Bêbada
Ela saiu do hotel andando descontraída. Íris ao seu lado, ria à toa. Parecia que as duas estavam jogando conversa fora. Nada de importante. O Sr. Kim sentiu nos passos, que Irene não estava bem, ou não estava em sã consciência. Parecia que ela estava bêbada! Ela sorria de maneira mais espontânea, gesticulava exageradamente enquanto falava.
Foi chegando e mordendo os lábios, de certa forma meio provocativa. Ele abriu a porta assim, que ela ficou na sua frente. Deu boa noite muito formal, para não dar liberdade. Nem para ela, muito menos para a amiga. O vestido era preto! Mas era um estilo clássico. Parecia uma viúva rica de filme. Só faltava o chapéu para completar o personagem. Assim que ela entrou, fechou a porta e entrou no carro. As amigas se despediram com um tchauzinho debochado.
Ele saiu do estacionamento do hotel, e pegou a Avenida principal. Entretanto, mais adiante parou o carro no acostamento, e se virou para falar com ela.
– Senhora Tomaselli! A senhora está bem?
– Sim! Estou ótima!
– A senhora gostaria de parar numa cafeteira e tomar um café comigo?
Ela com cara de empolgação, senta-se na ponta do banco de trás, coloca as mãos, uma em cada encosto, dos bancos da frente, e se inclina para falar, ficando milímetros distantes dele. Mais um pouco, teria beijado ele nos lábios. Falou toda cheia de si.
– Desculpe lindinho! Mas eu não posso! Eu tenho um contrato assinado com o senhor Goon! Não posso traí-lo. Mas se depois dessa noite, você quiser tomar um café comigo eu aceito! – Sorriu de uma maneira maliciosa.
Ele tossiu por causa do cheiro do álcool, mas aproveitou se distanciar, e disfarçar o riso. Achou engraçado! Ela dizer que tinha que ser fiel ao Sr Goon, como se os dois tivessem um real compromisso. Ela coloca a mão direita em forma de concha, na frente de sua boca e solta duas vezes o ar, em seguida cheira, e argumenta.
– Estou com bafo de bebida, né!?
– Sim! Um pouco! – concordou ele, se inclinando, mais um pouco para trás.
– Tudo bem! Ele não vai me beijar mesmo! No contrato, não pode ter beijos!
– Entendi. Mas realmente não quer tomar um café? Para cortar um pouco o efeito do álcool?!
– Não! Quero ir assim mesmo! Sabe! – tentou ela explicar o real motivo de ter bebido. – Eu ontem, fiz algo ruim para o Sr. Goon! E estou com vergonha. Eu só bebi 4 doses de tequila, para ter coragem!
– Mas a senhora está um pouco alta! E uma xícara de café, baixaria o álcool do sangue!
– É?! São os sapatos! Esses são dois cm mais alto, que os outros. Mas tudo bem! Eu consigo andar com eles! – ele não aguentou, e deu um sorriso largo, foi divertida a piada que ela fez, sem perceber. Vendo-o sorrindo, algo que até então, ela não tinha visto. Retribuiu o Sorriso justificando.
– Você fica tão lindo sorrindo! – ele agradeceu, e virou para frente um pouco abalado, ligou o carro e seguiu para o casarão.
Quando ele parou o carro, Irene não esperou o Sr. Kim abrir a porta. Saiu determinada! O senhor Kim a ouviu resmungando.
– Vamos acabar logo com isso!
Subiu os degraus sorridente. Um riso debochado. E diante de Jun, não fez questão de ouvi-lo. Entrou na casa apressada. O Sr. Kim subiu e entrou logo atrás deles.
Ela ficou na frente da porta do quarto esperando pela coragem. O Senhor kim se sentou no sofá de costa para o corredor. Entanto Jun, ficou sentado no sofá, na frente dele. Dali poderia observar ela parada. O senhor Kim sem cerimônia interroga o secretário.
– Aconteceu algo ontem entre eles? Algo de diferente?
– Ontem!? Ontem de diferente, eu só ouvir uma música! Por quê?
– Ela falou que fez algo de ruim ao Sr. Choi!
– Acho que não! Ele teria comentado! – nesse instante ela sai de frente da porta e vai até a mesa posta do jantar. Pega a garrafa de vinho que está na balde de gelo, abre com o saca-rolha que está ao lado do balde, e vai para o lugar onde estava, ficando parada. Jun acompanha os seus movimentos com os olhos curiosos.
– Ai!? Será que as coisas vão complicar? – desabafa Jun, vendo-a bebendo diante da porta.
– Por quê?
– Sr Kim, ela está bebendo o vinho no gargalo! Já é o quinto gole! – o senhor Kim se vira, para vê-la. Suspira fundo e aconselha o secretário.
