Capítulo 12 – Paranóia
Yan Mim estava inquieta com sua situação, sem poder sair do crematório, dava volta várias vezes no local. Assim, descobriu que havia 5 categorias de espíritos que frequentavam o ambiente.
Os cinzas claros que andavam geralmente sozinhos, ou em grupo de 7 no máximo.
Os cinzas médios e emanavam ocasionalmente, uma fumaça escura, mas fraca, assim como ela. Andavam sozinhos ou em pequenos grupos, do mesmo modo que os cinzas claros.
Os cinzas escuros, que emanavam uma fumaça escura constantemente e andavam em grupos maiores. E tinha os outros 2 tipos, que assim que apareciam todos os outros se escondiam.
Os de cor preta, não se sabia ao certo, mas pareciam ser um grupo de espíritos que eram apenas uma mancha, uma sombra escura que passava causando pânicos em todos.
E os espíritos iluminados, também eram temidos pois vinham buscar alguém de volta para o seu destino. Os que estavam ali, não queriam. Todos não se conformavam com suas mortes e de alguma maneira estavam presos à atmosfera terrestre.
Quando Joon conseguiu entrar em contato com o Xamã, queria um favor. Mas foi impossível. Joon pensava que as orientações, dadas ao irmão, não passavam de uma farsa bolada entre ele, a Sra. Lee e o neto. Entretanto, ficou surpreso.
– Sr. Choi Joon, tentei várias vezes entrar em contato com o Sr. Esperei como falou, mas não entrou em contato comigo, então eu liguei, contudo, não atendia. Queria explicar que, o que aconteceu naquela ocasião, foi a pura verdade. Meu neto foi usado pelo mentor do meu irmão, para passar a mensagem. Desde aquele dia, meu neto tem sido usado. E o santuário está sempre lotado. Pessoas de todo o canto do país vem buscar uma mensagem e soluções para os seus problemas.
– Está me dizendo que realmente a mulher que meu irmão encontrou é a salvadora? A cura para o seu mau?
– Sim, se ele a encontrou, deve proceder como foi orientado. Não há outra solução para o problema dele. Se tivesse, seria dito naquele dia.
– Mas ele disse que a mulher é… Ele disse que prefere virar monge em vez de encarar ela!
– Não posso fazer nada, se ele prefere ser monge, é uma boa escolha também!
– Ele disse que quando fica perto dela, um fogo o consome.
– Para isso foi dado os elixires, deve tomar uma a 3 colheres, para evitar que fique muito excitado, assim poderá chegar perto dela sem problema. Só na ocasião, tudo será normal, como tem que ser.
– Quer dizer que, se ele fizer, do jeito que foi passado. Ele voltará a ser como era antes?
– Sim, só ela pode quebrar a maldição que foi colocada pela ex-esposa.
– Tem certeza!?
– Foi isso que o mentor do meu irmão falou! Ele não mentiria! Pelo que o senhor falou, ele sentiu ser possível voltar a ser potente como antes, assim que a encontrou?! Foi isso, não é? Então é prova que, o que foi falado, não era mentira!
– Mas, por que ela? Ele disse ser impossível ter algo com ela!
– É um karma entre eles. Eu também não sei lhe dizer!
– Vou transmitir o recado. Entretanto, ele vai ficar chateado com isso!
Quando Goon desligou o celular, alguns minutos mais tarde, sua cara era de desconsolado. O primo lhe interrogou com entusiasmo, tentando animá-lo.
– Sim, o que foi que o Joon falou? Ele gostou de saber que já negociou a compra do terreno? Por que essa cara? Ele não gostou que você negociou?
– Não é isso! Joon ele entrou em contato com o Xamã! Então, se eu quiser ser como antes, vou ter que passar por essa provação! Vou ter que…
Goon nem conseguia dizer, para ele era o pior castigo que até aquele dia recebeu. Quando jovem, havia colocado cocô de cachorro na sala dos professores, de um dia para o outro, o cheiro se impregnou. Depois disso, ele recebeu a punição de lavar todos os banheiros da escola. Foi horrível, mesmo assim, não se comparava com esse!
