13 – A Beleza da Alma – Segredos e estilhaços

Capítulo 13 – Segredos e estilhaços.

Do Jin sentiu os raios de sol atingirem seu rosto e abriu os olhos. Já era quase oito horas. Quando se mexeu, percebeu que Anya, encolhida em seu peito também se remexeu. Ele fez um cachinho com os cabelos delas, lembrando da noite anterior. Alguma coisa havia acontecido a ele. Algo forte, intenso e estranho havia acontecido a ele. Diferente de Anya, não era a primeira vez que ele fizera amor com uma mulher. Ele mantinha casos frequentes e algumas parceiras sexuais com as quais mantinha relações. Sexo sempre foi algo despreocupado para ele.

Com Anya, entretanto, foi tudo muito diferente. Ele teve um cuidado excessivo para fazer tudo com paciência, com leveza, com ternura. Ele sentia muito carinho por Anya e sabia que precisava protegê-la. E isso, mudou tudo.

Fazer amor com ela não estava nos seus planos e queria evitar se pudesse. Por isso, sentia-se tão culpado. O problema é que quando atingira o clímax, Do Jin sentiu o corpo todo tremer sem conseguir se controlar. A carga de emoções que perpassaram os poros de sua pele foi tanta que até Anya perguntou se estava tudo bem com ele. Ao invés de ser ELE cuidando dela, atento a cada resposta do seu corpo frágil e inexperiente, foi ELA quem cuidou dele como se ela fosse a mestra na arte do amor.

Por fim, ela adormeceu docemente em seus braços, enquanto ele ainda tinha aquela estranha sensação em seu corpo e em sua alma.

Ele simplesmente não conseguia explicar o que tinha acontecido. Talvez pela forma singela que ele conduziu aquele gesto, ou pela ternura que quis passar com cada beijo, cada carícia. De qualquer forma, foi a noite mais espetacular que passara na vida e agradecia a Anya por cada minuto que passaram juntos. Na noite anterior, achou que seria uma noite única, agora, mal conseguia esperar para acordá-la e juntos fazerem amor mais uma vez.

Ele esgueirou-se para fora da cama, ajeitando Anya com carinho entre os lençóis. Como estava um friozinho gostoso, Do Jin cobriu-a com a colcha até seus ombros e beijou a bochecha de sua esposa que se remexeu na cama, mas não a acordou.

Do Jin desceu animado, pois tivera a ideia de levar o café-da-manhã na cama para Anya. Desde que se casaram, não houve um só dia em que ele realmente deu atenção a ela.

Ela havia passado uma semana de núpcias horrível, enquanto ele tentava em vão, manter distância de Anya.

Secretamente, contudo, ele prestava atenção em cada movimento dela, em cada suspiro, em cada olhar triste com a sua distância. E uma batalha teve lugar em seu coração. Somente no dia anterior, resolveu enfim se entregar de corpo e alma ao que estava sentindo. E agora, que finalmente havia aceitado que seu lugar era ao lado de Anya Medeiros Kim, sabia que talvez… só talvez… sua vida pudesse ficar mais leve… e plena.

 Na cozinha, Do Jin escolheu algumas frutas, torradas, geleias que ela havia gostado da última vez e encheu um copo com suco de laranja que pediu a sua governanta para fazer.

Quando estava tudo pronto, Do Jin foi até o jardim e estava escolhendo uma flor quando percebeu a presença de seu desagradável tio, Kim Jang Joo.

– Já acordou? – falou o tio, com um ar carregado de cinismo. – Recém-casados de verdade não costumam sair da cama tão cedo.

– E lhe avisei que o queria distante de minha casa. – disse Do Jin, num tom sério. – Minha paciência está no limite Jang Joo.

– Só vim ver se você está acompanhando as notícias…

– Que notícias? – perguntou Do Jin, com um ar zombeteiro – Ainda acha que o meu casamento é de fachada? Desista Jang Joo. A Do Jin é minha, por direito.

– Não… não é sobre o seu casamento de fachada. Não coloco meus ovos em uma omelete podre, eu sou mais esperto do que isso.

