Salva Pela Maldição – Cap 7 – Escuridão.

Capítulo 7 – Escuridão

    Senhora Choi estava na janela da frente esperando o filho e os netos, eles avisaram que estavam chegando e o motorista foi buscá-los no aeroporto.

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Ela estava incomodada com a presença de um fantasma jovem muito bonito, vestido com um terno azul-real, camisa branca, sapatos brancos e tinha um crachá em sua lapela.

Logo após, ele percebendo sua presença, sorriu para ela, mas ela nem retribuiu. Ao saber, do que se tratava, continuou inquieta com a sua  presença. Parecia que aquele fantasma também esperava por eles.

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Avistando o carro, a senhora Choi foi para a porta e a abriu, mas ficou parada no lado de dentro. Em seguida, o jovem se afastou do caminho do carro, posicionando-se ao lado direito da escada. 

Goon foi o primeiro a sair com um sorriso de uma orelha a outra, abanou para avó e notou que ela parecia preocupada com algo. Assim que Joon saiu, ele comenta.

– A vó parece estranha! – falou Goon.

– Estranha ela sempre foi! – acrescenta o irmão.

– Mas, hoje está mais estranha que o normal! Ela está olhando para mim, porém, está me olhando como se eu fosse um fantasma! – ao irmão, Goon tenta explicar a sensação que o olhar de sua avó lhe provocava.

– Acho que está exagerando! Ela sempre olha assim desconfiada. É o jeito dela, ainda não se acostumou!? Me ajuda aqui. – pediu Joon tirando uns presentes que compraram na viagem.

O motorista abriu o porta-malas e ele e mais um criado que veio ajudar, começaram a carregar as malas para dentro.

Nessa hora Yan Min que estava sentada no banco ao lado do motorista, ao ver seu amado, pula para o banco de trás do carro, para sair depressa. Passa pelo senhor Choi (ainda dentro no carro) e por Joon (na porta), atravessando-os.

Ela corre para abraçar o seu primeiro e único amor. Mas, ao chegar perto para envolvê-lo com seus braços, logo foi lançada para longe dele.

Joon no momento que Yan Min o transpassou, fica estático, depois encolheu o pescoço, joga a cabeça para trás para esquentar a nuca esfregando na gola do paletó. Faz um comentário que Goon estranha, pois não estava ventando.

– Que vento gelado! Me arrepiei de frio. 

Dona Choi viu a ex esposa de Goon ser jogada para longe, a uma distância em torno de 200 metros, e fica espantada. O jovem que estava próximo à escada da entrada da casa, em segundos, foi até Yan Min.

Surpreendendo a senhora Choi novamente, que saiu da casa descendo a escada em direção do carro.  O filho vendo a mãe em sua direção abre os braços e a abraça, dizendo.

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– Já estava com saudades ou está louca pelos presentes? – pergunta o senhor Choi sorridente.

– Me trata como fosse criança, pensa que os presentes vão compensar sua falta? Não tive ninguém para jogar comigo todos esses dias! – mesmo falando com o filho ela olhava para o jardim onde Yan Min foi lançada.

– Vamos entrar o vento está frio, acho que vai chover! Vamos mãe. – o senhor Choi passou a mão nas costas conduzindo a mãe para dentro, Joon e Goon já estavam na sala principal e encontraram a irmã e a mãe.   

Lá fora Yan Min estava assustada.

– Você não pode tocar em mim, pois não somos compatíveis. Não sabe que luz não se mistura com a escuridão. Não vê que você é treva!? – comentou seu amado, apontando para a fumaça escura que envolvia o corpo de Yan Min.

– Não estou entendendo?  Se não posso tocá-lo, por que veio? E só agora que aparece? – perguntou ela, aborrecida.

Yan Min não gostou de saber que era escuridão, mas isso explicava aquela névoa escura que torneava seu corpo e também, aquele sentimento amargo que havia em seu coração.

– Vim em missão, tenho que resolver algo na terra e aproveitei para vê-la. – falou o jovem com uma calma de dar nos nervos. Ele iria ajudá-la, mas ela recusa gesticulando com as mãos, receosa de ser lançada de novo. – Sei que têm tido tempos difíceis, mas já está na hora de se arrepender e seguir seu caminho, se ficar na escuridão, nunca terá paz. Assim que terminar o que vim fazer, posso levá-la comigo. Onde estou é um lugar bom e podemos ficar juntos como queríamos…

– Mas me arrepender do quê? Não sou a vilã nessa história. O vilão como você viu chegou todo feliz, não sei o que aquele velho falou para ele. Não consigo me aproximar, vim desde lá com meu corpo como tivesse acorrentado, aqueles talismãs não me deixam chegar perto sem que eu sinta dor.

– Aquele velho é um trabalhador da luz, o que ele fez foi para o bem do Goon e seu. Fui avisado sobre isso, por isso que vim lhe ver. Se arrepender é o melhor que você pode fazer. Não vai ganhar nada sendo rebelde. Deixa esse ódio, esqueça a vingança e vem comigo! Largue a escuridão e venha para a luz.