– Mas você não disse que sente algo incontrolável? É só não se controlar e deixar acontecer!
– É fácil para você que não está na minha pele! Nem sei como fazer isso?!
– Tem que começar chamando a mulher para conversar, de uma maneira civilizada.
– Vou dizer o quê?! Fui amaldiçoado e meu castigo é transar com você! Você acredita que ela vai aceitar!? Não viu como saiu com a cara brava, por eu negociar pagar para ela transar comigo?!
– Você fez de maneira errada! Deve ser sutil, em primeiro lugar, conquistar e depois negociar.
– Não quero criar laços com aquela maluca fora de moda! Viu como ela se veste?! Completamente brega! Cafona!
– Vai fazer o que então?
– Vou negociar! Ela está endividada! Então vai ser fácil, é só mostrar uma maleta cheia de grana, que ela cede rapidinho! Em primeiro lugar, tenho que achar um jeito de me encontrar com ela para fazer a negociação. – planejou Goon – Você está certo, tem que ser de maneira civilizada. Ela tem que saber que é verdade e real. Claro que ela deve pensar que foi um sonho, uma ilusão. Um homem como eu, propor isso. Só pode ser um conto de fada! Né?!
– E como vai fazer isso?
– Vou mandar flores com um pedido de desculpas. Assim ela deixa de paranóia e me aceita.
– Você não acabou de dizer que não quer criar laços! Mas vai mandar flores?!
– É só para ela ficar comovida, assim vai ficar com o coração amolecido, e vai querer logo falar comigo. Diz-me, qual é a mulher que não se derrete ao receber flores?!
– A Yan Mim! – o primo falou com medo de receber um objeto voando na sua direção.
– Já está explicado: aquilo não era mulher pois era um demônio disfarçado de mulher! Para fazer o que fez comigo, só uma criatura sem coração!
No final da tarde Irene correu para casa de sua amiga. Louca para contar a novidade e ao mesmo tempo morrendo de medo. Entrou na casa da amiga sem bater na porta, como era de costume. Mesmo que a porta estivesse aberta, Irene batia e pedia licença para entrar.
Ofegante de ter corrido, foi entrando até a pequena sala. Íris estava com seu notebook assistindo vídeos de tutorial de maquiagem mas quando viu a amiga naquele estado se assustou.
– O que foi?
Ofegante e respirando fundo, respondeu quase sem ar.
– Nem te conto! Não é que um homem me procurou no mercado, naquele mesmo dia!
– Quem bom! Assim ainda pode ganhar o dinheiro!
– Que bom uma ova! Como ele sabe que eu moro aqui, se eu não o vi me seguir? E como foi no mercado, dizendo ser sobre um currículo? Ele sabe que eu sou contadora! Como sabe tudo isso sobre mim?! Ah?!
– Não sei! O que você acha?
– Acredito que o dono da picape que meu marido bateu contratou uns capangas para me pegar! E pelo visto o homem do surpermercadão é perigoso! Deve ser da máfia Chinesa ou japonesa!
– Que paranóia! Penso que tem visto muitos doramas violentos! Nem tudo é que nem nos filmes e seriados!
– Então me explica como ele sabe tudo de mim. Suponho que o dono da picape cansou de esperar o pagamento. Como eu não pago ele vai me … – Irene passou o dedo indicador em sua garganta. Fazendo um estalo com a boca.
– Está maluca! É óbvio que não pode ser isso! De quanto é a dívida?
– De 9 mil, na época. Está em 31 mil. Ainda por cima, os juros crescem dia a dia!
– E você julga que ele iria te matar por 31 mil, ele tem cara que tem muito dinheiro. Não se sujaria por 31 mil.
– Acha que não!? Tem gente que mata por menos!
– É coisa da sua cabeça! Paranóia! Esquece!
– Não posso esquecer! Quando saí da sua casa na sexta-feira, tinha um carro parado, assim que fui para casa, ele me seguiu. Sabia onde morava, fez a volta e passou devagar. Não colou essa de eu ter me mudado, ele deve estar dias me vigiando! No supermercadão só foi um pretexto! Se eu topasse, estaria morta agora! – fez o sinal da cruz.
