A Dança
Durante os dias seguintes, Irene continuou a farsa. Acordava cedo, ia até a sua casa, arrumava uma bolsa com o que seria necessário. Corria para o mercado para trabalhar. Quando dava o fim de seu expediente, corria para a casa de Íris, tinha uns 30 minutos para ensaiar uma dança. Coisa de Íris! Em seguida, diante da irmã fofoqueira da amiga, às duas continuavam a mentira, indo para o hotel, onde a rotina daquela semana continuava.
Mas nos dois últimos dias, deram uma desculpa para dormirem no hotel. Assim ambas teriam mais tempo para pôr o sono em dia.
Por outro lado, Goon durante os dias que seguiram, fez testes com o elixir. Tomou uma colher, duas colheres e 3 colheres. Percebeu que a cada colher, diminuía seu desempenho. Então para os dois últimos dias que faltavam, resolveu apenas tomar uma colher. Como fez na segunda noite.
Não sentia aquela corrente elétrica, que o endoidecia. Todavia, permitiria ter um bom desempenho no momento de prazer. Pois, ao tocar em Irene sentiria o mesmo fogo e o mesmo desejo, capaz de fazê-lo esquecer que Irene não era o seu tipo. Portanto, teria que suportar só mais duas noites.
Íris encheu tanto, que acabou convencendo Irene, a fazer um ‘strip’-tease.
Ensaiou durante 3 dias uma dança sensual, estava em dúvida entre duas músicas. Queria desistir, mas a amiga não deixou em paz. E a fez pôr em prática na sexta noite. Certamente, Irene não queria seduzir Goon. Então, só resolveu ensaiar a dança, para Íris parar de incomodar.
Decidida, com a escolha da música. Irene foi para a penúltima noite. Sim! Lá, no fundo do seu íntimo, ela estava abalada emocionalmente. A relação deles era tão envolvente, que não parava de pensar durante o dia. Mas, morria de vergonha da situação! Diante de Goon e do secretário, sentia vergonha, como se fosse uma, biscate.
Mas, com o senhor Kim era, diferente! O olhar do senhor Kim, não era como o olhar de Goon e do secretário. O senhor Kim desde o começo. Olhou, para ela com respeito e sem julgamento.
Todavia o Sr. Goon, parecia estar sempre ansioso com algo. Mas, que não era ela!
Quando entrou no quarto, nem queria fazer, pensou em mentir para Íris que sua dança não o seduziu. Mas ela seria, capaz de querer detalhes. Entretanto, Irene não saberia como convencer a amiga, da mentira por muito tempo. Então resolveu ariscar a realizar a dança.
Vendo-o sentado na mesma poltrona. Vestindo agora um roupão branco. Olhou para aquele homem com desejo. “Por que não! Pensou ela criando coragem!” ” Mesmo que ele não goste da minha dança! Não vai quebrar o contrato por causa disso!”.
Então, tirou o celular de sua bolsa, colocou tocando a música escolhida. E pôs o celular na cômoda ao lado da bolsa. Respirou fundo. E iniciou sua dança sensual. Primeiramente foi desmanchando o penteado. Deixando os cabelos soltos, sentou na cama e tirou a meia fina. A cada movimento tentava mostrar partes de seu corpo. Até, que tirou o vestido com um pouco de desiquilíbrio. Certamente estava nervosa. Então foi fazendo vários movimentos, com suspense para tirar o sutiã!
Goon ficou surpreso, olhando a performance daquela mulher. Que além de ser feia para ele! Não tinha nem uma coordenação motora. A música até era bonita e sensual. Mas, ele só tinha vontade de rir, vendo-a dançando. Às vezes, ela fazia umas caras, que provavelmente, ela deveria acreditar que, eram provocativas.
Até terminar Goon aguentou firme, segurando o riso. Todavia, no final soltou uma gargalhada! Para ela não ficar chateada com ele rindo de sua dança! Ele levanta e bate palmas, para disfarçar.
Ela ofegante pergunta.
— Gostou ou achou brega?
— Brega? Não sei o que significa?!
— Ruim! Fora de moda! Você está rindo!? Quer dizer que me achou ridícula dançando! – ele sorrindo explica.
— Vamos dizer que, foi divertido! É que a maneira que vocês dançam aqui. É bem diferente do meu país! Vários passos que você fez, eu nunca vi! — ele tentou apaziguar.
— Eu queria mudar um pouco! Feijão com arroz todo dia enjoa!? — ele foi até o banheiro, pegou um lenço de papel. Se aproximou dela, enxugou do seu rosto, o suor.
— Vamos dizer que você me surpreendeu! Mas sabe, que não podemos criar laços! Era melhor ter ficado do jeito que estava! Nós não podemos nos apegar! Seria ruim! Tanto para mim, como para você! Você pareceu estar tentando me seduzir!? Não foi?
Irene toda confusa e com medo de ser descoberta. Negou rapidamente.
— Claro que não! Nunca mais nós nos veremos! Não é por isso que, não podemos ter momentos diferente e divertido! Toda vez que entro nessa casa me sinto mal! Culpo-me, por estar fazendo algo errado, tendo essas noites, em troca do dinheiro!
— O que vai fazer com o dinheiro?
