O Casarão
Irene estava ansiosa para chegar no salão de beleza e contar a novidade, que ela ganhou um casarão. Mas, não, era qualquer casarão! Era” O Casarão”, onde ela vivenciou momentos de angústia, medo, vergonha, humilhação, atenção, carinho e muitos momentos prazerosos.
Lembranças que não se apagariam de sua memória tão cedo. Tentou explicar como tudo aconteceu. E até descreveu o arrependimento que estava sentindo ao julgar o Sr. Goon, de maneira tão rude.
— Esse cara é mesmo um milionário!? Para dar um casarão de presente, a uma (quase) desconhecida! Tem que ter muito dinheiro mesmo! Eu nunca faria isso! Ele teve pena de você! Depois que chorou as pitangas! Foi bom ter bebido! Assim jogou tudo para fora e derreteu o coração dele! Graças a bebedeira, você tem um casarão onde morar!
— Nunca vou morar nele!
— Por que não?
— Não quero lembrar de tudo que passei naquele casarão! Como vou morar num lugar que vai me trazer arrependimento! Vou colocar à venda!
— Mas é boba mesmo! Pensa no conforto!?
— Conforto uma ova! Um casarão desse nível! Imagina quanto deve ser o imposto?! Vendendo tenho mais lucro!
— O que vai fazer agora? Tendo o dinheiro e o casarão?!
— Vou comprar uma casa, e montar um salão de beleza em um bairro mais nobre! Onde as mulheres têm – fez o gesto, esfregando os dedos, que indicava dinheiro. — Para gastar!
— Um salão? Está brincando, né?
— Não! Vai ser o nosso salão! Né sócia?
— Está dizendo, que vai abrir um salão para nós duas? Mas eu já tenho um salão!
— E por isso, sua casa e sua privacidade ficam comprometidas! Assim pode sair para trabalhar e sua irmã não vai poder se meter em sua vida! E sua casa fica mais espaçosa. Não é melhor assim?
— Tá, você vai bancar esse salão? E eu entro com o quê? Não vou poder ajudar com grana!?
— Eu já fiz um orçamento! E o que vai sobrar da compra da casa, vai dar para cobrir as despesas. Pode deixar, eu sei fazer contas!
— E por que está fazendo isso?
— Justamente, para unir o útil ao agradável! Sempre ouvi você dizendo que o salão daria mais dinheiro em um lugar mais valorizado! Agora podemos fazer! Também pesquisei sobre os salões em bairros chiques. Realmente o lucro é bem vantajoso!
— Mas, está fazendo isso por mim?
— Certamente, por nós! De amiga mesmo! Amiga do peito que eu posso contar? Só tenho você e a dona Maria! Todos esses dias, quem me ajudou para que eu conseguisse encarar tudo o que passei!? Hein? Quero retribuir toda sua solidariedade, atenção e amizade.
Íris ficou sem jeito, já tinha sido paga, quando Irene havia recebido o adiantamento. Mas era de se esperar. Irene sempre ajudava a idealizar o seu salão em um bairro chique. Às duas faziam planos, para o futuro. Sim, aquela era a sua amiga! Mesmo no meio de um turbilhão de problema, ousava sonhar!
— E as dívidas?
— Já liguei para o advogado do dono da camionete. Vou na segunda, resolver isso de uma vez por toda!
— E vai sobrar dinheiro?
— Não vou comprar uma mansão! Vou comprar uma casa que caiba no meu orçamento! E vendendo o casarão, vou ter mais dinheiro que imaginava!
— Então, poderíamos sair hoje para comemorar, né sócia?
— Por enquanto não vai dar! Tenho que resolver a compra da casa, quanto antes! – repentinamente lembrou. – E ainda tem a pasta que o Sr. Kim me deu! – ao mencionar o guarda-costas se emocionou.
— O que será que o pai do louquinho te deu? Vamos abrir?
— Não! Claro que não! Ele me pediu para abrir só amanhã!
— E vai fazer diferença? Ele não está aqui para saber, se abriu antes?!
— Mas, eu dei a minha palavra!