– Por que faria isso?
– Para me atrair, sabe que estou precisando de dinheiro. Me sequestrava, me matava e jogava meu corpo em qualquer mato por aí! Ainda bem que eu tenho os meus princípios! Isso é pecado!
– Não pagar as contas também é pecado!?
– Sei que é! Mas não pago, não é porque não quero! Não tenho dinheiro! Se eu tivesse, já teria pago! O que eu faço?
– Primeiramente, tem que saber se realmente é isso? Se for, denuncia para a polícia.
– Se a polícia também estiver envolvida?
– Ah! Irene! Você está maluca mesmo! Que neurose!? Sua paranóia só aumenta!
– Mas tem muitos casos de policiais corruptos!
– Tenta lembrar do homem do supermercadão?
– Sim, o que tem?
– Ele falou com você em que língua?
– Por quê?
– Para saber se ele é um chinês!
– Não sei em que língua falou, para mim, é tudo igual! Assim como dá para confundir entre coreano, chinês e japa! Pois a língua é mesma coisa!
– Claro que não! Tem diferença entre eles!
– E qual é?
– Agora eu não sei te explicar… Mas a língua é totalmente diferente!
– Qual a diferença?
– Lembra como ele falou primeiro com você?
– Sim, me lembro bem.
– Como foi?
– Ah, não sei repetir!
– Se for chinês, fala mais ou menos assim. Shuchei, shui, shushusi, lingui lingui é quase tudo com som do xis.
– Não foi assim!
– Se for coreano é assim: inha, inho, seo, choio, iá. E se for japonês é assim: taka, toko, aritó,rikó.
– Está mais para coreano!
– Viu, não é da japonesa, e nem da máfia chinesa!
– E não tem máfia na Coreia?
– Acho que não! Não assistiu comigo, vários doramas policiais!? Eles comentam sobre as (gangues), mas nunca mencionaram em máfia, a não ser a chinesa, a japonesa! E a italiana que sabemos que existe! Acalma!
– Então o que ele quer comigo?
– Mas, é o mesmo homem, o do supermercadão e o que te procurou aqui no bairro? Pode ser coincidência!
– Não é, ele citou os currículos, faz séculos que eu não envio currículos!
– Uh! Calma já tenho uma ideia! Vamos à mulher lá do morro.
– Ah, não! Não gosto nem de passar por lá! Parece que tem gente me olhando!
– Você e suas manias de paranóia! Ela abrindo o baralho, pode tirar essa neurose sua.
– Não sei não, vou pensar se eu vou. E também ela cobra! Não tenho dinheiro para gastar com isso!
– Eu pago.
– Pagaria para mim?
– Sim, em troca você faria um favorzinho para sua amiga. Uh!
– Eee! Já estou vendo nesse olhar, que vou ser cobaia sua de novo!
– Irene você chegou na hora certa! Veja isso!
Em seguida, assistiram a um vídeo no YOUTUBE, um tutorial sobre maquiagem.
– Irene vou abrir um canal, para promover meu salão de beleza, assim já posso vender meus produtos de beleza e meus cremes que invento. O que acha? Não é uma boa ideia?
– Você vai ser presa se vender produtos sem licença e sem ser aprovado pelo controle de qualidade, isso sim!
– Claro que vou levar meus produtos para serem registrados! – disfarçou e falou em baixo tom.
– Mas antes, eles têm que ser testados! Te pago 10 reais para ser o meu modelo nos vídeos.
– Eu? Tá, louca!? Agora é você que está de paranóia! Vou pagar mico em rede nacional?! Pirou né, sabe que você já me fez de cobaia por muito tempo. – disse Irene, mas vendo a cara de Iris, voltou atrás – Tudo bem, só nós duas. Coloco um lenço na cabeça e vou para casa. Mas se der errado! Como sempre dá! Todo mundo vai me ver.
– Deixa de ser boba. Só vou postar os vídeos que derem certo! Pensa que sou burra?! Te pago 20 reais o que acha?
– Vou pensar!