Duas Faces no Espelho – 31 – Transtorno

Capítulo 31 – Trasntorno

Oito meses depois…

Instituto Psiquiátrico “Santa Luzia”


– E então?

Ah-Lis levantou o rosto para encarar os inquisidores olhos azuis de Dr. Bo Jung

– Qual é mesmo a pergunta? – Ah-Lis disfarçou. Precisava de tempo para pensar.

– Hum… Ah-Lis, Ah-Lis. Você sabe qual é a pergunta e não quero que use de subterfúgios. A pergunta é: por que decidiu mais uma vez não recebê-lo? Achei que você já havia decidido que aceitaria a visita de Cha Tae Gun.

– Não sei ao certo… – respondeu ela, querendo que Dr. Bo encerrasse aquele assunto.

– Você recebeu sua amiga Ko Eun Min e vem recebendo constantemente as visitas da Ir. Ye Soo Jung. Até de sua irmã Liz já recebeu visita. Por que justo Tae Gun, você não quer receber?

Ah-Lis perscrutou o próprio coração. Não estava nada claro para ela a razão e tinha dificuldades em expor o que sentia.

– Eu… eu tenho medo. – respondeu ela, por fim. Parecia a melhor resposta.

O psiquiatra, contudo, não parecia satisfeito. Franziu o cenho por um segundo, mas depois sorriu.

– Do que?

Lá vinha ele com aquelas perguntas que não tinham respostas.

– Já conversamos sobre isso… você sabe o que é, não é? – falou ele, desafiando-a.

Ah-Lis sabia que era um desafio, pois sempre que ele se intrigava ou a desafiava, Dr. Bo costumava tirar os óculos quadrados e depositá-los sobre a mesa, exatamente como agora. Isso a fez sorrir.

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– Mecanismos de defesa… – respondeu Ah-Lis, prontamente. Na teoria era fácil saber exatamente o que era, o que não indicava uma prática aceitável.

– Ah, bom! Fez o dever de casa! – falou o doutor, de bom humor.

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– Já terminei o último livro. Devo começar o outro hoje – falou ela, animada com a possibilidade de mudar de assunto, ao menos, temporariamente.

– E o que achou? – perguntou ele, juntando as mãos sobre a escrivaninha como se fosse rezar.

– O senhor tinha razão: eu me vi espelhada nos estudos de caso e, depois, nas descrições do transtorno. – admitiu Ah-Lis. De fato, o livro que o Dr. Bo lhe dera foi muito revelador.

– E sabe para que eu lhe dei o livro? – perguntou Dr. Bo, novamente a desafiando.

Ah-Lis pensou um segundo antes de responder.

– Para que eu… me compreendesse melhor?

– Também! – falou ele, com aquele jeito calmo e brincalhão. Arregalava os olhos e Ah-Lis tinha a certeza de que agora ele a direcionava como bem queria – Você é uma mulher inteligente. Eu não saio por aí, dando livros de psicologia e psiquiatria para meus pacientes. Mas eu sabia que você compreenderia melhor algumas questões a respeito de si mesma. Mas não foi esse o meu principal motivo.

– Então, para que? – perguntou Ah-Lis, curiosa.

– Para que acreditasse no meu diagnóstico, Ah-Lis!

Ah-Lis franziu o cenho sem entender direito onde ele queria chegar.

– Você não é uma psicopata, nem uma esquizofrênica, nem irá matar pessoas por aí, totalmente descontrolada. Você tem um transtorno, sim, mas o seu transtorno não faz de você uma assassina. Além disso, você estava em choque.

– Mas eu matei Kim Tae Hoon, Dr. E matei porque quis… fria e calculadamente.

– Você já me disse isso muitas vezes! Mas não é assim que as coisas procedem em nosso cérebro. Você foi ameaçada por ele tantas vezes em situações muito piores da que se encontrava. Então, porque só naquele momento, decidiu tirar a vida dele, depois que ele já havia se entregado?