Yan Min levanta furiosa em ouvir que era para esquecer do que Goon fez com ela, quer dizer com eles, e mais fumaça escura começou a sair dela, mostrado que estava irritada.

– Esquecer!? Você pensa que vou deixar barato!? Ele tem que pagar pelo que fez, eu e você morremos por culpa dele. Já se esqueceu disso?

– Eu não o culpo, estávamos correndo em alta velocidade tentado esconder nosso erro. Eu fui imprudente, e deveríamos assumir nosso relacionamento, sofreríamos um pouco, mas era certo que ele daria o divórcio depois disso.

– Nada disso, está fazendo dele um coitado! Ele sempre foi sem vergonha, sempre desde o início me tratava mal, por que eu não tinha o direito de fazer o mesmo que ele? Hum?

– Pense bem!? Yan Mim, desde o início… e perceba que a culpa não é só dele! Você também contribuiu para tudo ser tornar um tormento para ambos.

 Como a conversa não estava agradando, ela apenas pensou em sumir dali, e assim aconteceu. Foi parar na rua com árvores de cerejeiras, onde gostava de passear com seus filhos.  Entretanto, percebeu que a névoa ao seu redor ficou mais densa. A escuridão a consumia pouco a pouco.

Seu amado ficou na frente da casa dos Choi por mais um tempo e depois sumiu. Sabia onde ela estava. Mas, não poderia ser impaciente. Sua missão não seria fácil, Yan Min morreu com muito ódio no coração.

Quando recebeu o chamado dos seus superiores para resgatá-la, ele ficou feliz. Até então não sabia onde ela estava. Esperou por ela, mas ela não se apresentou em nem uma comunidade espiritual.  Estava com medo que tivesse ido parar nos lugares sombrios. 

Ainda não estava conformada com sua morte, sendo assim, não conseguiu sair da atmosfera terrena. Agora ele tinha que preparar seu espírito para a passagem, graças ao mentor do Xamã que a encontrou e avisou sobre o estado dela.

Deveria gradualmente acordar o lado bom da mulher que ele amava. Para isso, contaria com a ajuda de um ser iluminado. Então, com orientação poderia resgatar o espírito de Yan Min da escuridão.

Para ela, a vida ao lado de Goon a tornou amarga, não por culpa do marido, mas devido a um casamento forçado pelo seu pai e pelo preconceito social. Por seu amado ser pobre, o pai de Yan Mim nunca aceitou o namoro dos dois. Fazendo ela se casar com Goon às pressas.

Na sala principal da mansão Goon distribuiu os presentes, falando de quem  era, e para quem era cada um, por último dá para sua avó o talismã de proteção.

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– Vó esse é exclusivo seu, eu pedi para fazer é um talismã de proteção contra fantasma, vampiros, lobisomem, bruxas e demônios. É todo seu. Carrega consigo ou cola na porta do seu quarto. – dá para avó explicando como colar na posição certa.

– Só um é pouco, você sabe quantos têm desses monstros rondando a casa? – a senhora Choi reclama.

Então vou te dar 2, os outros são meus! – Goon fica em dúvida de qual vai dar e escolher os com as letras mais bonitas para ele.

– Deixa de ser fominha, dá logo! – reclama o pai irritado vendo o filho escolhendo os talismãs. – Está pronto o Jantar, estou louco de fome. A comida de hotel é boa, mas enjoa, quero comida feita pelas mãos de minha esposa. – o senhor Choi fala beijando as mãos de sua mulher. Ela retribui o elogio abrando-o.

– Ai que cena romântica, e o pai nem pisca quando mente. Sabe que não é a mãe que cozinha! – Goon quebra o clima.

– A comida aqui em casa sempre é gostosa, mesmo que não seja feita pela senhora, mãe. Mas, porque tem a sua orientação. – Joon harmoniza a situação.

– Puxa saco! – resmunga Goon.

– Puxa saco mesmo! – repete a irmã batendo nas costas do irmão mais velho.

– Eu só falei a verdade!

– Ele com essa cara de sonso, sempre leva vantagem em tudo! – a irmã se irrita com a cara debochada de Joon.

– Parem de reclamar, façam o mesmo se querem as vantagens que ele tem! – justifica o pai.

– Vem querido, vou te dar algo para comer até que o jantar fique pronto. Deixe eles se entenderem sozinhos. Já estão bem grandinhos para terem ciúmes um do outro! – a mãe põe um ponto final na discussão.

O pai e a mãe seguem para a copa e a avó já havia saído como os talismãs para colar um, na porta de seu quarto.

Goon pede licença todo sorridente e fala para a irmã se exibindo.

– Vou tomar um banho e já vou começar a planejar a minha viagem! – fala Goon sorridente.

– Você vai viajar? Para onde eu posso saber? – perunta a irmã assustada.

– Para muitos lugares, provavelmente vou dar a volta ao mundo! Tá com inveja querida irmã?- pergunta Goon debochado.

