Capítulo 4 – Min-o
Han Kio não sabia muito bem o que fazer naquela hora. A princípio, via o Dr. Jack Cho como um possível suspeito, mas que suspeito deixava pistas de si mesmo, e que suspeito marcava a própria filha como uma possível vítima?
Estava mais para uma vingança. Alguém que tinha o Jack Cho como inimigo e que estava dizendo que iria atrás da garotinha.
“Aqui é a Detetive Ji Han Kio. Precisamos conversar. Sua filha pode estar em perigo.”, digitou ela, rapidamente na tela do seu celular no aplicativo de mensagens. Ela pegara o número do celular do médico “psicopata” com San Joo, já que o cartão estava arrolado como uma evidência.
Entretanto, antes de enviar a mensagem, apagou-a novamente. Não seria bom alertar o ‘bom’ doutor, até porque ela não sabia qual era o envolvimento dele nisso tudo.
O mais inteligente a fazer era intensificar a vigilância em cima do Dr. Cho e ver se o psicopata da lua cheia se aproximaria da filha dele.
Entretanto, com essa estratégia, ela poderia estar arriscando a vida de uma menininha de 10 ou 11 anos.
– Que merda! – gritou ela, para si mesma. Nenhuma estratégia valia o risco de uma vida, principalmente a de uma criança. Então, resolveu ligar. Pessoalmente, seria melhor, mas estava cansada e já era quase 3 horas da manhã.
Incrivelmente, ele atendeu depois de três toques.
– Alô – a voz dele não parecia o de alguém que foi acordado às 3 da manhã. Então, lembrou-se que médicos costumam fazer plantões de madrugada. Será que o CEO do hospital também tinha essa agenda?
– Olá, Dr. Cho. Aqui é a Detetive Ji Han Kio. Peço desculpas pela hora, mas nós precisamos conversar urgentemente.
– Estou no hotel Pacific. Nr. 1306. Venha imediatamente.
Um encontro? No Hotel? Com o dr. Psicopata? Isso não parecia uma boa ideia, mas ela tinha urgência e não perderia aquela chance.
Assim que o Dr. Cho desligou na sua cara, viu que uma nova chamava pululava na tela do celular. Era Min-o.
– Fala!
– Tá onde, Kio? – perguntou Min-o. Sua voz, diferente da do Dr. Cho parecia cansada.
– Na Delega… o que deu?
– Deu ruim! Deu muito ruim! – falou Min-o, sua voz tremia. – Tô no 7 andar da Delega. Tava numa reunião urgente com o comandante.
O setor de homicídios ficava no 3º andar do prédio da Delegacia Central de Incheon, onde eles trabalhavam. O 7º. Andar era do Comando Central.
– Fala, o que deu? – perguntou ela, ajeitando sua bolsa no ombro. Depois levantou o casaco de couro para se certificar de que sua Beretta calibre 38 estava a postos se precisasse dela em um encontro com o Dr. Psicopata no hotel.
– O idiota do nosso chefe Song Young Ko fez merda e sobrou pra mim. – desabafou
– O que o chefe fez dessa vez? – perguntou Han Kio, encaminhando-se para o elevador.
– Ele vazou para a imprensa sobre o cartão do Dr. Jack Cho ter sido encontrado dentro da boca da vítima. O problema é que o Dr. Jack Cho faz parte do partido liberal, oposto do Song Yong Ko. Daí o partido liberal pressionou o comandante que exonerou o Song Yong Ko e ainda transferiu o coitado para uma delegacia numa cidadezinha onde Judas perdeu as botas.
– Putz… perder o chefe agora… não é uma boa coisa. Quem vem pro lugar dele?
– Isso que é o pior. O comandante mandou EU assumir a porra do cargo. Acontece que VOCÊ deveria assumir, mas o comandante falou que tu é muito jovem e o caso é muito grande e toda a imprensa e a porra dos partidos estão de olho… daí sobrou pra mim, Han Kio. Porra… tu sabe que eu não sei essas merdas de chefia.
– Fica calmo e não surta! É só supervisionar o que todo mundo está fazendo. – aconselhou Han Kio, agradecendo interiormente por ela não ter que assumir mais uma merda no meio daquilo tudo – E lembre-se que eu sou a chefe das investigações. Então, você pode contar comigo. Aposto que melhor que o Song Yong Ko você será!
– Mas e se o psicopata vier atrás de mim? Eu sou casado e tenho família e você é…
– Solteira e posso morrer? É isso? – perguntou ela, irritada.
– Pô, foi mal, Kio, mas sabe… porra… se der merda nesse caso…
– Deixa de ser maricas, porra. – respondeu ela, já irritada. – Se você não assumir a chefia agora, pode esquecer da promoção que você queria. A coisa é assim mesmo… salário maior, maior a responsabilidade. Acha que foi fácil pra mim ser a chefe das investigações???
– Mas você não tem família, Kio … não tem que ir pra casa no fim do dia dar o boa noite pra mulher, nem acariciar a cabeça dos filhos. Você praticamente mora aqui na porra da delega.
– Vá a merda, seu puto! – respondeu ela, desligando o telefone.
Assim que a porta do elevador do elevador se abriu, ela entrou, agradecendo por ser um policial qualquer esperando ao invés do Min-O. Não que ela não gostasse dele.
De todas as pessoas que trabalhavam na delegacia, com certeza, Min-o era o cara que ela mais gostava.
Há anos atrás, quando acabara de entrar no setor de homicídios, chegou a pintar um clima entre eles. Apesar de ele ser bem mais velho do que ela, os dois quase se beijaram depois de encherem a cara em um bar.
Bem quando os lábios dos dois estavam quase se tocando, apareceu o nome da mulher do Min-O na tela do celular, lembrando a Han Kio que ele era casado e tinha família.
Agradeceu por aquilo, pois não queria ser o tipo de pessoa que estragaria um casamento de anos, só por causa de um clima.
Depois daquilo, deu o gelo no Min-o até ele entender que os dois eram colegas de trabalho, e só. Se ele chegou a trair a esposa com outra mulher, isso ela não sabia, mas Min-O gostava de jogar um charme para as policiais novatas.
No trabalho, apesar de confiável, Min-O era mediano. Enquanto ela fazia o triplo das vigilâncias e investigações, chegando a fechar casos quase impossíveis, ele mantinha apenas um bom nível de casos encerrados.
Por isso, quando Song Ko entregou a ela a chefia das investigações, ninguém achou estranho, pois ela era naturalmente uma líder. Min-o, mesmo sendo o mais velho, nem se importou com a promoção de Han Kio.
Nem ela se importava com a promoção de Min-o, agora. Afinal, se ela fosse a chefe do departamento, não poderia fazer as investigações ela mesma. Teria apenas que supervisionar todos os casos e preencher papelada.