Do Jin sentiu seu coração pulsar. Havia maldade suficiente na voz do tio para saber que havia alguma coisa no ar.

– De acordo com os termos da herança, se sua esposa monstrenga pedir a anulação do casamento, a justiça não terá outra alternativa a não ser anular seu casamento… e dar a Do Jin para mim.

– Minha esposa jamais pediria a anulação do casamento. – sentenciou Do Jin. De fato isso era verdade. Anya era fiel a ele. Era fiel muito antes de se casarem e ele confiava nela – E não a chame de monstrenga, pois ela é não é como nós.

– Tem certeza de que ela não pediria a anulação do casamento? Ela é conivente com você, não é? Talvez até esteja apaixonada. – Falou o tio com um estranho brilho maldoso no olhar e um sorriso retorcido no rosto.  – Mas assim que ELA souber o que você fez, a monstrenga te deixará no mesmo instante e você estará acabado! Então, se eu fosse você, olharia o noticiário hoje antes de fazer planos com a MINHA empresa.

ALMA DE POETA | Às vezes precisamos de momentos assim, compartilhar amores,  dores, poesias, sons. Aqui tem um pouco de cada coisa e o mais importante:  você! | Página 267

Do Jin largou a flor e deixou o tio para correr para dentro da casa. Na cozinha, ligou a TV que imediatamente mostrava imagens de Do Jin e de Anya no casamento. O problema foram imagens mostradas depois:

– …ESCÂNDALO ENVOLVENDO O PRESIDENTE DA EMPRESA DO JIN, O DR. KIM DO JIN. – dizia a repórter, enquanto as fotos do acidente de Anya apareciam ao fundo – EVIDÊNCIAS INDICAM QUE O ACIDENTE QUE MATOU TONY MEDEIROS E DEFORMOU ANYA MEDEIROS, A RECÉM-ESPOSA DE DO JIN, FOI CAUSADO PELO PRÓPRIO KIM DO JIN. ELE DIRIGIA UM DOS CAMINHÕES DA EMPRESA EM ALTA VELOCIDADE QUANDO ATINGIU O CARRO DOS MEDEIROS. TONY MEDEIROS NÃO SOBREVIVEU AO ACIDENTE E ANYA FICOU PERMANENTEMENTE DEFORMADA APÓS TER O CORPO PARCIALMENTE QUEIMADO. 

Do Jin empalideceu. O que ele poderia fazer? Como abafar aquelas notícias sem que Anya as visse.

– … SEGUNDO INFORMAÇÕES, DO JIN PAGOU A INDENIZAÇÃO DE 200 MIL REAIS A AVANA MEDEIROS PARA QUE ELA NÃO O PROCESSASSE. – Continuou a repórter – AINDA, SEGUNDO NOSSAS FONTES, AVANA MEDEIROS RECEBEU MAIS 500 MIL PARA FACILITAR O CASAMENTO ENTRE ANYA E DO JIN. CONJECTURA-SE QUE DO JIN SÓ ESCOLHEU ANYA MEDEIROS COMO ESPOSA PARA REMEDIAR A CULPA PELO ACIDENTE E QUE O CASAMENTO É APENAS DE FACHADA, APENAS PARA QUE O PODEROSO EMPRESÁRIO KIM DO JIN MANTENHA A FORTUNA DA FAMÍLIA AVALIADA EM… 

Do Jin desligou a TV e se sentou numa das cadeiras da cozinha, completamente desolado. “Meu Deus”, pensou ele. Os segredos que ocultou agora emergiam para atormentá-lo.

– Isso tudo é verdade?

Do Jin se virou imediatamente a escutar a voz de sua esposa. Ela estava ali em pé, um pouco atrás dele, no meio da cozinha, vestindo apenas a camisola. Parecia estar tremendo, mas Do Jin sabia que não era somente pelo frio.

– Anya… – disse ele, com a voz mais suave que conseguiu encontrar dentro de si.