– Nós já conversamos sobre isso! – reclamou ela. Lembrar daquele dia, ainda a perturbava demais.

– E o que você entendeu, Ah-Lis? Fale, por favor… embora seja desagradável para você lembrar, é importante que você exponha em palavras o que está pensando e sentindo. Por que o matou, Alis?

Ah-Lis olhou pela janela. O som dos pássaros no pátio externo do instituto parecia chamar por ela. Gostaria de estar lá fora lendo um bom livro à sombra do salgueiro do que estar ali. Mas sabia que essas conversas com o Dr. Bo a ajudavam e muito.

– Porque… porque havia pessoas que eu amava em perigo. E eu considerei Kim Tae Hoon uma ameaça e o aniquilei.

– Exatamente! Você não agiu de maneira dolosa, Ah-Lis. Não o mataria em qualquer outra ocasião. Você não é uma assassina. Não é uma mulher má. É somente uma mulher que passou por muitas dificuldades e atribulações que causaram o transtorno que você tem.

Transtorno da Personalidade Esquiva, não é? – perguntou Ah-Lis, tentando lembrar a descrição do livro que o Dr. Bo lhe emprestara – Eu tenho medo de contato social, é isso?

– É mais do que isso: você quer evitar a todo custo as situações que desencadeiam ansiedade e tensão. Você quer se proteger, por isso os mecanismos de proteção, porque acha que vai sofrer. E agora eu retorno a pergunta, Ah-Lis: porque você está evitando receber a visita de Tae Gun?

Ah-Lis esfregou as mãos nervosamente. Já o conhecia nesses oito meses de tratamento. E sabia que o Dr. Bo nunca deixava uma questão em aberto nas sessões. Por isso respirou fundo  e tentou responder como entendia:

– Por que eu tenho de me machucar.

-Fisicamente, Ah-Lis? – perguntou o Doutor, mas ambos sabiam a resposta.

– Não. Não fisicamente. Eu tenho medo de me envolver emocionalmente  e ser abandonada, como meus pais verdadeiros ou… – Ah-Lis pensou um momento – Eu tenho medo de ser… não sei… julgada por ele, talvez.

– Hm… talvez. – O Dr. Bo pensou um instante. – Você conversou com Tae Gun depois do que aconteceu com Kim Tae Hoon?

– Não… – falou Ah-Lis, puxando pela memória – Durante o meu julgamento, eu resisti a todo custo olhar para ele, mas houve um momento em que nós trocamos olhares.

– E o que viu nos olhos dele? – perguntou o psiquiatra.

– Não sei… preocupação, talvez.

– Preocupação, Ah-Lis. Nós nos preocupamos somente com as pessoas que significam algo para nós, você mesma já me disse isso antes.  

– Ei sei, mas… mas eu matei três pessoas, Doutor. E uma delas porque eu quis, de caso pensado. Eu não mereço Tae Gun. Não mereço… não mereço o amor dele. – concluiu ela, com tristeza.

– Hm… sei – falou o Dr. Bo, analisando o rosto de Ah-Lis. – Veja bem, Ah-Lis: você foi julgada por vinte e um jurados que não conheciam você, nem tinham qualquer tipo de contato com você. Os vinte e um escutaram sua história, seu histórico de abusos e, de forma unânime, votaram pela sua absolvição. Julgaram você inocente, Ah-Lis. Se eles, que não te conheciam, te inocentaram, porque acha que Tae Gun, o homem pelo qual você é apaixonada, irá te julgar culpada?

– Não sei… – falou Ah-Lis, depois de alguns segundos.  – Mas, e se for assim… e se ele… e se ele não me perdoar pelo que fiz?

– Pode acontecer, claro. Não há como saber. Ele é uma pessoa diferente de você, Ah-Lis. Pode ser que não a julgue ou pode dizer que você é a pior mulher do mundo. É o direito de cada um pensar por si mesmo. Não é esse o problema, Ah-Lis, entende?

