Duas Faces no Espelho – 30 – A arma

Capítulo 30 – A arma

A porta da sala onde Ah-Lis, Liz-Ah, as religiosas e as crianças estavam trancadas abriu-se subitamente.  

Para a surpresa de Ah-Lis, não era somente Kim Tae Hoon que estava ali diante dela, mas também Na Kyo, com uma perna engessada, olheiras profundas e cabelo desgrenhado, diferente da educada socialite que sempre fora.

Kim Tae Hoon agarrou Ah-Lis pelo braço e em seguida fechou a porta novamente.

– É melhor não se aproximar mais, ou estouro os miolos da sua amante, Cha Tae Gun! – falou Kim Tae Hoon, exasperado.

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Foi então que Ah-Lis entendeu. Viu que Tae Gun estava ali no corredor e havia parado ao ver que Kim Tae Hoon tinha Ah-Lis em suas mãos, ameaçando-a com uma arma.

Na Kyo, atrás do Tae Hoon, sorria sarcasticamente.

– Então vocês estão juntos? – falou Tae Gun, surpreso com a presença de sua sogra ali, junto com Kim Tae Hoon.

– Foi Tae Hoon que facilitou a minha fuga, caro genro. – falou  Na Kyo, aproximando-se de Kim Tae Hoon – Nós temos um acordo milionário. 5 milhões por cada irmã.

– Solte Ah-Lis, Na Kyo. Eu lhe dou o dinheiro que quiser, mas solte-a!

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– Liga mais para essa idiota do que para Liz-Ah, que foi educada por mim para ser a perfeita esposa de um homem importante? Você é mesmo ridículo, Tae Gun! – esbravejou Na Kyo.

– Ah-Lis é muito mais do que você e Liz-Ah juntas podem ser… – falou Tae Gun e seu olhar cruzou com o de Ah-Lis.

Ele fez um leve movimento com a cabeça como que para dizer “vai ficar tudo bem”. Mas nada ficaria bem.  Kim Tae Hoon mantinha  o revolver em riste, apontando direto para Tae Gun.  Ah-Lis jamais se perdoaria se algo acontecesse ao homem que amava.

– Não faça uma loucura, Kim Tae Hoon! Solte a gente e vá embora! – falou Ah-Lis, tentando chamar a atenção para ela.

– E deixar os meus milhões? – falou Na Kyo, aproximando-se de Ah-Lis por trás para puxar seus cabelos com força.

– Larga ela, maldita! – falou Tae Gun, dando alguns passos na direção deles.

– Fique parado, ou a última coisa que verá será os olhos de Ah-Lis saltando da face – disse Kim Tae Hoon, apertando o cano do revolver contra a têmpora dela.

– E se quiser ter ela de novo viva, terá que me dar 10 milhões de dólares, hoje.  – falou Na Kyo, ainda puxando os cabelos de Ah-Lis para trás.

– Não a machuquem… eu tratei o dinheiro… – falou Tae Gun, gesticulando com as mãos.


Tae Gun pensava em recuar, voltar e falar com Park Hae Soo e explicar a situação, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma coisa aconteceu.

Ah-Lis estava entre Na Kyo e Kim Tae Hoon, por isso, com a perna esquerda deu um chute na perna quebrada de Na Kyo que caiu com o golpe e com o seu braço quebrado (que também estava engessado), deu uma cotovelada em Kim Tae Hoon que deixou cair a arma.

Então Tae Gun agiu. Correu em direção a Ah-Lis e a puxou afastando-a de Kim Tae Hoon. Antes que pudessem fugir, Kim Tae Hoon se levantou e em seguida, os dois começaram a brigar até rolarem pelo chão.

Ah-Lis fez menção em catar do chão a arma de Kim Tae Hoon, mas Na Kyo a segurou.

– Não mesmo, vadia! – disse Na Kyo, dando-lhe uma bofetada no rosto, fazendo Ah-Lis cair.

Em seguida, a bandida aproximou-se dos dois e com a arma deu uma coronhada na cabeça de Tae Gun, fazendo-o cair desacordado. 

Ah-Lis, num impulso, levantou-se e avançou contra Na Kyo, as duas passaram a lutar pela arma.


– Parem as duas! – gritou o detetive Park Hae Soo que havia invadido o corredor de arma em punho.

Vendo a situação, Kim Tae Hoon que havia acabado de levantar-se em pé, parou e ergueu as mãos para o alto, dando-se por preso, mas as duas, que estavam entre Kim Tae Hoon e Park Hae Soo, ainda continuavam a lutar pela arma, até que um estampido se fez ouvir por todo o orfanato.

Park Hae Soo ficou apreensivo, sem saber o que fazer, sem saber se deveria se aproximar ou mantinha a distância necessária. Em seguida, Na Kyo tombou, uma grande mancha vermelha se espalhava pelo estômago.

Em choque, Ah-Lis estava ali parada, observando a vida se esvair do corpo da mulher que foi sua mãe por alguns dias e uma sensação de perda lhe invadiu.

– Ah-Lis, dê-me a arma… dê-me a arma, Ah-Lis… – falou Park Hae Soo, com uma voz bem suave, tentando se aproximar.

Ah-Lis virou-se para ele e os dois trocaram olhares.

Ele viu no semblante de Ah-Lis, algo que nunca pensou que iria encontrar: um sorriso irônico e um olhar maquiavélico.

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Depois disso, ela se virou novamente para onde estava Kim Tae Hoon, levantou o braço em riste, apontou para a cabeça do marido e atirou.