– Só me diga se isso é verdade. Eu saberei compreender se isso for apenas uma jogada do seu tio, mas preciso que você seja sincero… por favor… eu imploro…

– Anya… – ele repetiu seu nome, olhando para ela com outros olhos. Ali, naquele instante, em que os cabelos castanhos claros, quase ruivos de Anya eram iluminados pelos raios de sol, Do Jin imaginou que não havia outra mulher mais bela em todo o mundo.

Ela, que não conseguia ver a beleza em si mesma, era a mais bela mulher que ele encontrara. Ele a amava. Apaixonara-se por ela em algum ponto daquela história entre os dois. Ele queria correr para ela, abraçá-la, protegê-la e tentar passar todo o seu amor através do seu abraço, mas sabia que ela merecia a verdade, embora aquilo arriscaria tudo pelo qual ele lutava.

– Eu gostaria que fosse mentira… Não imagina o quanto eu gostaria que fosse tudo mentira.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Anya, mas ela a secou com as costas da mão.

– Por que se casou comigo? Não bastou ter tirado meu pai de mim? – perguntou ela, com a voz embargada.

– Eu prometi a seu pai que a protegeria… – disse ele. Lembrando-se daquele dia que marcara sua vida para sempre.

Seu tio Jang Joo havia desviado três dos cinco caminhões que Do Jin precisava entregar para não perder um contrato milionário. Em tempo, Do Jin encontrou dois dos caminhões em clientes errados e enviou caminhoneiros para conseguir entregar a carga. Levou mais tempo para conseguir encontrar o último dos caminhões. Quando o encontrou, não havia nenhum motorista disponível.

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Como Do Jin tinha a carteira para conduzir tal veículo, ele mesmo resolveu guiá-lo, embora não possuísse a experiência necessária. Durante todo o trajeto, ele abusou da velocidade, mas foi somente na descida de uma serra que sofreu com a sua inexperiência.

Em determinado ponto, quando a descida era mais íngreme, ele perdeu o freio. No desespero, tentou usar o freio de mão, mas perdeu-o desastrosamente. Tentava usar o freio motor quando viu aquele pequeno carro no caminho.

Ele tentou desviar, mas já era tarde.

O acidente foi muito feio e Do Jin imaginou que perderia a vida. Por sorte, o caminhão, depois de esmagar o carro que Tony Medeiros dirigia, tombou numa saída de emergência onde havia areia em abundância para pará-lo.

Com pouquíssimos arranhões, Do Jin saiu do caminhão. Quando viu ao longe o fogo no carro dos Medeiros, ele arrancou o extintor do caminhão e correu para ajudá-los. Ele conseguiu conter parte do fogo e depois conseguiu abrir a porta e arrancou a pequena menina que estava no banco do carona. Depois de extinguir o fogo que a consumia, ele tentou salvar o motorista.

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Quando tirou Tony Medeiros do carro, Do Jin pensou em voltar ao caminhão para usar o rádio e chamar a ambulância, mas Tony o impediu segurando-o pela canela.

– Por favor… por favor… – disse o pai de Anya, sentindo que a morte se aproximava.

Do Jin abaixou-se para que o homem pudesse falar em seu ouvido.

– Cuide da minha menina… prometa… cuide da minha menina… Jamais a abandone. Você deve prometer. Cuide dela para sempre…

As palavras de Tony Medeiros ainda ecoavam pela mente de Do Jin enquanto ele observava sua esposa diante de si tão transtornada como no dia em que ela descobriu que seu pai estava morto, já no hospital.

– Eu fui o culpado do acidente, Anya. É tudo verdade. – declarou ele, sentindo o fardo de mil quilos saírem de suas costas, mas estava ciente do abalo que causaria em Anya – Eu falei com sua mãe e a indenizei para que ela não me processasse. É verdade que os 200 mil que você deveria receber não foi de um seguro de vida, mas da indenização que eu lhe devia. Eu juro que não queria me envolver com você, Anya, mas a verdade é que sempre acompanhei cada passo de sua vida porque prometi ao seu pai. Eu percebi que você tinha dificuldades com sua mãe e quando você saiu de casa, eu achei que deveria fazer algo para mantê-la sempre segura para cumprir a promessa.