– É melhor fazer um café bem forte! Não acredito que ela seja acostumada a beber!
– Acabou de entrar! O que faremos agora?
– É melhor esperar! Não creio que hoje aconteça algo! Ela bebeu tequila, e agora vinho. Com essa mistura! Provavelmente vai passar mal!
Goon como de costume estava sentado na poltrona, ao vê-la, notou algo estranho nela. Viu a garrafa de vinho na sua mão e parecia estar na metade! Ele se levantou para tirar o roupão. Ela continuou bebendo. Só largou a garrafa quando esta, estava completamente vazia. Ele mal tirou o roupão e foi surpreendido. Irene não falava só agia. Ela foi até ele, o puxou e o jogou na cama. Então subiu em cima, sentando-se nele, na altura de sua região pélvica. Ela foi se inclinando aproximando com o seu rosto, antes de chegar perto do dele. Ele advertiu falando alto!
– Senhora Tomaselli! Não faça isso! – lembrou que deu, 1 ponto para os seus dentes, e ficou com medo de ser beijado.
Irene continuou cada vez mais se inclinando e se aproximando do seu rosto, sem obedecê-lo.
– SENHORA TOMASELLI! POR FAVOR!? NÃO FAÇA ISSO! – dessa vez falou mais alto, que dá primeira vez, parecia mais um grito de desespero.
Ela não atendeu o seu pedido, estava com o seu rosto bem próximo do dele. Então em um apelo desesperado, sussurrou suplicando. Já que seu corpo ardia de desejo. E se ela o beijasse, provavelmente ele poderia corresponder.
– Senhora Tomaselli! Por favor! Não me beije!
Ela desviou os lábios e começou a beijá-lo no pescoço. E foi gradativamente descendo. Do pescoço, foi para o peito e continuou beijando carinhosamente todo o seu corpo.
Na sala, June o Sr Kim ficaram em alerta. Desde a primeira vez que ouviram Goon, pedindo para ela não cometer algum ato. Depois do segundo, com voz desesperada. Pensaram que seria melhor entrar, invadindo o quarto. Quando se levantaram decididos em intervir. Goon começou dar gemidos perturbadores. Jun, abriu 3 casas de sua camisa, e o Sr. Kim abriu o paletó. Minutos depois o senhor Kim questiona Jun, um tanto intrigado.
– O que ela fez com ele? Para ele gemer desse jeito!? Os gemidos de hoje, não são iguais das outras noites?! – um tanto desconsertado o secretário responde.
– Sr Kim! Vamos fazer de conta que não ouvimos nada! Me dá licença! Que vou tomar um banho frio!
O guarda-costas irritado saiu e foi para a piscina. Três horas mais tarde, Goon estava pedindo ajuda para o primo e para o Sr Kim. Entraram na sala, e viram Goon sair do quarto descabelado, com o roupão de um lado puxado, deixando grande parte de seu ombro e tronco amostra. Parecia cansado. Começou a se arrumar enquanto falava.
– Por favor!? Me ajudem a por ela no carro!? Ela está totalmente bêbada! Está me atacando com unhas e dentes, querendo mais!
Irene saiu do quarto vestida, como o vestido de trás para frente. Falando alto e irritada.
– Quem disse que estou bêbada!? Foi você? – apontou para o Goon. – Eu não estou bêbada! Se não gostou?! Fala, que eu paro! Só não fique inventado mentira!
– Eu gostei! Mas já está na hora de ir! Deve dormir cedo! Não esqueça que tem que trabalhar!
– Trabalhar uma ova! Amanhã eu não trabalho! Amanhã é domingo!
– Não é melhor, ela voltar para o quarto, e vestir o vestido corretamente!? – argumentou Jun para o primo.
– Oh Risadinha! Eu me visto da maneira que eu quiser! Você não tem nada com isso!
– Tudo bem! Não precisa se alterar, a senhora faz como quiser!
– Senhora Tomaselli! A senhora vestiu o vestido ao contrário! É melhor voltar e arrumá-lo, se precisar de ajuda, eu posso ajudá-la!
– Ah! Lindinho! Se você está me pedindo eu faço! – os primos se olharam intrigados.
Ela entra no quarto, o Sr kim caminha na direção da porta, mas Goon obstrui o caminho, colocando sua mão no sentido de pará-lo.
– Onde pensa que vai?
– Vou ajudá-la!
– Claro que não! Se tem alguém aqui que pode ajudar ela, a se vestir, sou eu!
– Senhor Goon! Está me interpretando mal!? Minha intenção em ajudá-la, não é maliciosa!
– Mesmo assim! Não vou permitir que a veja sem roupa! Se eu precisar de ajuda eu chamo! – ele se vira e entra no quarto.
