Capítulo 17 – O espírito de Luz
Depois da consulta, quando às três saíram para o jardim, havia filas indianas com 10 à 15 espíritos, atrás de cada árvore.
Todos espiando amedrontados, com o espírito iluminado que ainda apoiava a sua mão no ombro de Irene.
Entretanto, a cartomante olhava para eles fazendo pouco caso.
Em seguida, Íris e Irene notaram uma linha branca, feito com um elemento granulado, no chão, separando o jardim em duas partes.
Uma parte, do portão até o final da construção onde foram atendidas. E a outra, era o restante do terreno onde ficava a moradia. – Íris sem cerimônia pergunta.- Isso é sal grosso?
– Sim.
– Mesmo! E para que serve isso?
– Serve para impedir que um espírito metido fique me incomodando, na minha casa!
Irene olhou em volta e sentiu que estavam sendo observadas, por isso, a mulher questionou.
– Você não os vê, né!? Mas pode sentir que estão aqui! Isso é ser sensitiva!
Irene olhou para Íris, com cara de quem estava satisfeita, prova que ela não estava com medo a toa, quando entraram na propriedade.
Contudo, Íris franziu o nariz e balançou a cabeça, num gesto de aceitação. Sim, talvez seja verdade, o que às duas loucas, estavam comentando. Como não sentia nada. Só balançou a cabeça para mostrar ser simpatizante com aquela crença.
A mulher continuou falando, enquanto caminhavam para o portão. Porém, ao passarem pelo portão, o espírito iluminado que acompanhou Irene todo o tempo, simplemente sumiu.
Depois de observar isso, a cartomante aconselhou:
– Mas deve se proteger, sua energia pode ser sugada facilmente. Compre uma corrente de prata e um pingente de cristal. A corrente não precisa ser realmente de prata, até um cordão já é válido. Mas a pedra tem que ser um cristal de quartzo. Vai lhe ajudar bastante!
O Senhor Kim estava com carro estacionado no pé do morro. Pelo espelho observava a frente da casa. Se abaixou assim que viu as 3 mulheres saírem pelo portão e ficaram conversando na calçada.
A mulher sabia exatamente do que se tratava. Então, sem dúvidas, apontou para o carro.
– Vejam! – às duas olharam para o carro estacionado.
O senhor Kim, mais que depressa ligou o carro e saiu do local, falando consigo mesmo.
– Vou ter que trocar de carro outra vez! É bruxa mesmo! Como sabia que eu estava vigiando a casa, mesmo estacionado tão longe!?
Elas ficaram vendo o carro partir do local.
– O que tem aquele carro? – interrogou Irene.
– Nada de mais. A cor é muito bonita , não acham! Pretendo comprar um carro dessa cor! – respondeu a cartomante, sorrindo.
– É bonito mesmo, mas aquela marca custa caro! – justificou Íris. – Já pensei em trocar o meu, mas não tive coragem.
– Espero que as cartas tenham ajudado as meninas. E sigam suas vidas com clareza. Se precisar é só vir. E podem entrar sem medo! Quando o portão está aberto, é porque estou em casa.
– Sim, foi de boa ajuda, pois já sei o que vou fazer! – respondeu Irene, um pouco mais tranquila.
– Em primeiro lugar, preste a atenção! Não, seja sentimental! Nesse caro, seja racional. Caso contrário, o sofrimento vai ser maior. Em segundo lugar, não tenha medo de encarar o teu destino.
– Pode deixar! Não vou deixar essa bobona perder a oportunidade de tirar o pé da lama. – falou Íris puxando Irene para o carro.
Por último, antes de partirem a mulher fala para Íris.
– E você, tenha mais juízo! E jogue fora aquela lista! – Íris abanou e deu a partida no carro.
No caminho foram comentando sobre a leitura das cartas. Combinaram que Irene iria fazer a ligação do celular de Íris.
E para não chamar a atenção da mãe e dos filhos, Irene sairia para o encontro da casa da amiga. Íris já planejava como arrumar a roupa e a maquiagem. Mas Irene não achou que isso seria necessário pois não queria parecer uma biscate.
Ao chegar no casarão, o senhor Kim foi até o seu chefe, para relatar o que descobriu.
Goon estava impaciente, andando feito um espírito, assombrando a casa. Enquanto isso Jun, estava sentado perto da lareira vendo esporte na TV.
Entrando na sala principal da casa, Goon ouviu a voz do senhor Kim então correu para saber a novidade.
– Conseguiu saber algo sobre o convite que eu mandei?
– Sim! Sr. Choi. Ela recebeu a cesta de café, as 7 horas em ponto. Assim que recebeu, foi para a casa onde trabalha, no salão de beleza. Deve ser bem amiga da dona do salão. Juntas foram para outro local. Na casa de uma cartomante.
– Casa do quê?
– De uma taróloga. Uma espécie de Xamã.
– Pra que essa maluca foi lá?
– Deve duvidar de suas intenções! Até eu desconfiaria! Ainda mais agora!? Não acredito mais em você! – retruca Jun prontamente.
Em seguida, Goon pega uma almofada do sofá mais próximo e joga no primo. Jun se defende com exatidão. O Sr, Kim faz cara de entediado. Não suportava a infantilidade dos dois.
– Não ligue para ele. Continua o que estava falando.
O senhor Kim respira fundo.
