Salva Pela Maldição. – cap 32

O Senhor Kim vigiava Irene pelo espelho. Decidiu levá-la a um hospital ou a uma farmácia.

Irene se despediu daquela casa com um suspiro de liberdade e ao mesmo tempo com tristeza. Observou Goon até sumir de sua vista. Assim que o carro saiu pelo portão, Goon olha para o primo e fica surpreso.

— Por que está chorando?

— Não estou chorando! – falou Jun disfarçando. – Só estou comovido!

— Para com essa bobeira! Deveria estar feliz por mim! Estou livre de todo esse constrangimento! Ouviu tudo o que ela me chamou!? Fui insultado e ainda vou ter que pagar!

— Você não está comovido?! Tudo que ela passou aqui é culpa sua! – irritado Goon comenta.

— Fique feliz, que não precisei sequestrá-la! Vai! Serve o jantar! – Jun foi para a cozinha fungando, estava chateado com o primo que nesse momento não demonstrou nem uma empatia.

A pedido dela o Sr. Kim parou o carro no acostamento, só deu tempo de Irene abrir a porta e vomitar. Entre vômito e lágrimas, de vezes em quando saia um palavrão.  O senhor Kim quis ajudá-la, mas ela negou. Estava envergonhada de vomitar na sua frente. Pediu uma caixa de lenço que outra vez ele lhe ofereceu no carro,  usou toda ela. Limpou os respingos do vômito que molhou a porta e tapete do carro. E falando com a língua, enrolada pediu para ir para o hotel.

— Sr. Kim por favor de deixa no hotel.

— Antes, vamos passar num hospital, para ter certeza se está tudo bem!

— Não! Claro que não! – tentava ser mais claro possível.

— Então vamos a uma farmácia. O seu tornozelo está inchado! Precisamos cuidar disso antes de voltar para o hotel.

— Eu não quero que passe vergonha junto comigo! Eu estou mal!  E não sei o que fazer!?

— Deixe comigo! Eu sei o que é preciso fazer nessa hora! Pode confiar em mim?

— Em você eu confio!

O Sr. Kim rodou pelo centro da cidade, e parou o carro na primeira farmácia 24 horas que encontrou, entrou com ela mancando. Deixou-a  sentada em uma cadeira próxima da porta da sala de curativos e foi até o balcão.  Ela xingava Goon aos quatro ventos, e depois chorava resmungando por ele rejeitar o casamento. Os balconistas atenderam o senhor Kim assustado. Um dele mais do que o outro. O guarda costa deu uma desculpa para toda aquela confusão.

— É minha conhecida! E o namorado terminou com ela! Fui buscá-la antes que a conta do bar virasse uma bola de neve! – um deles comenta.

— Nossa ela está mesmo arrasada coitada!   Pelo jeito o namoro era de tempo! Que virou quase casamento!?

— Sim! Ele rejeitou o casamento! –  comenta o Sr. Kim, o outro atendente aproveita para fazer o seu comentário.

— Minha irmã namorou 5 anos com um sem-vergonha!  Quando as coisas estavam indo para os finalmente, pulou fora aquele cachorro! Minha irmã também tomou um porre como esse!

— É! E o que você me recomenta para ela aliviar os sintomas da bebedeira e a ressaca?

— Vejamos! Nós temos aqui, alguns medicamentos!

— Além da bebedeira, ela virou o pé e está bem inchado! Tem como fazer um procedimento?

— Sim! Claro, podemos medicar e enfaixar o pé.

— Por favor poderia ser rápido o atendimento? Quero deixá-la em casa quanto antes!

— Pode colocá-la na sala de curativo, já preparo o remédio e enfaixo o pé. Ela tem que tirar o calçado. E é bom não andar de salto alto por um bom tempo. Se não desinchar. Eu recomendo ir ao hospital fazer um raio-X,  verificar ser não está quebrado.

— Eu cuidarei disso se não melhorar. – respondeu o guarda-costas, sabendo que não seria preciso. No seu treinamento, recebeu aulas de primeiros socorros. 