– Você vai sozinho? – falando isso, olha para Joon interrogativa.

– Não, Jun Ho vai junto, nem tudo é mil maravilhas! É viagem de negócios infelizmente! Mas, já é uma vantagem que as despesas vão ser pagas pela empresa.

– Sim, estou com inveja, como conseguiu convencer o pai!? – pergunta ela irritada.

– Ele confia na minha visão de empreendedor!

A irmã solta uma gargalhada.

– Duvido! Nunca o pai faria tal coisa! – ela olha para Joon. e pergunta. – Faria Joon?

Joon balança a cabeça confirmando.

– Então… Quantos vinhos você prometeu trazer, para ele aceitar essa tua viagem de negócio?

– Nem um!

– Duvido!?

Joon ri quebrando a pose de Goon.

– Viu, eu sabia!? Que você estava blefando! – indaga a irmã curiosa.

– Também essa hiena estraga tudo! Mas falei a verdade, não vou trazer nem um. Vou mandar para ele do lugar onde eu estiver!

– Que categoria de negócio você vai fazer nessa viagem?

– Vou abrir as portas para exportar os nossos produtos, para aos países que ainda não conhecem a qualidade deles.     

– O pai não está mandando a pessoa errada nessa viagem! – justifica Sun Yung

– Claro que não! Eu sou o mais indicado, se esqueceu que era eu o garoto propaganda da empresa!?

– Isso faz tempo! Não está com aquele pique todo! Já deixou as telas. Nem devem se lembrar de você.

– A inveja é coisa terrível! Ainda sou abordado na rua para dar autógrafo.

– Espero que faça boa viagem e não afunde a nossa empresa, pois eu não só dependo do meu salário! Quero ter uma boa herança quando me aposentar.

Em seguida, Goon abana a mão direita em sinal de adeusinho saindo em direção a sua ala da casa onde fica seu quarto. Assim que ele desaparece no corredor Sun Yung empurra Joon até o escritório do pai.

– Você e o pai ficaram louco de mandar ele com aquele irresponsável para uma longa viagem no estado em que está? – a irmã pergunda preocupada para Joon

– Não precisa se preocupar, o Goon que você acabou de ver, é o nosso antigo Goon!

– Sim, ele foi curado pelo Xamã? Voltou a ser o garanhão que era?

– Não sei do que está falando?

– Ah, para com isso!! Não foram para curar ele da impotência?

– Como está sabendo disso? – Joon arregalou os olhos de curiosidade.

– A mãe ouviu o comentário de vocês no hospital e avó também ouviu um comentário sobre isso entre ele e o pai. Então nós deduzimos que a doença dele é impotência.

– Nunca comenta isso com ele, nem deixa ele perceber que vocês sabem. Ele morre de vergonha sobre isso!

– Pode deixar, vou ficar com a boca calada. Mas o que aconteceu para ele viajar assim de repente?

– Ele vai sair em busca da cura dele!

– Não estou entendendo!? A cura dele!? Ele ainda não está curado!?

– Sei que é loucura, mas o Xamã disse que ele será curado por uma mulher estrangeira e ele terá que procurá-la. Só ela é capaz de quebrar a maldição que Yan Mim pôs nele. – explica Joon rindo.

– E você acredita nisso? Vocês estão bem mal orientados! Ora, quebrar maldição?!

– Realmente, é loucura! Para mim ele está se culpando pela morte de Yan Min, essa viagem vai fazer ele ter uma nova esperança. Então, talvez encontre sim, uma mulher por quem se apaixone e dê a ele suporte para recuperar sua autoestima.

– E, vai de graça!? Mas é sortudo o beleza. Só por ser o caçula o pai faz tudo por ele!

– Não ouviu ele dizer que é viagem de negócio! Ele vai a trabalho.

– Conta outra!! Ele não entende nada de representação! Eu faria melhor que ele.

– Não fica com inveja!! Pois você teve várias ofertas do pai para viajar e se especializar fora da Coreia. Não quis, agora não reclame.

– Na época não podia, e nunca mais ele comentou!!

– Não se faça de coitada, não recebe mal. Trabalha como condenada porque quer. Nunca pensou em pegar suas férias e viajar?

– Já, mas…

– Ainda está esperando aquele babaca aparecer e lhe pedir em casamento? Você não é mais uma adolescente, pare de sonhar, dê uma oportunidade de se apaixonar de novo.

– Olha quem fala?! E você quando vai fazer o mesmo?

– Mas, eu já tive minha história e acabou. Estou esperando baixar a poeira para procurar alguém que me faça companhia. Não vou ficar sozinho sonhando à-toa.

– Eu estou esperando esquecer o babaca. Quando esquecer, aí vou fazer como as minhas amigas, vou nesses encontros.

– Então vamos juntos. Um apoia o outro. Certo?

– Combinado então!!

Por fim, saíram do escritório para sala de jantar. 

    

Professora de Arte Pós-Graduada. Nascida em Joinville. Signo: Libra