– Não. Para mim esse é o problema! – disse Ah-Lis, sem entender o rodeio do Dr. Bo

– Não, Ah-Lis. A questão toda é você conseguir enfrentar o que precisa enfrentar. E talvez, de fato, Tae Gun a julgue culpada e não queira jamais te perdoar. E então, você pode se magoar, mas terá que aprender a lidar com essa perda. Ou, por outro lado, vocês podem ficar juntos, e você também vai ter que aprender a lidar com essa situação.  O que não dá para fazer, Ah-Lis, é evitar o mundo fora dos muros do Instituto. É essa a questão: você sempre foi machucada – tanto por seu padrasto quando por seu marido – e desenvolveu mecanismos de proteção. Mas esquivar-se não vai fazer os problemas desaparecerem. Talvez só criem outros problemas… entendeu?

Ah-Lis abaixou a cabeça, tentando anAh-Lisar as palavras do Dr. Bo.

– Mas…

– Quanto mais tempo você demorar para enfrentar uma situação, mas difícil ela parecerá, Ah-Lis. Você está aqui há 8 meses. O juiz sentenciou você a apenas seis meses de tratamento. É você quem decidiu ficar, mas não poderá ficar aqui para sempre, você sabe disso… – falou ele, de forma suave e enérgica ao mesmo tempo.

Ah-Lis respirou fundo. De fato, era verdade que já havia passado do tempo de tratamento do transtorno especificado pelo Juiz, mas não se considerava preparada para sair daquele lugar.

– A sessão de hoje acabou, de qualquer forma. – falou o Doutor, observando o relógio de mesa. – Mas quero que pense nisso, leia o outro livro que lhe dei e conversaremos na quinta-feira!

Ah-Lis assentiu e saiu da sala do Dr. Bo para o corredor, onde havia um banquinho de espera. Kim Mo Yan, uma das colegas de quarto de Ah-Lis, estava ali, aguardando. Ela parecia nervosa, balançava as pernas agitadamente. Quando Ah-Lis saiu da sala, ela logo se ergueu e passou por ela, como se não a conhecesse.

O caso de Mo Yan era muito parecido com o de Ah-Lis, embora o diagnóstico do transtorno havia sido muito diferente.

Mo Yan também sofreu abusos do marido, mas um dia acordou à meia-noite, ensopou o marido de gasolina e o queimou vivo.

Foi inocentada pelo júri, mas sentenciada a 10 anos de tratamento. Isso porque o Dr. Bo havia testemunhado, dizendo que Mo Yan era esquizofrênica. Ela escutava vozes e se não fosse medicada e tratada, poderia matar novamente.

Com Ah-Lis, foi diferente. Já no julgamento o Dr. Bo testemunhara que Ah-Lis tinha o tal ‘Transtorno de Personalidade Esquiva’.

Disse que não julgava Ah-Lis capaz de assassinar uma pessoa e que, apesar de estar sendo julgada por três assassinatos, somente um indicava intenção (o homicídio de Kim Tae Hoon). 

A reação de Ah-Lis no homicídio de Kim Tae Hoon, segundo o psiquiatra, foi causada por um forte estresse emocional.

A promotora argumentou, dizendo que Ah-Lis já havia estado sob estresse emocional na presença de Kim Tae Hoon. Chegou a mostrar as fotos de Ah-Lis que ainda tinha manchas roxas no estomago.

Rememorou o testemunho da Ir. Ye Soo Jung e Ko Eun Min sob o período em que estivera encarcerada por Kim Tae Hoon.

O Dr. Bo rebateu dizendo que a situação que aconteceu no orfanato era diferente.

Não era somente Ah-Lis em perigo, mas Ir. Ye Soo Jung, as religiosas, as crianças, a irmã gêmea de Ah-Lis e, principalmente, Tae Gun Trevor, pelos quais Ah-Lis nutria laços emocionais.