No quarto ela está sentada na cama, com os olhos arregalados, querendo mantê-los abertos. Vendo-o, Irene sorri e pergunta inocente.
– Se voltou é por que gosta de mim? E quer mais?!
– Não! Eu não quero que outro homem toque em você! Não acho certo! Você entrou nessa casa para ter intimidade comigo. E não com outro.
– Então casa comigo!? – ele ficou surpreso e sem ação. Mas pergunta.
– Por que eu deveria se casar com você?
– Porque o primeiro homem com quem transei se casou comigo! Você é o segundo com quem eu transo! Você deveria casar comigo!
– Quer dizer que eu sou o segundo, após tanto tempo? E é só por isso que devo que casar contigo? – ela balança a cabeça confirmando. Ele começa a rir, se divertindo com a situação. – Não penso que isso seja motivo para casamento!? Penso que para casamento deve haver amor, nem que seja de uma parte! Além disso, já tive uma experiência desastrosa com casamento sem amor! E tenho vários motivos para não poder casar contigo!
– Quais? – ela mesmos tonta, mantinha a atenção na conversa.
– Vamos fazer assim? Primeiramente vamos tirar o vestido e vesti-lo da maneira certa! Depois continuaremos essa conversa. – ele queria ganhar tempo para pensar em uma desculpa.
– Enquanto eu faço isso, nós podemos conversar! – ela levantou e tirou o vestido perguntando novamente.
– Por que não pode se casar comigo?
– Primeiramente! Você não faz o meu tipo! – ele foi direto para ela perder as esperanças.
– Então! Por que me pagou para transar esses dias contigo? – ele se sentiu acuado, mas respondeu de maneira simples e direta. Dando uma desculpa esfarrapada.
– Porque eu sou um milionário excêntrico!
– Você é excêntrico ou esquizofrênico?
– Eu sou excêntrico! – tenta corrige a confusão que Jun fez.
– Foi só, por você ser excêntrico!? Que você me pagou por essas noites?!
– Sim!
– Quais são os outros motivos para não se casar comigo? – ele não imaginou que ela insistiria, depois das primeiras respostas.
– Minha família não te aceitaria! É muito preconceituosa! Nunca aceitariam, que eu casasse com uma mulher pobre!
– Mas, eu vou ficar rica! Vou ter 500 mil reais!
– Para minha família isso é troco!
– E o que mais?
– Você não é coreana, nem oriental, muito menos asiática! Nunca aceitariam uma ocidental! Nem pensar!? Meu pai me expulsaria de casa!
– Já que tem tantos motivos! É melhor a gente não se casar mesmo?! Não quero que seja expulso de sua casa por minha causa! Eu já estou pronta, então vou para o hotel.
O Sr kim e Jun escutaram toda a conversa, estando próximo na entrada do corredor, ao ouvir que ela estava pronta, o senhor Kim saiu e ficou na varando esperando por ela. Jun correu e se sentou no sofá, com os olhos marejados de lágrimas. Ela saiu e foi até a mesa. Jun não se preocupou, pois outras vezes, ela jantou antes de ir.
Goon não saiu do quarto, se sentiu mal de ter falado tudo aquilo. Viu no rosto dela a tristeza de ter sido rejeitada. Ela nem sentou a mesa, ao lado da mesa do jantar, tinha um balcão com vários litros de bebidas. Irene abriu uma garrafa de cinzano e começou a beber para esquecer o que ouviu no quarto. Como estava demorando, Jun se levantou e a viu bebendo novamente no gargalo. Assustado pediu ajuda.
– Senhor Kim! Corre aqui! Acho que ela vai desmaiar! – o senhor Kim entra na sala correndo e Goon que estava se preparando para tomar seu banho, ao ouvir o berro do primo, foi correndo para a sala.
O Sr kim vai até ela e pega a bolsa que estava na mesa. E estendendo a mão. Oferece ajuda para ela se levantar. Quando ela ergue as mãos, ele a segura com força, erguendo a do chão, onde ela estava. Coloca um dos braços dela por cima dos seus ombros. Com uma mão segura a mão dela e a outra, segura ela pela cintura. Ele atencioso, pergunta.
– Senhora Tomaselli! A senhora se machucou? – ela ergue a cabeça e vê Jun e Goon assustados. Todos que estavam ali, viram ela cair, com o susto que levou, com os gritos de jun.
– Eu caí por causa dele! – aponta para jun, com a mão que estava solta. – Esse linguarudo, não podia ficar quieto!? Além de rir, que nem uma Hiena! Grita que nem uma Araponga! – nem um deles, abriu a boca para argumentar.
