Capítulo 6 – O Bebê
Já era noite quando os últimos convidados foram embora e Ah-Lis e Tae Gun finalmente entraram na mansão. No Hall principal, Han Kyo estava aterrado no sofá, com uma garrafa de uísque na mão, visivelmente bêbado e sua mãe estava no outro sofá e parecia aborrecida.
– Tudo o que eu pedi foi educação na homenagem do seu pai e nem isso você pode fazer, Han Kyo, pelo amor de Deus, Ha Li era seu pai. E era um grande homem.
– É… rico, mas gastou toda a fortuna em projetos sociais ou no jogo e nos colocou na lama, mamãe. – esbravejava Ha Kyo, com a voz embargada – Se temos um teto sobre as nossas cabeças é por caridade de Tae Gun.
– Ei, por favor, não me incluam nessa discussão. – Falou Tae Gun olhando de soslaio para Ah-Lis, esperando que ela falasse algo. Entretanto, algo chamou a atenção de todos, de repente.
Eun-Na descia as escadas ligeiramente com o bebê Tae Gun, bastante agitado, no colo.
– Oh, graças a Deus. Já não sabia mais o que fazer e a festa parecia não terminar mais. O bebê está com febre e não sei o que ele tem.
– Vou ligar agora para Sun Doo Yo… – falou Tae Gun, tirando do fraque preto e elegante o celular.
Ah-Lis olhou para o bebê. Ele chorava muito, parecia incomodado, arranhando a orelhinha esquerda com a ponta dos dedos. A essa hora, Han Kyo e Na Kyo havia levantado e agora cercavam Eun-Na.
– Talvez seja melhor levar o menino ao hospital – sugeriu a mãe de Liz, Na Kyo, preocupada.Ah-Lis não resistiu e aproximou-se, indicando a Eun-Na que iria pegar o bebê. Eun-Na olhou para Tae Gun que terminava de falar com Sun Doo Yo no celular e como esse fez um sinal positivo, deixou que Ah-Lis segurasse o bebê.
Ela colocou o ouvido direito do bebê contra seu peito e com a mão em forma de concha, protegeu o outro ouvido.
– Nessa idade, é normal as crianças terem dores de ouvido. O calor na região faz a dor melhorar. Eun-Na, por favor, esquente uma fralda num ferro elétrico e traga-a para mim
Ah-Lis ninou Tae Ji que ainda chorava muito cantarolando uma canção qualquer.
Han Kyo, Tae Gun e Na Kyo olhavam a cena completamente aturdidos.
– Sun Doo Yo deve chegar em breve… – falou Tae Gun, mais interessado em observar Ah-Lis.
Quando Eun-Na chegou com a fralda aquecida, Ah-Lis colocou contra o outro ouvido do bebê e continuou a niná-lo. Em poucos minutos, o bebê se calou. Ah-Lis sorriu e levantou o olhar para Tae Gun, quando percebeu que o que fizera ia muito além de qualquer comportamento de Liz-Ah.
– Você também andou fazendo curso de maternidade às escondidas, mana? – falou Han Kyo, debochado, mas estava sério. – É meio difícil acreditar nessa cena. É algum problema hormonal…? Deve ser, você não acha, mãe?
Na Kyo olhava sério para Liz-Ah, mas permaneceu em silêncio.
– Acho que o problema é outro… – falou Tae Gun, num tom feroz que afligiu Ah-Lis. Antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, escutou Sun Doo Yo entrando no Hall.
– Nem havia chegado em casa quando recebi a sua ligação, Tae Gun – falou Sun Doo Yo, num tom divertido. – O que há com o bebê?
– Bem, ao que parece o bebê está com dores no ouvido, mas Liz já cuidou disso. – declarou Tae Gun, sem tirar os olhos de Ah-Lis.
Até Sun Doo Yo olhou para Ah-Lis com ar descrente.