Foi essa situação de ameaça que disparou em Ah-Lis a reação defensiva que resultou no assassinato de Kim Tae Hoon.

O júri a considerou inocente das acusações de homicídio culposo de Na Kyo e Sun Doo Yo e homicídio doloso de Kim Tae Hoon, mas o Juiz solicitou um período de tratamento psiquiátrico no instituto estadual.

O Instituto de Tratamento Psiquiátrico do Estado era muito próximo de uma prisão.

Os quartos eram individuais e pareciam celas minúsculas e sufocantes.

Não havia área externa e os funcionários pareciam sempre sobrecarregados com a quantidade excessiva de pessoas.

Era um lugar depressivo e horrível e Ah-Lis achou que definharia ficando seis meses naquele lugar.


Para sua sorte, porém, o Dr. Bo solicitou sua transferência para o Instituto Psiquiátrico ‘Santa Luzia’ no qual era também diretor.

Só meses mais tarde, Ah-Lis descobriu que foi Tae Gun quem havia solicitado a transferência e quem havia pagado pelo seu tratamento naquele instituto particular que era muito diferente do anterior: os quartos eram divididos com três pessoas, mas eram amplos e as camas confortáveis, com janelas ao invés de grades.

Claro, havia monitoramento constante, mas Ah-Lis tinha permissão para ir aos jardins, um pátio externo com árvores e flores no qual passava as tardes.

Foi o que fez naquele dia. Como as sessões do Dr. Bo eram sempre nas terças, quintas e sextas à uma hora, tinha das duas até as cinco para ler ao pé de salgueiro, onde havia um banquinho.  

Passou antes no seu quarto e apanhou o outro compêndio que o doutor lhe dera cujo título era: “A esquiva: o transtorno e seus mecanismos”.

Passou pelo corredor central, avisou o porteiro que iria sair e alcançou a saída.

O sol bateu forte em seu rosto, mas ao aproximar-se do salgueiro, viu que a sombra e o vento melhoravam o clima quente. Sentou-se e abriu o livro, no primeiro capítulo: ‘Entendendo o Transtorno da Personalidade Esquiva’.

Naquela tarde, porém, estava difícil concentrar-se na leitura. Pensava em Tae Gun. Ele havia sido tão bom para com ela, tão compreensivo.

Ela, no entanto, desde que fora internada, na verdade, desde o dia em que cometera o infame assassinato de Kim Tae Hoon, não permitira que ele a visitasse enquanto estava na prisão e depois, ali, no lugar que ele mesmo estava pagando.

Era injusta. E sabia disso. Uma vez o Dr. Bo lhe dissera: ‘Você acha que não o merece, Ah-Lis. Mas e Tae Gun? Ele não merece ficar com a mulher que ama depois de tudo o que fez por você?”.

Aquela era uma questão que afligia seu coração. Ela não queria ser egoísta, mas estava sendo ao não permitir que ele a visitasse. Era um mecanismo de proteção, como aprendera no outro livro, mas, mesmo compreendendo o que era, não era fácil se livrar dele.

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Desejava mais do que tudo no mundo, poder ver Tae Gun novamente, poder abraça-lo e se entregar em seus braços agora que estava livre de qualquer ameaça e, ainda assim, não conseguia se presentear com esse conforto, como se quisesse se punir.

O problema é que, além de estar se punindo, poderia estar também punindo ao homem que amava.

Por outro lado, havia a possibilidade que ela mais temia, a de que ele a odiava e que queria visita-la apenas para dizer o quanto ele a desprezava.

E isso assustava Ah-Lis, mais do que tudo no mundo. Ainda não sabia como fora capaz de matar Kim Tae Hoon.

Mas sabia muito bem o que sentiu na hora: alívio, alívio por estar livre, por ter aniquilado as ameaças que circundavam as pessoas que amava. Tae Gun, principalmente.

