Capítulo 6 – Park Sae Lee.
– O motivo pelo qual eu quis falar em particular com você é porque preciso lhe falar algo que é muito delicado. – falou o Dr. Cho.
– O senhor pode confiar em mim. Serei discreta com a informação, mas sabe que também sou uma investigadora, então, vou me certificar de que o senhor está falando a verdade. – falou ela, da forma mais sincera possível.
– Bert, Jin e eu estudamos juntos em Harvard nos Estados Unidos. Eles, direito e eu, Medicina. Só nos conhecemos lá, então, eles não sabem dessa parte da minha vida que eu gostaria de esquecer. Contei a Bert, pois achei que isso pudesse manchar minha reputação, mas ele não achou isso tão grave. Acho que agora ele deve repensar tudo isso de ‘lançar minha candidatura’. De certa forma, eu me sinto aliviado.
– O que ‘não é tão grave’, Dr. Cho. Por favor, conte-me, preciso de qualquer informação que seja minimamente relevante…
– Meu pai… foi o… como posso contar isso? – iniciou, parecendo bastante reticente. – Meu pai foi preso há muitos anos atrás, quando eu era um adolescente. Ele fazia ‘eutanásias’ nos pacientes.
Ji Han Kio olhou para o Dr. Cho. Se ele era um adolescente, ela era só uma criança, com certeza, não lembraria de um caso assim.
– Como é o nome do seu pai?
– Park Sae Lee. Mas não deve encontrar muita coisa sobre ele. Minha mãe pagou muito dinheiro para que o caso ocorresse em sigilo. E os advogados foram competentes para isso, infelizmente, ele perdeu no julgamento e foi condenado a pena de morte, Srta. Ji.
Han Kio anotou o nome do pai do Dr. Psicopata no caderninho que trazia consigo para possíveis depoimentos.
– Posso saber exatamente como Park Sae Lee, seu pai… – matava pessoas, pensou ela – … agia ?
– Ao todo, Park Sae Lee foi acusado de 123 mortes. E nem todos eram de pacientes terminais. Ele era um oncologista muito proeminente que salvou milhares de vidas. Por isso, foi muito difícil acreditar que ele tenha feito uma coisa dessas. Minha mãe morreu um pouco depois dele acreditando com todo o coração que ele era inocente.
– Havia provas ou evidências contra ele? – perguntou ela, cada vez mais curiosa com aquela nova informação.
– Todos os pacientes eram do meu p… do Park Sae Lee. Todos foram assassinados durante a quimioterapia. A princípio, parecia apenas uma reação ao tratamento, mas logo ficou claro que eram coincidências demais. E os exames dos pacientes revelaram que ao invés da quimioterapia, os pacientes estavam recebendo uma dose cavalar de um anticoagulante que levou as vítimas a terem hemorragias internas.
– Entendo sua reticência sobre esse assunto, mas o senhor deveria ter me dito isso antes. – Ralhou Han Kio, embora ela soubesse que esse assunto era muito delicado para um diretor de hospital proeminente – Precisaremos investigar todas as vítimas do seu pai. É bem possível que o psicopata da lua cheia seja um familiar vingativo.
– Sim… eu imaginei isso também. Existem alguns familiares de vítimas em especial que chegaram a perseguir minha mãe mandando cartas ameaçadoras, talvez, a senhorita queira iniciar sua investigação por eles. Eu lhe mandarei a lista no seu celular, tudo bem. Tudo bem, Srta. Ji?
Han Kio ficou em silêncio por alguns segundos. Aquela história do Dr. Cho parecia estranhamente familiar.
Havia uma coisa que ela tinha em comum com aquele médico: seu pai também foi um psicopata.
Também matou pessoas. Matou sua própria mãe. E como herança, deixou pessoas agressivas que acusaram e perseguiram Han Kio por toda uma vida.
– Desculpe… eu me distraí por alguns segundos. Sim… por favor, mande-me a lista no celular e eu o deixarei a par dessa investigação. Mas eu gostaria de conversar com a Sra. Baek, se for possível.
– Sim… – disse ele mexendo no celular – estou mandando meu endereço para você agora.
Ji Han Kio conferiu a tela do celular. A casa do doutor psicopata ficava em Jung-gu, o bairro histórico e mais caro de toda Incheon.
– Dr. Cho… uhm… imagino que não tenha mantido o nome Park de seu pai, por esse motivo.
– Sim… na época, como eu disse, eu era somente um adolescente, mas minha mãe insistiu em me dar um nome estrangeiro para ir estudar nos EUA. E desde então, mantive o sobrenome Cho, de minha mãe, e Jack, dado por minha mãe. Meu nome de nascença é Park Jae Ki.
– Obrigada por compartilhar isso comigo, Dr. Cho. Essas informações devem ajudar as investigações. Mas o que pretende fazer sobre sua filha Cho Na Ra?
– Vou intensificar a equipe de segurança e ela ficará em casa até segunda ordem. Ela já tem uma preceptora. Na Ra não vai gostar nada nada de ficar sem ir a escola por alguns dias, mas espero que isso a mantenha em segurança, até você pegar esse maldito que está matando essa gente e ameaçando minha filha.
– Espero poder pegá-lo, em breve, Dr. Cho… seja ele quem for – disse ela, quase como uma ameaça. Era muito provável que ele fosse apenas uma vítima, entretanto, até que finalmente achasse o culpado, não tiraria o Dr. Cho da sua mira.