Depois de tudo ponto, Irene já não estava chorando, só resmungava coisa sem sentido. O Senhor Kim a pegou no colo para levá-la para o carro. Antes pagou tudo e agradeceu o atendimento. Assim que os dois saíram e entraram no carro. O atendente que ficou no balcão observando tudo a pouco metros, comenta com o outro.

— Coitada! Pelo visto ela gostava bastante do cara! Ficou toda hora resmungando, lembrando como era bom a relação deles!

— Mesmo!? Nem percebi! Estava concentrado! Foi a minha primeira vez, enfaixando um cliente na farmácia!

O Sr Kim continuou a rodar e parou na rodoviária da cidade. Único local mais perto do hotel, que poderia haver uma cafeteria e lojas abertas. Comprou uma sapatilha, levou até o carro para ela calçar e sair junto com ele, para tomarem um café.

— O Senhor é um anjo, nem sei como agradecer o que fez comigo hoje! – já falava melhor, mas ainda estava, sobre o efeito do álcool.

— Não me leva a mal, mas faz parte do meu trabalho! Não precisa me agradecer!

— Sei que faz! Entretanto, mais do que o senhor Goon lhe pediu!? – ela tenta ser atenciosa e generosa pelos cuidados.

— Como já lhe disse! Eu trabalho para o pai do senhor Goon. Estou fazendo isso a pedido dele! Ele quer que a senhora tenha todos os cuidados necessários! Eu preciso da senhora sóbria, para passar o que tenho que lhe entregar. Ele de uma maneira especial, quer agradecer o que fez pelo Sr. Goon, nesses 7 dias. Por isso, por favor me acompanhe em algumas xícaras de café. Tenho algo importante para lhe entregar. E algumas instruções para explicar. Provavelmente, amanhã não iremos mais nos encontrar. Quero partir com o meu dever cumprido!

— Sim! Farei o que me pede! Claro que não quero incomodar o seu trabalho! – a garçonete colocou as xícaras na mesa, comentando.

— Um café forte sem açúcar e outro com açúcar! Aqui está o açucareiro, prontinho! Se precisar de algo é só chamar!

Depois de umas 4 xícaras de café, Irene já falava mais lúcida. Toda hora lembrava algo, e se sentia um verme, diante do Sr. Kim. Do que ela lembrava, comentava e o guarda-costas confirmava. E a cada confirmação, se encolhia na cadeira. Já havia passado mais que 2 horas desde que saíram da casa. O senhor Kim, comentou que seria melhor voltar ao hotel. Que Íris deveria estar preocupada. Ao entrar no carro, ele pega de baixo do banco ao lado dele, uma pasta preta e entrega-lhe.

— O que é isso?

— Como falei, é o meu último trabalho! Fui instruído pelo pai do Sr. Goon a fazer essa entrega. São alguns documentos. A Senhora só deve assinar e registrar em cartório. Há um cartão de um advogado de confiança. Ele fará tudo que for necessário, assim que a senhora assinar os papeis. Em uma folha eu deixei instruções caso tenha dificuldades em algo. Só peço que abra e veja o conteúdo depois que partimos, deve ser na próxima  terça-feira. E por favor guarde segredo, não comente nada com o Sr. Goon.

— Mas, porque o pai dele faria isso? Ele nem me conhece!?

— Tudo que aconteceu, e o apoio que a senhora deu ao filho dele, fez ele se sentir em dívida com a senhora. Ele conhece o filho que tem! E sabe que provavelmente o senhor Goon possa tê-la machucado de alguma forma.  Esse é o seu pedido de desculpas! Perdoe o senhor Goon em algo que ele a magoou!

— Nem sei o que dizer! Senhor Kim, eu não posso aceitar!

— Não é, para mim que deve dizer isso! Eu só sou o entregador! E não estou autorizado em receber nada de volta!  – ela segurou a pasta e colocou no colo.

Íris estava na frente do hotel, sentada no banco de madeira próximo da porta. Nesse horário o hotel estava agitado. Um grupo de artista estavam de partida. O ônibus de viagem estava parado do outro lado da rua, esperando todos embarcarem. 

