Alice in Borderland 2

Terminei há dois dias a segunda temporada de Alice in Borderland 2 e ainda estou de ressaca emocional. Meu Deus, que série é essa? Perfeita quando contemplamos seus símbolos e significados.

Eu posso ter odiado os primeiros episódios. Era um frenesi quase sem sentido, com o único propósito de sobrevivência, mas tudo isso vai adquirindo um significado absurdo para a série e também para refletirmos sobre nossas vidas e a maneira como a encaramos.

Para quem já leu a review que fizemos da primeira temporada, vou partir da premissa já colocada: Alice in Borderland é um intertexto, um diálogo franco com a obra de Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas.

Contudo, se na primeira temporada, o objetivo central estava em compreender as regras de jogo e seu propósito, agora, o objetivo maior é compreender que mundo é esse em que eles se encontram, e como voltar para casa.

Da esquerda para a direita: Ann, Kuiná, Usagi e Arisu

Se na primeira temporada, as personagens estavam centradas no seu passado e nas agruras que carregaram para ‘aquele mundo’, na segunda temporada, a angústia está muito mais no profundo dilema: quero mesmo voltar para minha vida e para o meu mundo?

Por último, se na primeira temporada, os personagens novos surgiam apenas como coadjuvantes numa batalha épica pela sobrevivência, agora ficará centrada nos 7 que já conhecemos: Arisu, Usagi, Chisiya, Kuiná, Ann, Aguni, Niragi e uma nova chamada Akane.

Antes de falar sobre as teorias e o resumo da ópera vamos dar uma olhadinha nesses personagens:

PERSONAGENS DE ALICE IN BORDERLAND 2

Arisu (Kento Yamazaki)

Arisu (Alice in Borderland)

É a Alice do País das Maravilhas. Ele é um jovem NEM-NEM (Nem estuda, nem trabalha) e passa seus dias desanimado e sem propósito na frente da tela de seu computador. Em Borderland, sua estratégia de jogo logo se destaca e ele passa a ser o principal jogador. Seus pontos fortes são a lógica dos jogos e processos mentais. Apaixona-se por Usagi e a seguirá nos jogos, ajudando-a e sendo ajudado por ela, compondo uma dupla dinâmica e cúmplice.

Usagi (Tao Tsuchiya)

Usagi (Alice in Borderland)

No início, pensei que Usagi era a lebre de março, já que fica pulando para cima e para baixo. Entretanto, nessa segunda temporada, fica evidente que Usagi é o coelho branco, que é o responsável por atrair Alice para o país das Maravilhas e que é inquieto e rígido com Alice. Usagi está sempre puxando Arisu e mantendo-o honesto quanto aos seus ideiais.

Ela é muito forte nos jogos de habilidade física, já que é filha de um alpinista que provavelmente se matou para não enfrentar uma acusação falsa. Ela é determinada, hábil, persistente e se torna o par romântico de Arisu. Nessa segunda temporada, ela não está muito inclinada em voltar para casa.

Chishiya (Nijiro Murakami)

Chishiya (Alice in Borderland)

É o gato risonho (Cheshire Cat). É inteligente, debochado, brincalhão e muito esperto. Seus pontos fortes são os jogos mentais que consegue derrotar sozinho, já que Arisu vai atrás de Usagi nos jogos físicos. Não é lá muito fiel, a não ser no seu firme propósito de sobreviver, o que lhe dará um dilema especial no fim, por isso, evita os jogos de equipe. O jogo dele contra o rei de ouros, foi um dos que mais gostei pela sua profundidade filosófica, pois ficamos refletindo se é possível avaliar uma vida de alguma forma que não vá se tornar imensamente injusta.

Kuiná (Asahina Aya)

Kuiná (Alice in Borderland)

Ela é a lagarta. A que passa por uma incrível transformação para se tornar uma borboleta. Seu dilema está em voltar para sua mãe e para o mundo que antes a rejeitava, já que ela é trans. Ela é excelente em jogos de equipe, pois sabe como colaborar com o grupo. Tem uma relação de confiança e amizada com Ann que se torna muito bonita. Seu ponto forte é a capacidade de lutar, entretanto, ela não gosta muito de armas de fogo, preferindo sempre o combate corpo a corpo com as próprias mãos.

Ann (Ayaka Miyoshi)

Ann (Alice in Borderland)

No passado ela foi uma perita forense que viu crimes que nos fazem indagar sobre a natureza humana. Entretanto, apesar de ter visto o pior da humanidade, ela quer voltar ao mundo antigo.

Tem a ideia de sair de Tóquio e ver se outras cidades estão sofrendo o mesmo que acontece em na capital, por isso, é a primeira a constatar algo importante sobre o lugar.

Ela é muito analítica e observadora e auxilia em todos os jogos que participa, especialmente, com Kuiná. Como o pássaro Dodo de Alice no País das Maravilhas, ela é quieta, mas muito inteligente e sábia.

