grave do que antes. – Agora ele é seu filho, Liz-Ah? Tudo o que eu quis ouvir nessa vida, nesses seis meses da vida desse menino é que ele é seu filho, mas nunca você sequer quis ouvir falar sobre ele e agora… ele é seu filho, você pega ele no colo e o faz ninar? Fala sério, Liz-Ah… fale logo o que está acontecendo.


Ah-Lis não sabia o que fazer, mas sabia pelo tom sério de Tae Gun que ele esperava uma resposta. Ah, que idiotice sua ter saído do quarto já na primeira hora. Era óbvio que ela não poderia fingir para aquele homem tão ameaçador.

Estava com tanto medo dele quanto tinha de seu marido. Não sabia nem ao menos como fingir. Sua irmã parecia tão alegre, tão viva, tão generosa. Mas aquele homem parecia pintar uma Liz-Ah completamente diferente: distante e fria. Qual das duas seria a verdadeira?


– E-eu… eu não sei… eu estou me sentindo um pouco estranha e por um momento, eu quis ver o bebê… e… eu… eu não sei… juro que não sei…


Tae Gun ficou ali olhando seriamente para ela, depois demorou-se em seu corpo e seu cabelo.


– Você está mesmo diferente. – disse ele, aproximando-se dela. – Você perdeu peso e está com olheiras… não parece bem. Você está doente? Quer que eu chame o Dr. Sun Doo Yo?


– Não… não… não é necessário. – falou ela, tensa pela aproximação, quando ele a segurou pela cintura com uma mão e com a outra, tocou a cicatriz na sua têmpora. Assim que os dedos dele tocaram sua pele, Ah Lis sentiu uma estranha corrente elétrica perpassando seu corpo.

Tae Gun e Ah Lis


– Como é que fez isso? Eu nunca tinha visto isso antes. – disse ele, tirando umas mechadas de sua franja para ver o machucado.

– Eu estou bem, bati com a cabeça alguns dias atrás, já está cicatrizando.

– Isso não me parece uma batida simples, Liz-Ah, pois parece-me algo sério, um corte profundo.

– Não é nada… nem dói mais. – Ah-Lis segurou a respiração rezando para que ele se afastasse. Nunca na sua vida esteve tão próxima de outro homem que não fosse Kim Tae Hoon.

Tae Gun parece ter percebido, pois franziu o cenho ao ver que Liz-Ah parecia nervosa e trêmula.

– Por que está tão nervosa, Liz-Ah? Será que me odeia tanto assim? Eu ainda sou seu marido, mas não vou tocar em você. Agora, nem mesmo se eu quisesse. Seus rompantes e suas excentricidades começam a me cansar…

Tae Gun saiu do quarto e Ah-Lis pode enfim respirar.

Ainda trêmula, Ah-Lis sentou-se sobre a cama, tentando entender o que estava acontecendo. O que estava acontecendo entre sua irmã e ele? E entre ela e o bebê?

Custou a dormir naquela noite, apesar da cama mais do que confortável pois o tempo todo ficava pensando na sua irmã e em como ela estaria agora. Kim Tae Hoon era tão ameaçador quanto Tae Gun, mas apesar do tom sério e grave, no fim, Tae Gun parecia genuinamente preocupado com ela. Achava que ele amava Liz-Ah e que só estavam passando por uma fase difícil. Esperava que a irmã tomasse a melhor decisão pensando naquela família que aparentava ter graves problemas.


Durante a noite, escutou um barulhinho estranho. Por conta dos anos em que dormiu ao lado de um homem que a qualquer momento poderia se tornar violento, Ah-Lis aprendeu a dormir sempre alerta, atenta a qualquer movimento ou barulho.

Depois de uns segundos, lembrou que estava numa mansão, num quarto de sonhos e que o barulhinho era seu sobrinho balbuciando.

Levantou-se. Achou que agora talvez fosse o momento, já que todos pareciam estar dormindo. Em seguida, abriu a porta do quarto do sobrinho. A luz da babá eletrônica estava ligada. Provavelmente, o outro monitor estaria no quarto da babá. Para abafar o som, Ah-Lis colocou uma fralda sobre o buraco do microfone e com um sorriso maroto pegou novamente o bebê no colo. Ele choramingou um pouquinho, mas ela balançou-o até que ele dormisse novamente. Depois sentou-se num sofá, olhando para cada detalhezinho do rosto dele. Que lindinho era seu sobrinho! Sua família… mal podia acreditar.

Ficou com ele no colo quase uma hora e depois, quando sentiu os olhos pesarem, colocou-o suavemente sobre o berço, retirou a fralda da babá eletrônica e saiu silenciosamente do quarto.