O carro parou e Íris correu para o estacionamento. Ele a ajuda sair e ao seu lado, a ajudou a andar até a porta do hotel. Íris preocupada interrogava sem respostas. Irene só prestava atenção nos movimentos do senhor Kim e ele nela.

(Ela estava se perguntando qual o conteúdo na pasta que segurava em uma das mãos, e se o senhor Kim teria algo relacionado a isso? Já que o pai de Goon não a conhecia, provavelmente teve informações dela pelo guarda-costas. Que desde o bilhete que lhe havia mandado, estava de alguma forma, cuidando dela, ou como Goon disse, sua família não a aceitaria como esposa de dele. Então o Sr. Kim estava cuidando para Goon não fazer uma besteira, como casar com uma ocidental. Ainda com uma leve tontura, o álcool a impedia de raciocinar direito. Além disso, já sentia a falta de seu belo guarda-costas.)

Na frente da porta do hotel o senhor Kim para e a deixa aos cuidados de Íris.

— Bem! Senhora Tomaselli, aqui eu me despeço! Espero que fique bem! E se algum dia nos encontrarmos, adoraria conversar com a senhora novamente. – ele estende a mão para um aperto, ela segura a mão dele firme, como quem não deseja soltar. Íris observa tudo questionando.

— Vamos entrar Irene! Está frio! – como a amiga não fazia menção de soltar a mão do homem. Íris a força tomar jeito.  Foram entrando e seguiram para o elevador. Antes do elevador subir, Irene coloca a cabeça para fora e ver o guarda-costas indo para o carro. Suspirou fundo.

— Ai, ai! Não acredito que está boba desse jeito! O que é essa pasta? – pergunta Íris tentando distrair a amiga.

Irene nada falava e os olhos já davam sinais de lágrimas vindo como uma avalanche. Assim que Íris abriu a porta do quarto, mesmo manca, correu e se jogou na cama em soluços. Espantada Íris pergunta.

— Irene não vai me dizer que se apaixonou? – entre soluços responde com a voz abafada pelo travesseiro.

— Sim!

— Por quem?

— Eu não sei!  Ainda não sei! Meu coração está confuso!  

Devido à demora Goon, mal conseguiu jantar. A cada 20 minutos, vinha do seu quarto perguntar para Jun se o S.r. Kim  já havia chegado. Deixou o primo de prontidão para cuidar desse detalhe. Depois de 3 horas o guarda-costa entra com o carro pelo  portão. Mal entrou na sala e já foi sendo interrogado como um criminoso.

— Onde esteve todo esse tempo? Estava com ela? O que fizerem todo esse tempo?

— Não precisa se preocupar!

— Eu não estou preocupado! Só penso que demorou muito, para quem só iria levá-la de volta ao hotel!?

— No caminho a senhora Tomaselli acabou vomitando. Então eu a levei primeiro em uma farmácia. O pé que ela virou na escada inchou. Além de remédio para a bebedeira e ressaca, o pé dela foi enfaixado. E depois, a levei até uma lanchonete para tomar um pouco de café. Acabei de deixá-la no hotel. Pensei que seria constrangedor ela chegar no hotel bêbada daquele jeito.     

— Foi isso mesmo? Não fizeram, nada de estranho?!

— Aqui estão os comprovantes das compras, registrando hora e local.

— Então vamos dormir! Chega de confusão por hoje. Amanhã terei um encontro com o advogado da empresa. O Jun vai se encontrar com a senhora Tomaselli. E partiremos na terça-feira. É bom  começar a fazer as malas hoje. – olhando para o primo – Jun me acorde só quando o almoço ser servido! Está combinado?

— Sim! Eu faço isso! Agora eu posso ir dormir!? – pergunta o secretário com os olhos vermelhos de sono.

— Pode! – responde o patrão irritado.

                              

Professora de Arte Pós-Graduada. Nascida em Joinville. Signo: Libra

3 Comments

  1. Está demorando muito para disponibilizar os capítulos da fanfics Salva pela maldição.

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