— Comprar uma casa! Só aceitei por estar sendo despejada de onde eu moro!
— Está pensando em sua família! Então não se sinta mal, se vai fazer um bem! Eu também queria que essa situação fosse bem diferente! (Goon pensou na sua situação, a que ele, sem gostar, sem sentir atração física. Deveria passar 7 noite. Apenas para se livrar de uma maldição. Nem ele, muito mesmos ela, deveriam estar passando por isso!) — Senhora Tomaselli! Apenas pense no bem que está fazendo pela sua família e por mim!
Irene pensou “Em que bem, ela estaria fazendo por ele! Será que, estava relacionado a sua ex- esposa? Começou a lembrar e juntar as informações e concluiu que sua esquizofrenia, era por ele ter, presenciado o acidente. Algo, ligado a ela, lembrava a sua ex. Talvez, depois daquelas noites, ele aceitasse a morte de sua amada.
Estava pensando em tudo aquilo, e tentando entender que tipo, de ajuda, ela estava dando-lhe? Então, lembrou do corte no pulso. E quando os dois se deitaram, ela deu tanta atenção e carinho.
Que Goon, num impulso confuso, também retribuiu a atenção e o carinho.
No outro dia, mesmo sendo inverno o sol brilhava forte. Goon resolveu nadar. Na piscina, ria ocasionalmente, ao lembrar da dança desengonçada daquela mulher engraçada. Entretanto, além de pensar na dança, sem querer, se pegava pensando de como foi envolvente a noite anterior. Julgou que ela estava mais solta, mais atenciosa e carinhosa.
Bateu na sua cabeça, querendo apagar o seu pensamento. Todavia, nesse momento percebeu que ficou excitado, só de ter pensando, no envolvimento dos dois na cama. Como antigamente, sua moral ficou firme! Ele soltou um suspiro emocionado. “Será ser um sinal, que estou sendo curado? Ficou empolgado com a novidade. Aquela seria a sua última noite e o sinal da cura já estava aparecendo!
“Não era mentira! Realmente Irene, era a sua salvação!”
Após analisar bem as palavras que Goon, falou para ela. Irene se sentia envergonhada, pela dança. Mas, ao mesmo tempo, indignada!
— Como assim?! Passos diferentes!? Passos de danças são iguais aqui e na China! Como pode dizer que nunca viu os passos que eu fiz!? Ele só falou assim para, não dizer, que sou um desastre dançando! Ele riu no final!
— Calma Irene! Ele foi gentil!
— Ele riu! Ele riu de mim! E eu senti compaixão dele!
— Eu falei, para você! Para dançar a outra coreografia! Escolheu a dança mais complicada! Deu nisso!
— Agora como vou encarar ele nessa noite!? Estou morrendo de vergonha! Ele poderia ter sido franco comigo! E dizer que não gostou da dança!
— Mas se ele riu! É porque gostou! Achou divertido! Pare de entrar em parafuso por causa disso!
— Ele teve a coragem de dizer que eu estava tentando seduzi-lo! Ele deve pensar que eu estou caidinha por ele!?
— Seja sincera!? E não está?
— Não! Claro que não! Eu só fiz por sua causa! Ele não é bom partido! Entre ele e o Sr. Kim! Eu prefiro o Sr. Kim! Mil vezes o Sr. Kim!
— O Sr. Kim é atencioso! Pois, é o trabalho dele! Não pensa que é assim, só com você!
— Eu sei! Mas, não quero um esquizofrênico! Essa é a última noite! E depois não vou ver mais o gostoso de cama! Nem o fofinho de sorriso irritante! E nem o guarda-costa mais lindo que já conheci!
— Até agora! Esse é o único guarda-costas que você conheceu!
— Não! Têm os dos filmes! E nem chegam aos pés dele!
— Um guarda-costa? Para né Irene! Se pode ter o patrão! Por que, quer o guarda-costa?
— Não quero nem um deles! Só quero que isso acabe logo! Não vejo, a hora de pegar os meus 400 mil reais! E nunca mais passar vergonha como passei nessas noites, e esquecer tudo isso! Quero apagar de vez esse episódio da minha vida! Porém, depois de ontem estou morrendo de vergonha de pisar naquela casa!
— Pára de se lamentar e vamos se arrumar! É a última noite! Vamos usar um belo vestido preto!
— O preto decotado de novo?
— Não! Eu comprei outro! Esse é digno de uma viúva! Por estar de luto!
— Eu de luto?
— Sim! O teu lindo sonho encantado vai morrer! Essa noite acaba tudo. Não vai ver nunca mais o bom-de-cama! Nem o fofinho-sorridente! E nem o teu belo guada-costas! Volte antes da meia-noite Cinderela! Porque, o carrão preto vai virar abóbora, e o belo motorista vai virar ratinho!
— Não achei graça! Não sei como vou encarar o Sr. Goon, depois daquela horrível dança!?
— Já sei como! — Íris foi até o frigobar do quarto, pegou uma garrafa de tequila. Preparou dois copos e ofereceu um para a amiga. — Toma aqui!
— Tomar o quê?
— Está faltando o sal e o limão! Contudo, é algo que vai te dar coragem! Toma num gole só!
— O que é isso? E para quê serve?
— Certamente, é para esquecer a vergonha que passou ontem!