Íris foi direta! Vendo que a expressão facial de Irene mudou ao comentar sobre o guarda-costas.
— Irene! Seja sincera! Por quem o seu coração balança mais?
— Não dá para explicar! Se existisse um homem com o charme, beleza, sedução, fogo do Sr Goon. Mas, com toda educação, atenção, carinho, compreensão, sutileza, sinceridade, beleza e fofura do Sr. Kim. Certamente, esse seria o homem perfeito para mim! E para qualquer mulher!
No dia seguinte, às duas combinaram de se encontrar, Irene iria ver umas casas para comprar e já aproveitariam, para ver algumas salas comerciais que na noite anterior encontraram para alugar. Entretanto, enquanto Íris tomava o seu café, Irene abre a pasta, dentro havia um envelope lacrado. Então ela abriu e ao ver tudo. Ficou pálida e começou a respirar com dificuldade.
— Irene!? O que foi? Por que está assim? – a amiga iria se levantar para socorrer, mas ela manda ficar sentada, fazendo gestos. Com esforço responde.
— Vai passar!
— Irene não me assusta! O que foi? O que tem aí? Para te deixar desse jeito? – agora em prantos fala com a voz abafada pelos soluços.
— Acelerou meu coração só de saber! Eu sou dona de mais um imóvel!
— O quê? Mais um imóvel?! Que imóvel? Onde?
— Certamente o Sr. Kim pensou em tudo! Está bem explicado, só tenho que assinar os documentos e registrar no cartório. Até a transferência já foi paga! O endereço e as chaves estão aqui! Portanto, podemos ir ver, antes de ver o que tínhamos combinado!
Íris, nem terminou o seu café, correu para o quarto, pegou a bolsa, a chave do carro. E já se dirigiu para garagem, gritando.
— Vamos Irene!? Vamos ver o que você ganhou!
Com os gritos de Íris, a irmã correu para a janela, curiosa ao saber que Irene havia ganho algo. Assim que viu Íris pergunta.
— O que Irene ganhou?
— Uma bolada no jogo, vamos ver o quanto ela vai receber, já que é um bolão!
— Nossa! Que sorte! Tomara que dê de comprar uma casa antes de ser despejada!
— Deus te ouça! – primeiramente, Íris aproveitou apresentar a mentira, que Irene iria contar para a mãe e os filhos, explicando a origem do dinheiro. Portanto, agora não precisavam se preocupar, praticamente o bairro todo saberia, que Irene tirou a sorte grande no jogo. Como Irene não aparecia gritou novamente. — Vamos Irene!?
Irene com as pernas amortecidas, com o susto e emoção. Então, não conseguia sair da cadeira. Sem a amiga ver, estava lendo uma carta de despedida que o Sr Kim, deixou no meio dos documentos.
Na terça – feira, no primeiro avião para Seul embarcaram Goon, Jun e o Sr. Kim. Desembarcaram na quarta-feira, no Aeroporto Internacional de Incheon. O Senhor Kim se despediu no aeroporto.
Então, Goon e Jun se encontram com o Sr. Choi e Joon, que os esperavam com o chofer. Foi um encontro emocionante, o pai chorava ao ver o filho, com um novo semblante. Sim! Goon estava risonho, alegre, corado, brincalhão. Aquela nuvem negra e mau-humor desapareceu por completo.
Em casa tudo estava preparado, um jantar de boas-vindas estava sendo organizado. Só as pessoas mais chegadas da família foram convidadas. Depois de toda a comemoração. Goon causou espanto ao pai e irmão. Queria falar de negócios!
Principalmente sobre a compra do terreno. Que era novidade! Pensaram que ele não havia comprado, pois não pediu dinheiro. Entretanto, ele comprou com seu próprio dinheiro. Nunca, fez algo desse tipo! Depois que deixou de atuar, até então, vivia à custa do pai. Seu cargo como diretor da rede de hotéis, era para não se visto como vagabundo no meio social. Um cargo que praticamente, era monitorado pelo irmão. Sim, Joon! Era o verdadeiro diretor das redes de hotéis e das fábricas de alimentos.