Niragi (Dori Sakurada)

Niragi (Alice in Borderland)

No início imaginei que Niragi fosse o dragão Jabberwook, o grande monstro que Alice precisa enfrentar no país das Maravilhas, mas na segunda temporada, vejo Niragi muito mais como Bandersnatch, um bicho malcheiroso, falador e horroroso. Tem seus próprios dilemas, pois é um excluído que se tornou um valentão e agora quer descontar em todo mundo. É particularmente obsecado sexualmente por Usagi.

Aguni (Sho Aoyagi)

Aguni (Alice in Borderland)

Vejo-o como Bayard, o cão que trabalha forçadamente para a Rainha de Copas, mas que tem um coração bondoso. É forte e habilidoso com armas e com combate corpo-a-corpo. Está atrás do Rei de Espadas que possui muito poder de fogo e é muito habilidoso fisicamente também. Como um reflexo de si mesmo, travará esse embate como se procurasse a própria morte, pois sente-se culpado por ter assassinado seu amigo Chapeleiro.

Akane (Nanako Ode)

Akane (Alice in Borderland)

Essa nova personagem é muito habilidosa fisicamente, apesar de ter perdido um dos pés em um dos jogos. Tem habilidade de arco e flecha e está apaixonada por Aguni, por quem daria a própria vida, apesar de dar em cima de Arisu. Como a Lebre de Março, ela é agitada e provocativa. Possui uma vontade insuperável de sobreviver a qualquer custo, por isso, é muito determinada em seus propósitos. Nunca está preocupada com o presente, pois sempre coloca tudo o que faz na conta de uma Akane do futuro.

Tata

Tata (Alice in Borderland)

Kodai Tata foi um mecânico de automóveis que cometeu um erro pelo qual se sente culpado e se torna um bom amigo de Arisu. Ele é como o camundongo Arganaz que está sempre dormindo, por isso, as pessoas não lhe dão muito valor. Entretanto, ele provará sua valentia quando chegar o momento de enfrentar o rei de Paus.

OS CHEFÕES DE BORDERLAND, OU AS CARTAS DE FIGURINHAS

Não veremos todos os chefões dos jogos, já que alguns jogos são apenas pincelados, mas algumas cartas/chefes são especialmente cruéis e, ao mesmo tempo, amargurados(as), sentimento que só entenderemos no final.

Se na primeira temporada, os dealers de jogo eram sempre anônimos, agora, os chefões (big boss) se apresentam. Suas regras podem ser diferentes, mas o objetivo é um só: sobreviver.

Todos os chefões são acompanhados por um dirigível com a bandeira de sua carta e naipe.

Rainha de Copas (Riisa Naka)

Mira é a rainha de Copas. Já conhecemos essa personagem da primeira temporada, já que ela era uma habitante da praia e membro do conselho executivo.

É debochada e sádica com um jeito infantil. Como copas são os jogos mentais ou psicológicos, seu jogo aparentará ser muito fácil no início, mas será o pior para Arisu, pois irá apertar em sua ferida mais dolorida.

Ela apresenta muitas das teorias que eu mesma já havia pensado para toda a realidade do jogo, mas creia que nada será o que você imagina.

Rei de Ouros (Tsuyoshi Abe)

Chefão dos jogos mentais, ele também é um personagem conhecido na primeira temporada, onde era conhecido como o número 2 da praia, o Kuzuryu.

Ele foi um advogado na vida real e está desanimado da humanidade, já que serviu a empresas que almejavam o lucro acima da vida humana. Seu embate com Chisiya será um dos mais intelientes e interessante desta segunda temporada.

Rei de Espada (Yuya Matsuura)

É um homem forte, habilidoso e com muito poder de fogo. Será o primeiro a se apresentar e um dos mais difíceis de se derrotar.

Ele é um ex-mercenário chamado Isao Shirabi e seu jogo se chama Survival, ou seja, como o próprio nome diz, para vencê-lo, basta sobreviver, o que se demonstrará uma tarefa quase impossível. A cidade toda serve como arena de jogos para o Rei de Paus, mas ele não interage com outras cartas.

Rei de Paus (Tatsuhisa Suzuki)

É um maluco chamado Kyuma que anda nu por aí, pois acredita que o mundo de Borderland não pode mais ditar as mesmas regras sociais.

Sua arena é um antigo porto. Ele possui alguns lacaios que eram seus amigos de banda numa vida pregressa. É ele quem primeiro fala que é um cidadão residente deste ‘país’, o que só compreenderemos no fim.

Ele também informa que os cidadãos estão no jogo como os jogadores e que precisam da mesma forma sobreviverem, por isso, para os cidadãos, cada jogo é feito ao máximo, com cada um dando de si e fazendo os sacrifícios necessários para vencer.

Rainha de Paus (Minako Kotobuki)

Ela propõe a segurança e a estabilidade para os jogadores que ficarem em seu lado. Em contrapartida, esses não poderão seguir no jogo e encontrar uma saída.

Se você ainda não viu Alice in Borderland 2 não perca seu tempo, pois é uma das melhores séries que já vi e a melhor do ano.