– E quis se casar comigo? – perguntou ela, num tom de asco.

– Anya. Por favor, entenda: se você se casasse comigo, mesmo que por um motivo tão fútil quanto o que eu usei para me casar com você, eu teria uma razão para lhe dar dinheiro. Eu não queria que você soubesse que eu fui o responsável pelo seu acidente. Achei que seria melhor que eu lhe desse dinheiro de outra forma. Quando nós nos divorciássemos, eu iria lhe pagar uma grande soma por mês e você ficaria bem…

– Me contratou como sua secretária por essa razão também? Foi tudo uma farsa? Desde o início foi uma farsa? Eu não fiquei do seu lado porque me julgou competente, mas porque precisava cumprir sua promessa.

– Eu exigi que sua mãe lhe dissesse que ela havia arrumado uma entrevista na Do Jin para você. Na verdade, eu não estava no departamento de recursos humanos naquele dia por acaso. Eu disfarcei o tempo todo, mas sempre soube que eu iria te contratar.  Mas você foi muito mais importante para mim do que eu poderia supor… e muito mais competente do que imaginei. Você sabe o quanto é competente, Anya, mas devia saber que é a pessoa mais importante na minha vida…

– Cale-se, por favor… eu não quero escutar mais nada… – disse Anya, virando as costas para ele.

Do Jin correu para Anya e a segurou pelas costas. Queria abraçá-la, mas ela se desvencilhou dele e subiu as escadas correndo.

– Anya!

Assim que Anya sumiu no andar de cima, Do Jin alcançou o celular jogado sobre o balcão e ligou imediatamente para sua mãe.

– Você viu o noticiário? – perguntou ele, esfregando os cabelos negros nervosamente.

– Eu acabei de acordar, que notícia?- perguntou Dae Sun, com a voz sonolenta.

– Eles estão noticiando que eu fui o responsável pelo acidente de Anya e de seu pai.

– Bem, isso não é verdade, então…

– É verdade, sim, mãe. Você se lembra do meu acidente de caminhão, não lembra? Era o pai de Anya.

Dae Sun ficou em silencio durante alguns segundos no outro lado da linha.

– Ah, meu filho. Não posso acreditar. Por que trouxe essa garota para a sua vida? E agora? – perguntou Dae Sun. – Se Anya pedir o divórcio antes do tempo, vamos perder tudo.  

De novo, a mãe ficou em silêncio.

– Droga… – disse Dae Sun, depois de um bom tempo. – Você não pode pagar para ela ficar como está? Não pode comprar ela, de alguma forma?

– Eu vou tentar convencê-la, mas ela está muito transtornada. Enquanto isso, você precisa me ajudar com a imprensa e tente encontrar o rato que vazou essas informações. Jang Joo descobriu tudo de alguma forma.

– Deixe a imprensa comigo, mas quanto a Anya, você deve obrigá-la. Mantenha-a presa, se for necessário.

– Isso só a traumatizaria ainda mais. Eu a conheço o suficiente para saber que isso jamais daria certo.

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– Filho, agora que você já está na chuva, você deve se molhar…

Depois que Do Jin desligou o telefone, resolveu subir as escadas e abriu a porta do quarto. Sua esposa estava sentada sobre a cama, as mãos sobre o colo, o olhar absorto em pensamentos. Olheiras profundas já haviam surgido em seus olhos. Ela não parecia bem, não parecia nada bem.

– Anya… você está bem?  – perguntou ele, aproximando-se dela. Ele tentou tocar nos ombros dela, mas ela se esquivou como se ele fosse uma doença contagiosa.

– Por favor, não me toque… – disse ela, numa vozinha desanimada. Ela engatinhou até o meio da cama e se encolheu numa posição fetal.

Aquilo causou uma emoção desesperadora em Do Jin. Ele queria confortá-la em seus braços, mas não podia se aproximar. Anya parecia completamente abalada. Tremia e parecia pálida, mas não chorava.