O Senhor Kim, a levou até o sofá. Para dar uma olhada, se ela havia se machucado. As mãos estavam vermelhas, pois colocou todo peso do corpo na queda, apoiando as mãos no chão. Um dos joelhos, na queda foi arranhado na cadeira. Goon reclama como primo.
– Ela se machucou por sua causa! Viu sua Hiena! – o primo pergunta.
– O que é uma Araponga? – balançando a cabeça negativamente, Goon critica.
– Agora não é hora de perguntas! Veja o que você fez! – ele vai até o quarto e volta com estojo de primeiros socorros. Ele abre o pega uma pomada para passar no arranhão do joelho. Ela não o deixa passar. Tira da mão dele e entrega para o senhor Kim.
– Lindinho! Você pode passar no meu machucado? – ele todo sem jeito, faz o que ela pede. Goon irritado pergunta.
– Há minutos atrás, você queria casar comigo!? Agora eu não posso passar o remédio!? E ele pode?
– Acabei de me arrepender! E o Lindinho é o único aqui, que me trata bem?
– Como assim!? Todas essas noites eu tenho te tratado bem!?
– Você acabou de me tratar mal!
– Quando?
– Quando disse que não queria casar comigo, porque eu sou feia!
– Eu não disse que você é feia! Eu disse que você não é o meu tipo!
– Toda mulher que não faz o tipo de um homem! É porque não é bonita para ele! – rapidamente Jun aponta para ela e concorda balançando a cabeça positivamente.
– Ela está certa! Totalmente certa! A conclusão é lógica!
– Não se mete na conversa! – fala Goon irritado para o primo. – Eu não tenho culpa, se você não é o meu tipo!?
– Tudo! Até agora tudo! É culpa sua! Ontem! Deveria ter dito que não gostou! Só me fez passar vergonha! Se eu bebi, foi para esquecer que você riu da minha dança! E se eu cai, foi porque eu estava bebendo para esquecer que você rejeitou o casamento! – ela falava completamente transtornada. Parou um pouco fazendo careta, quando o senhor Kim passa a pomada, em cima do arranhão, e agitada continua.
– Fique sabendo que você também não é o meu tipo! Entre ele (apontou para o Sr. Kim) e você! Eu preferia, mil vezes ter passados essas noites com ele. – o Sr. Kim estava vermelho com a declaração. – Você só é bom de cama e mais nada. É egoísta! Esquizofrênico e excêntrico demais para o meu gosto! Eu só aceitei, me deitar com o Senhor, porque a cartomante disse, que você poderia fazer algo de ruim comigo ou com alguém da minha família! Se não fosse por isso, eu não teria aceitado! Ele tem bom caráter. Você é inconveniente e egoísta!
– Você está bêbada! E como pode acreditar em uma cartomante!? Ela me conhece por acaso? É melhor ir embora! – falou Goon se sentindo humilhado.
– Não estou bêbada! Só estou falando a verdade! – o Sr Kim a segura no braço.
– Senhora Tomaselli! Sua amiga deve estar preocupada?! É quase meia noite! – ela olha para o senhor Sr. Kim, falando baixinho.
– Vamos logo então! Não quero ir para o hotel a pé, e não quero que você vire ratinho! – o guarda-costas não entendeu e pede para ela repitir.
– O que a senhora acabou de dizer?
– É que! Pretendo ainda dizer algo para ele! – apontando para Goon. – Sr Goon! Esses últimos dias foram difíceis para mim. Recebi uma ordem de despejo! Só por isso me deitei com o senhor. Mesmo assim, eu sou grata ao senhor! Como está no contrato, eu vou cumprir! E espero que o senhor cumpra a sua parte!
Goon sabia que tudo aquilo, que ela fez, foi por estar sobre pressão. A bebida só deu oportunidade de extravasar. Em quase tudo ela estava certa! Então falou para tranquilizá-la.
– Não precisa se preocupar, a minha parte do contrato eu vou cumprir! Também sou grato, pelo que fez por mim essas noites, e me desculpe se eu a magoei com o meu egoísmo! – ele olha para o guarda-costas falando.
– Senhor Kim! Por favor leve a senhora Tomaselli, em segurança para o hotel!
Ela foi saindo apoiada nos ombros do senhor Kim. Goon e Jun ficaram na porta da sala olhando os dois descendo a escada que levava, até onde estava o carro estacionado. Em um degrau ela tropeça e torce o pé direito. O Sr Kim para não demorar mais com aquela situação. A pega no colo e desce os últimos degraus, a carregando. Coloca ela em pé encostada no carro, enquanto ele abre a porta.
Ele com cuidado, ajuda ela entrar. Depois, ele dá a volta com o carro, e quando eles passam pela frente da casa, ela vê Goon, atento na movimentação. Irene sentia um aperto, no coração. Mas, também estava aliviada.