Mas sabia, tinha a consciência do que estava fazendo. Diferente de Mo Yan que escutava vozes e que precisava estar sempre sob tratamento químico, Ah-Lis agira de forma consciente.

E talvez fosse isso o que mais a alarmava.


Sabia que precisava enfrentar agora o julgamento de Tae Gun.

Sabia que precisava encará-lo e depois, encarar o resultado daquele contato, mas nunca temeu tanto ver alguém na vida.

Achou que fosse sentir isso com Liz-Ah, mas foi muito diferente. Foi até agradável a visita que recebera de Liz-Ah. Parecia que as duas finalmente haviam se entendido.

Liz-Ah a visitara há dois meses atrás, antes de receber o veredicto de seu próprio julgamento. Liz-Ah estava respondendo em liberdade pela acusação de mandato de assassinato do próprio pai, pelo qual foi absolvida e por obstrução da justiça, pelo qual foi condenada.

Isso aconteceu porque o rapaz que ela havia contratado para dizer que havia participado do assalto de Baek Ha Ri e acusar Liz-Ah quando Ah-Lis estava no seu papel confessou dizendo que fora Liz-Ah quem tramara tudo.

O rapaz ganhou imunidade para testemunhar, uma vez que nunca participara do assalto feito a mando de Na Kyo, mas Liz-Ah não teve a mesma sorte e foi sentenciada a dois anos de prisão. 

Foi acertado que ela cumpriria apenas seis meses e o restante teria que prestar em serviços sociais. A ironia era tanta que Liz-Ah concordou em servir no orfanato de Ir. Ye Soo Jung como professora de artes plásticas.

Quando Liz-Ah a visitou, ela esperou que a irmã fosse culpá-la como antes e brigar com ela, mas foi bem diferente.

A irmã parecia outra pessoa. Depois de ter perdido o irmão e sofrer nas mãos de Tae Hoon, Liz-Ah parecia um pouco transtornada, mas foi delicada com Ah-Lis e ainda pediu perdão por ter tramado contra a sua vida.

Liz resolveu finalmente, dar a guarda integral do filho para Tae Gun. Por último, as duas se abraçaram e se perdoaram mutuamente por suas culpas e tragédias.

Ah-Lis não sabia se as duas se encontrariam mais uma vez. Até porque, Liz-Ah havia dito que os trinta milhões que Na Kyo havia desviado de Baek Ha Ri e que ela roubara de Na Kyo haviam sido liberados para ela.

Por isso, ela disse que depois que tivesse resolvido sua pendência com a justiça, tencionava viajar para Paris de onde jamais voltaria.

Entretanto, Ah-Lis acreditava que a história de Liz-Ah continuaria ali na Coreia, principalmente, quando Park Hae Soo frequentemente costumava visitar Liz-Ah com a tênue desculpa de estar verificando o andamento das coisas…

O detetive Park Hae Soo estava claramente apaixonado por Liz-Ah e ela, por sua vez, estava dando corda para esse relacionamento.

Ah-Lis estava contente por isso. Apesar de sua irmã ter sido muito má com ela, não queria que ela fosse infeliz. De qualquer forma, sabia que a irmã era assim, por conta de Na Kio.

A vida da irmã não deve ter sido fácil com um uma mãe adotiva que só se inportava consigo mesma.

Agora, era a vez de Ah-Lis resolver também sua pendência, mas com Tae Gun.

Fechou o livro resoluta e ficou de pé. Caminhou de volta até a entrada do edifício e passou pela portaria, cruzou o corredor principal e entrou no escritório do Dr. Bo.

Ah-lis levou um susto ao ver que Mo Yan ainda estava lá.

– Nossa próxima sessão é na quinta, Ah-Lis – falou o Dr. Bo, calmamente.

– Sei disso, doutor, mas acho que já estou pronta!