– Anya, por favor, apenas me escute… – disse ele, sentando-se na beirada da cama.

– Você matou meu pai… – disse ela, fechando os olhos. – Você me causou essas cicatrizes… foi você o tempo todo…

– Anya, não sabe o quanto eu desejaria retornar àquele dia e evitar aquele acidente. Eu jamais tocaria naquele caminhão novamente, se eu pudesse.

– Tudo por causa de dinheiro… você destruiu a minha vida por causa de dinheiro… – disse Anya, com os lábios trêmulos.

– Anya, eu sinto muito… – disse ele, com pesar no coração. Queria poder tirar toda a dor do coração de sua esposa e depositar no seu, mas não podia fazer isso.

– E ainda me enganou. Você já estava planejando se casar comigo, não é?

Do Jin ficou em silêncio. Gostaria que ela não tivesse feito aquela pergunta.

– Sim, Anya. Meu prazo para me casar estava acabando e desde o acidente, eu não consegui mais ter um relacionamento sério com nenhuma mulher. Eu sabia que não poderia confiar em outra garota a não ser você. Eu acompanhei sua vida desde o acidente. Percebi que sua mãe sempre conspirou contra você e eu quis resgatá-la. Sinto muito… não imaginei que iria lhe causar mais mal do que bem fazendo isso…

Do Jin se aproximou. Como Anya ainda estava com os olhos fechados, ele fez uma carícia nos cabelos dela, mas ela novamente se esquivou.

– Querida, por favor, me perdoe…

– Eu não sou sua querida, não me chame assim. Como pude ser tão idiota? A ponto de me entregar a você cegamente, mesmo sabendo que era só um jogo… – disse ela, afundando o rosto no travesseiro. – Por favor, Dr. Kim, me deixe sozinha agora…

– Anya, eu sinto muito mesmo. Eu deveria ter sido mais honesto. Eu deveria ter te procurado depois do acidente. Ter assumido minha culpa e ter sido mais presente em sua vida. Meu orgulho me impediu de fazer isso, mas desde então, não há um só dia em que eu não tenha pensado em você.

– Pensado em mim? – disse Anya, sentando-se na cama, de repente. – Você só pensou em si mesmo e na sua empresa. Você se casou comigo para salvar a sua pele. E eu, como uma idiota, ainda dormi com você, apaixonada por… – ela emudeceu imediatamente, mas havia a expressão de nojo em sua face.

– Anya…

– Deixe-me só…

– Querida, eu não acho uma boa ideia você ficar à sós agora… Você parece doente.

– Vá embora, agora!!! – disse Anya, com uma nota de desespero em sua voz.

– Está bem, Anya. Mas eu vou ficar por perto. Se precisar de mim, estarei sempre do seu lado.

“E você é minha querida”, pensou Do Jin, controlando-se para não chamá-la assim.

Assim que Do Jin fechou a porta do quarto, seu celular tocou novamente.

– Mãe? Alguma novidade? – ele perguntou.

– Park Ra In… ele é o traidor. Meu secretário viu Ra In conversando com Jang Joo na festa do casamento e viu quando Ra In entregou o dossiê do acidente do pai da Anya há dois dias atrás.

– Ra In? Tem certeza? Achei que eu poderia confiar nele. Achei que ele era meu amigo. Por que ele faria isso? – falou ele, sem acreditar no que Dae Sun lhe dizia.

– Também achei estranho, mas descobri que o filho de Park Ra In que está na Coreia do Norte, foi preso por traição. E dois dias depois do seu casamento, o filho dele foi libertado milagrosamente. Meu palpite é que ele procurou Jang Joo, pois sabe que ele tem contatos no governo norte-coreano.

– Não posso acreditar. Por que ele não me procurou? Eu poderia tê-lo ajudado.

– Talvez tenha sido ele desde o início, mas agora não importa mais. Só o que importa é você manter esse casamento até o fim do prazo. Do Jin, como está a garota? – perguntou a mãe de Do Jin.

– Está muito transtornada, mãe. E está me odiando agora. Eu preciso ter muito cuidado ou ela irá pedir o divórcio.

