Capítulo 5 – Nas águas geladas de um Tsunami
– O prédio vai desabar! – constatou Lee Min Ho olhando pela varanda. O prédio da esquerda havia desabado, mas o da direita ainda estava de pé e parecia melhor do que o deles, o que lhe deu uma ideia – Talvez a gente consiga pular para o prédio ao lado.
Gao Rim se aproximou da varanda com cuidado. O chão tremia e ela tinha a impressão de estar andando sobre o gelo quebradiço de um lago.
A varanda da cobertura do prédio ao lado ficava a uns três metros. Gao Rim não tinha medo de altura, não poderia ter afinal era piloto de helicóptero, mas sabia que a distância era grande demais para um pulo.
– É impossível! – disse Gao Rim, sentindo que suas esperanças se desvaneciam a cada novo desafio que aquele tsunami lhe pregava.
– Temos que tentar. Vamos fazer uma corda com as cortinas e lençóis, como fizemos lá embaixo. Podemos amarrar alguma coisa na ponta e tentarmos jogar para engatar nas frestas da mureta da varanda. Se um de nós conseguir, pode puxar os demais.
Gao Rim concordou e os dois começaram a trabalhar, arrancando cortinas e os lençóis.
– Vocês estão loucos… isso não vai dar certo. – reclamou o recepcionista que andava de um lado para outro.
Gao Rim passou o pedaço de corda que criou para Min Ho que amarrou em um tampo de uma mesinha de centro na outra ponta e se aproximou da varanda.
– Segure a ponta, Gao Rim. Se eu errar e o tampo cair na água, você vai ter que segurar – disse ele, preparando-se para jogar a corda.
Com força, Lee Min Ho conseguiu jogar o tampo na outra varanda e puxou a corda. Infelizmente, o tampo não se fixou e a corda caiu.
Gao Rim segurou a corda, mas teve dificuldade, pois a força da água lá embaixo queria levar o tampo e a corda consigo.
Lee Min Ho a ajudou a puxar a corda e tentou novamente. Teve que fazer isso mais três vezes antes de finalmente o tampo se fixar em uma das frestas. Não parecia ser algo seguro. O tampo poderia escorregar facilmente.
– Tem certeza de que é seguro? – perguntou
Ele puxou com força para ter certeza de que o tampo não cairia.
– Eu vou primeiro – disse Lee Min Ho.
– Tenha cuidado – disse Gao Rim, segurando sua mão.
O olhar dos dois se cruzaram e por um segundo havia uma certa cumplicidade entre os dois. Eles estavam com medo, mas lutavam para sobreviver e isso os unia de certa forma.
Lee Min Ho subiu sobre a mureta da varanda e estava prestes a pular quando um grande tremor fez parte da varanda simplesmente desabar e com ele, o ator coreano.
Gao Rim gritou e pulou na tentativa de segurá-lo, mas já era tarde. Ele caiu na água, pendurado pela corda que segurava com força.
– Min Ho… segure firme!!! – gritou Gao Rim, mas num segundo depois ela caiu no chão. O tremor no prédio era grande demais, o prédio estava se partindo.
– Pule, Gao Rim, pule… o prédio vai desabar… – gritou Lee Min Ho. – Lutando para não soltar a corda improvisada.
Gao Rim olhou para trás. O recepcionista havia gritado. Ele foi engolido por um buraco que se abriu no meio da sala. Ela tentou chegar até ele, mas parte do telhado caiu sobre o lugar onde ele estava.
A sala se partiu em dois. E parte do prédio desabou, os destroços se foram com as águas geladas que corriam velozmente. Se Gao Rim ficasse ali, ela seria levada com a água ou seria destruída pelos destroços.
Pensava em pular, quando um novo tremor fez a outra parte do prédio desabar junto com Gao Rim.
Ela bateu com força o ombro em alguma coisa e em seguida sentiu ser tragada pelas águas. Entre os destroços do hotel e as águas violentas, ela lutou para chegar até a superfície.
Viu o rosto de Lee Min Ho preocupado. Ele ainda estava lutando para segurar a corda com uma mão. A outra, estava esticada na direção de Gao Rim. Seu rosto parecia dizer: – venha para mim.
Era inútil. Ela tentou nadar com todas as forças na direção dele, mas a correnteza era forte demais.
Passou parto de Lee Min Ho e sentiu os dedos dele passarem pelos seus, mas em seguida foi levada.
A distância entre os dois aumentava cada vez mais enquanto sentia seu corpo todo ser machucado pelos destroços na água. As ondas a cobriam e a puxavam para baixo e ela precisava lutar para subir novamente.
Pensou novamente na irmã, precisava ser forte para voltar para ela. Estar com ela quando o fim realmente chegasse para Nau Rim. Não poderia morrer antes. Não era justo.
Ela sentiu a garganta arder. Alguma coisa entrara em sua boca. Ela tentava respirar, mas tinha dificuldade. Tentou tossir para expelir o que havia engolido, entretanto, mais água havia entrado pois foi puxada novamente para baixo.
Tentou subir à superfície mais uma vez, mas alguma coisa a atingiu na cabeça.
Em seguida, sentiu a escuridão assomar-lhe a visão.
As águas geladas levavam-na cada vez mais para o fundo quando sentiu alguma coisa a puxar para cima. Não conseguiu ver mais nada. A consciência simplesmente lhe escapara.
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