– Contudo, assim que saíram da casa da cartomante, eu fui descoberto! A mulher apontou para o carro, na certa adivinhou que eu estava espionando. – explicou o Sr. Kim.
Ainda não sabia como a cartomante havia descoberto tão rápido, mas resolveu contar o que havia descoberto.
– Os vizinhos relataram que a mulher é uma bruxa! Então, deve ser mesmo! Apontou para o carro, sem disfarçar. Não deu nem tempo de ver melhor a mulher. Pensei em entrar para conversar com a cartomante, tentando colher informações. Todavia, seria perda de tempo. Mesmo que eu fosse depois que às duas, deixassem o local, provavelmente a bruxa saberia que eu vigiava a sua casa. Mas não deu jeito. Fui pego de surpresa e desarmado na hora.
– Então não sabe nada, se ela vai me ligar ou não!?
– Tenho certeza que vai ligar para o senhor!
– Como sabe? Se acabou de dizer que não conseguiu informações!?
– Fiquei estacionado longe do salão de beleza, uma distância boa para observar elas na volta. E vi que ambas estavam com um semblante confiante e conversavam como estivessem combinando algo. Pela experiência que tenho, 80% de chance de que ela ligue ainda hoje.
– Posso confiar no Sr!? Sr Kim! – perguntou Goon, desconfiado do guarda-costas.
– Se não for hoje. Eu garanto, que ainda essa semana ela liga. – o primo resmunga.
– Mas tem um problema! – Goon olha para Jun sem entender a colocação.
– Que problema? – fazendo careta, o primo faz sinal para Goon vir até ele.
– Fala? – insiste Goon. – Jun fica chateado, em ter que se levantar. Vai até Goon e fala no ouvido do primo.
– Estamos na lua minguante!
– E o que isso tem a ver? – Goon fala alto sem se importar com o Sr. Kim. Jun responde no mesmo tom. Já que seu primo não se importou.
– Tudo! Já se esqueceu? Não pode na lua minguante! – agora sim, Goon lembrou do que o primo se referia.
– Muito obrigado senhor Kim. Pode ter o resto do dia de folga. – quando o Sr. Kim saiu da sala, os primos se aproximam e conversam baixo.
– Goon! Caso o Sr. Kim esteja certo! Se ela ligar, o que digo?
– Combine o jantar para semana que vem. Veja uma data boa, depois dessa lua. Diga que tenho negócios para resolver e estou fora da Cidade nessa semana. Mas acerta tudo para ela não pular fora.
Depois de 2 duas horas, Jun recebeu uma chamada de um número desconhecido.
– Alô. – rapidamente Goon se aproxima.
– O Sr. Kim acertou em cheio! – o primo pede silêncio. – É ela!
Goon sentiu o coração acelerando.
– Sim, é o secretário do Sr Choi Goon Yoon. O que deseja?
– Claro! Pode falar que eu passo o recado. – Jun ria, tampando a boca, para a outra pessoa do outro lado. Não perceber.
– O que foi? Por que está rindo? – perguntou Goon, curioso.
Balançando a cabeça, Jun não esclarece. Só pede um tempo, faz sinal pedindo calma para Goon, em seguida, com a mão esquerda.
– Senhora! Assim… como posso esclarecer? Essa semana não será possível. O Sr. Choi tem negócios importantes em São Paulo para resolver. Podemos deixar para a próxima semana?
– Deixe-me falar?! – fala Goon, ansioso.
– Vou falar com o senhor Choi e ligo assim que tiver uma resposta!
Goon já estava nervoso. O primo desliga o celular e olha para ele com uma cara de preocupado.
– Fala logo, o que ela falou? Porque essa cara?
– A mulher fala muito engraçado, quase nem entendi a metade do que falou.
– Por isso que estava rindo?
– Sim! Ah! Ela não quer jantar com você. Disse que a cesta de café, já pagou pelo mal-entendido no Supermercadão. Caso, queira falar com ela, tem que ser num lugar bem iluminado, com bastante gente em volta. E perto de um posto policial. – Goon arregalou os olhos.
– Que absurdo! Está exigindo!? – ele ficou indignado, depois de um tempo comentou com o primo.
– A cartomante deve ser bruxa mesmo! Será que descobriu nas cartas o plano B?
– Talvez! Mas ela estava bem determinada. – explicou Jun.
– Tudo bem! Ache um local como ela pediu e marque o encontro daqui 2 dias. – ordenou Goon, decidido.
– Mas, e a lua minguante?!
– Esse é só um encontro para discutirmos sobre o assunto. – explicou Goon – É nesse encontro que vamos combinar o valor e como vai ser.
– Mas você disse que te dá um troço esquisito perto dela, como vai controlar?
– Joon disse que os elixires que eu trouxe, é para me acalmar e evitar que eu sinta aquele fogo. Então, creio que posso conversar com ela sem parecer um lobo faminto. Encontre logo uma cafeteira, vamos atender à exigência da monstrenga, e nos livrar logo desse pesadelo.
Goon estava indo para o seu quarto, quando voltou para sacanear o primo.
– Vou te dar um presente por lembrar sobre a lua! Já pensou se acabo estragando tudo!? Graças a você esse detalhe não passou em branco! Por isso vou te dar algo que tenho, e é muito precioso! – o primo fica empolgado. Goon se aproxima. Em seguida, lhe dá um beijo no rosto.
– Besta! E eu ainda te levo a sério!