– Impeça-a, filho, escute o que estou dizendo. Eu pensei bem no que devemos fazer: leve-a para a Coreia. Tranque-a na nossa mansão em Hadong e só deixe-a sair daqui a um ano.

– Já disse, mãe. Não posso fazer isso com ela.

– Claro que pode… Se não puder, eu faço. Eu posso levá-la até Hadong.

– Vamos ver o que acontece… – respondeu Do Jin para não acusar a mãe de louca. Sequestrar Anya era a pior coisa que poderia acontecer àquele casamento desastroso. A noite passada fora tão doce e especial e agora tudo parecia estar acabado.

Enquanto aguardava o desenrolar daquela história, atento a qualquer movimento de Anya em seu quarto, Do Jin usou um dos seus notebooks para entrar no sistema e retirar as autorizações de Park Ra In e Karina Petrano.

As finanças pareciam estar em ordem, mas teria que abrir uma auditoria para apurar se algum dinheiro foi desviado da empresa.

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Ele ainda tinha dúvidas da traição do seu melhor amigo e de Karina, mas achou melhor não arriscar. Depois enviou um email a mesa diretora composta pelos maiores acionistas marcando uma reunião para aquela tarde. Não enviou a pauta da reunião para que Park Ra In não soubesse, mas ele pretendia instaurar um inquérito administrativo para apurar o vazamento das informações.

Park Ra In era um dos acionistas majoritários, mas seu cargo como vice-presidente se dava em função de sua amizade com Do Jin e por que Do Jin sempre confiara nele. Não podia tirar de Ra In suas ações, mas podia tirá-lo do cargo.

Quando acabou de enviar o email, seu celular tocou. Era Karina Petrano.

– Dr. Kim? – falou Karina, com a voz trêmula do outro lado da linha.

– Acho que já sei porque está ligando para mim, Karina. Deve ter visto que eu retirei sua autorização para utilizar o sistema financeiro. Você deve receber em breve um email solicitando sua presença numa reunião com a diretoria hoje a tarde.

– Sim, doutor. Eu liguei para verificar essa situação. Não entendi direito a razão, mas também há outro motivo da minha ligação.

– Eu tenho uma fonte que irá testemunhar que Park Ra In andou vazando informações sigilosas a meu respeito. – explicou Do Jin – Como você é a secretária dele, você também será investigada.

– Doutor, por favor, eu não tenho nada a ver com isso. O senhor sabe que eu sempre fui uma boa funcionária, trabalho há anos para a Do Jin…

– Sei disso, Karina. E espero que não haja nada contra você porque eu vou precisar de sua ajuda nesse momento. Se Park Ra In for destituído, você ficará sozinha na vice-presidência por enquanto. Eu espero poder confiar em você Karina, pelo menos, até minha esposa assumir a vice-presidência.

– Sim, doutor. Eu realmente não tenho nada a ver com as decisões de Park Ra In. – defendeu-se Karina – O senhor não tem nada contra mim e nem terá.

– Ótimo, Karina… espero que seja como você diz. Você disse que há outro motivo para ter me ligado, o que foi?

– Sim, doutor… é que… bem… não sei como dizer isso, mas… Anya acabou de ligar para mim e disse para eu preparar a sala de reuniões da presidência pra uma entrevista coletiva com alguns repórteres… eu liguei para confirmar com o senhor se…

Suspicious Partner Episode 39 – 40 Recap | THOUGHTSRAMBLE

Do Jin não conseguiu escutar mais nada e desligou o celular sem nem mesmo se despedir de Karina ou confirmar a ordem de Anya. Com uma dor de cabeça infernal, voou para o quarto onde encontrou sua esposa estava deitada na cama, com o celular na mão.

– Anya… o que você pensa em fazer?

– Karina já lhe contou? – disse ela, com uma voz apática, como se todas as emoções tivessem sido drenadas de seu corpo e um cansaço invadido sua alma. – Vou dar uma entrevista coletiva para a imprensa e acabar de uma vez por todas com isso.