4 – Tsunami de Amor – Vamos Morrer?

Capítulo 4 – Vamos morrer?

O estrondo gerado pela pancada da casa contra um dos andares do Resort fez o prédio todo se abalar.

Em consequência, uma pequena rachadura surgiu na parede da varanda.

Lá embaixo, as águas violentas do tsunami tentavam empurrar o que havia sobrado da casa para dentro do Resort, já que a janela havia se quebrado com o impacto.

– Se eles forem sugados, vão morrer! – gritou Gao Rim, desesperada. – Precisamos fazer alguma coisa.

– Podemos tentar puxá-los pelo andar acima deles! – disse Lee Min Ho, olhando para baixo, mas depois, virou-se para o Recepcionista – Você tem a chave mestra dos outros andares?

-Eu tenho – disse o Recepcionista, tirando um cartão magnético do bolso – Mas eu não vou lá. A água está subindo rapidamente. É muito arriscado.

– Eu vou! – disse Gao Rim tirando o cartão da mão do Recepcionista.

– Espere, vou com você, Gao Rim – disse Lee Min Ho, apressando os passos para alcançá-la.

Eles desceram três andares e abriram a porta de um dos quartos. Ao se aproximarem-se da varanda, perceberam que era questão de tempo até que a casa e os quatro sobreviventes fossem sugados.

– Precisamos de uma corda. – disse Min Ho olhando ao redor. – Talvez as cortinas…

Gao Rim arrancou todas as cortinas e os lençóis da cama e ambos ataram tudo em nós bem fortes.

-Socorro! Por favor…. – gritou a mulher lá embaixo.

Gao Rim correu para a varanda. A mulher segurava um dos filhos. A outra criança simplesmente desaparecera. A perna do homem havia sido sugada para dentro do quarto do Resort pelas águas gélidas e tentava aguentar com todas as forças na parede.

– Aguente firme… nós vamos ajudar! – gritou Gao Rim, desesperada.

Lee Min Ho amarrou a ponta da corda improvisada na bancada da varanda e jogou a outra ponta para a mulher. Mas antes que ela pudesse segurar-se, um novo estrondo se fez e a casa foi instantaneamente sugada, levando os três com os destroços.

Vamos morrer: a família se despedaça.

– Meu Deus! – gritou Gao Rim, com a mão na boca, assustada e aturdida.

Lee Min Ho parecia tão surpreso quanto ela, mas em seguida, percebeu que a água subia perigosamente.

– Precisamos sair daqui – disse ele, segurando Gao Rim pela cintura – Vamos, não podemos mais ajudá-los.

-Mas… eram crianças… – disse Gao Rim, sentindo seus olhos arderem e as primeiras lágrimas escorrerem por seu rosto. – Meu Deus… Não pudemos fazer nada… nada…

– Vamos, Gao Rim… – disse ele, envolvendo-a em um abraço. – Precisamos ir…Não podemos morrer com eles…

Gao Rim se deixou confortar por aqueles braços e recostou sua cabeça contra o peito de Lee Min Ho escutando os sons das batidas de seu coração. Se fosse em outras circunstâncias, Gao Rim se deleitaria por desfrutar da companhia de seu ídolo e poder ter aquele conforto. Depois de ver aquelas pessoas morrerem na sua frente, sentia que ele lhe dava forças.

Vamos morrer, não vamos?

Precisamente por causa disso, porque aquilo era um conforto ao qual Gao Rim nunca tivera, afastou-se dele e enxugou as lágrimas. “O que você está pensando?”, disse ela a si mesma.

– Você tem razão – Gao Rim concordou – Precisamos ir.

Eles saíram do quarto em direção a escada. Ali, no poço da escadaria, a água subia e avançava sobre aquele andar.

– Vamos morrer, não vamos? – perguntou Gao Rim, olhando aquela cena com um certo torpor.

– Ainda falta muito. Uma hora, a água precisa parar. Vamos subir, em alguns minutos não conseguiremos mais. – disse Lee Min Ho, com um olhar preocupado. Por alguma razão, Gao Rim havia se afastado dele, sem que ele conseguisse compreender o porquê. Havia alguma coisa naquela mulher. Um certo enigma que o encantava e o desafiava a compreendê-la.

Ela parecia uma mulher forte e decidida às vezes e, em outras, frágil e delicada. Com certeza, alguma coisa a havia machucado e, por isso, ele precisava ter cautela. Não queria machucá-la ainda mais.

De certa forma, no meio daquele turbilhão de emoções desde que a encontrara, alguma coisa o fez esquecer de seus problemas e da rejeição de Joo-Joo, que o manipulara tantas vezes.

Agora, precisava sobreviver. E, nunca quis sobreviver tanto. Antes, apenas queria abrir um buraco e se enfiar ali e esquecer de tudo. Agora, sentia que a vida havia lhe dado uma segunda chance e precisava aproveitar.

Será que ele pensaria da mesma forma, se Joo-Joo estivesse com ele?

Ele a teria salvado, se Joo -Joo estivesse naquele helicóptero?

Se Joo-Joo visse aquelas pessoas em perigo, teria ela se candidatado para as salvar, como Gao Rim o fizera?

Teria ela chorado como Gao Rim se Joo-Joo visse uma família inteira sucumbir na sua frente?

Ele não deixaria a mulher de sua vida morrer, isso ele tinha certeza pois a salvaria com todas as suas forças. Ele morreria por ela, mas não tinha a certeza se Joo-Joo teria a sensibilidade para com os outros como Gao Rim demonstrava.

Joo-Joo só pensava em uma só coisa: Joo-Joo.
Joo-Joo (Atriz Kim Yoon Jin)

Uma mulher egoísta, mas uma mulher que despertava um lado seu que Lee Min Ho não encontrava em nenhuma outra mulher. Pelo menos, não em uma mulher como Gao Rim.

Kim Gao Rim não era sensual como Joo-Joo, nem fazia aqueles joguinhos que o deixava louco.

Contudo, não havia nada além daquilo para ver em Joo-Joo. Já Gao Rim, parecia ser como as águas de um oceano. Calmas na superfície, mas profundas e perigosas.

Ainda assim, por alguma razão, Gao Rim havia despertado outra coisa nele. Ele ainda não tinha certeza do que era.

Kim Gao Rim e Lee Min Ho

De qualquer forma, ele agradecia. Era esse sentimento confuso que o salvara de seus próprios devaneios. Agora, sentia-se outro e precisava sobreviver para tentar compreender o que era aquilo.

Quando surgiram novamente na cobertura, viram o Recepcionista nervoso no centro da sala.

– Mais problemas! – disse ele, apontando para a varanda. A pequena rachadura que havia na varanda havia atingido o chão e parecia que o prédio iria se partir em dois.

– É… vamos morrer – disse Gao Rim, então, sentindo o prédio tremer novamente.