– Bem, deixe-me examiná-lo, agora… – falou Sun Doo Yo e tirou do colo de Ah-Lis o bebê que já começava a dormir.
– Pode ir para seu quarto agora, Liz-Ah… – falou Tae Gun, novamente, naquele tom feroz, como se ela tivesse feito algo muito errado.
Visivelmente aborrecida, Ah-Lis, não teve outra alternativa, a não ser subir as escadas e entrar no seu quarto.
Sentou-se sobre a cama, com raiva de si mesma, mas em seguida, arrependeu-se. Pensou em levantar-se e descer novamente.
Afinal, aquele era seu sobrinho, filho de sua irmã e ela tinha o direito de saber o que estava acontecendo com o bebê. Mas depois de alguns minutos tranquilizou-se.
Vivera tantos anos no orfanato, ajudando Ir. Ye Soo Jung a cuidar das crianças que aprendera a diagnosticar os problemas de saúde nos pequeninos e a tratar essas enfermidades de forma bem caseira, com compressas, chás e descanso.
Eram raras as vezes que uma criança ia mesmo para o hospital e isso só acontecia quando era muito grave. Ir. Ye Soo Jung tinha o dom para essas coisas e Ah-Lis observara-a muito então sabia que não era nada grave. Um resfriadinho que afetou os ouvidos.
Mais tarde, quando todos estivessem dormindo, Ah-Lis faria um chazinho de erva doce com hortelã e levaria para o bebê. Tinha a certeza de que ele dormiria bem melhor.
Quando enfim, já havia resolvido que não sairia mais do quarto por hora, percebeu o trinco da sua porta girar e Tae Gun entrou, como um gigante enfurecido.
– Acho que precisamos ter uma conversa… – falou ele, num tom que fez Ah-Lis empalidecer.
– C-como está o bebê? – Ah-Lis perguntou sinceramente preocupada e ao mesmo tempo amedrontada.
– Como você disse… é o ouvido… uma afecção interna… mas você já sabia disso… eu me pergunto como… ?
– Como assim? – perguntou Ah-Lis, sem entender.
– Eu é que pergunto, Ah-Lis… como? Você nunca se interessou por esse bebê, nunca se aproximou dele, e de repente o conhece suficiente para diagnosticar acertadamente que o bebê tinha dores no ouvido? Eu acho isso meio difícil de acreditar… mas também não posso acreditar que você seria capaz de acometer seu próprio filho de uma doença para mostrar pra mim que sabe como cuidar dele.
– Meu Deus, Tae Gun… eu jamais faria isso… nunca… como pode dizer uma coisa dessas? – falou Ah-Lis, aturdida e profundamente magoada. – Como pode pensar uma coisa assim?
– Eu posso pensar qualquer coisa de você, Liz. É o que você deseja, não é mesmo…
Ah-Lis balançou a cabeça sem entender direito.
– Eu estava lá, Liz, no momento do nascimento no bebê. Você nem quis tocá-lo e disse para mim que o odiava e odiava a mim por ter feito você engravidar e disse que desejava que o bebê morresse… não foi isso que você me disse?
Ah-Lis deu dois passos para trás e assustada levou a mão a boca. Sua irmã teria falado uma coisa daquelas?
– Por que parece tão surpresa? Vai fingir que não lembra do que você disse? – falou Tae Gun, irônico.
– Er… Eu… eu deveria estar fora de mim. Com depressão pós-parto ou algo parecido, Tae Gun. Meu Deus, eu nunca diria isso… é só um bebezinho… um bebezinho lindo…
Ah-Lis parou de falar ao perceber que aquilo só enfurecia Tae Gun mais do que o necessário. Ele fuzilava-a com o olhar e parecia cada vez mais amedrontador.
– Pare com esses joguinhos imbecis… se está tentando me conquistar novamente… saiba que é tarde demais… e não quero que use meu filho desse jeito… deixe-o fora das suas tramoias, Liz-Ah… deixe-o ou eu juro por Deus que…