2 – A Beleza da Alma – Do Jin

Capítulo 2 – Do Jin

Anya se olhou no espelho pela última vez. Ela havia colocado sua melhor calça, sua melhor sandália e um casaco bonitinho.

Ainda assim, parecia somente uma mulher pobre e deformada e não a secretária de um dos homens mais ricos do mundo.

Trabalhando na Do Jin

Ela deu um muxoxo, sem entender porque havia aceitado aquele emprego. Do Jin saiu imediatamente da sala do senhor Amador no dia anterior, depois de ter dado a ordem para que ela fosse contratada. Depois disso, Anya teve que lidar com o horroroso Amador que pediu duas vezes para que ela desistisse daquele emprego, que não era para ela.

Ainda assim, Anya não desistiu. Veio para casa como se estivesse flutuando, sem acreditar no que havia acontecido, mas não pode evitar sentir uma sensação boa, de sucesso, pelo menos uma vez na vida. Naquela mesma noite, sua mãe ligou:

– E então, Anya, já se convenceu de que você jamais conseguirá um emprego normal, minha filha? Quando é que vai aceitar que sua vida mudou completamente desde o acidente, hein? Eu preciso de uma empregada e você precisa de um emprego. Você só precisa aceitar meus termos. E é o melhor para você ficar afastada do mundo.

– Quer que eu fique trancada em casa para que a senhora não passe vergonha, não é?

– Você não é uma pessoal normal, Anya, quando vai assumir isso? – agulhou a mãe, venenosamente.

– Não sei, mãe – respondeu Anya, fervendo de raiva. – Mas se você quer saber, eu consegui o emprego: eu sou a secretária do Dr. Kim Do Jin. A secretária-executiva do presidente da Do Jin.

Como a mãe ficou muda no outro lado da linha, Anya desligou, sentindo-se vitoriosa, pelo menos, por algumas horas. Sua mãe nunca gostou muito dela. Tinha ciúmes dela com o pai e desde que ele falecera, o pouco de civilidade que havia entre ambas, havia desaparecido.

Tentou dormir, mas não conseguiu e agora, ali estava ela, diante do espelho, sentindo-se completamente ridícula. Provavelmente Do Jin a contratara para humilhá-la ainda mais, ou porque sentiu pena do que ela dissera na entrevista, o que era ainda pior, ou talvez fosse alguma aposta bizarra.

– O que é que eu estou fazendo? – disse ela, em voz alta, para si mesma.

Agora era tarde para recuar e Anya não gostava de procrastinar nada, por isso, tomou coragem e saiu do aconchego de seu apartamento.

No metrô, sentiu falta do seu capuz, mas sentou-se num cantinho, colocou os fones de ouvido e fingiu que não sentia aqueles olhares sobre ela.

Tentou caminhar pelo centro focada em seus passos e entrou no edifício da Do Jin com certo alívio. Antes que pudesse dar alguns passos, viu seu caminho interposto pela recepcionista que tinha as mãos na cintura.

– Eu soube que você conseguiu o emprego de secretária do Dr. Do Jin. Não é verdade, é?

Anya não falou nada, apenas assentiu com a cabeça.

– Isso é impossível. Eu trabalho aqui há anos e nunca consegui. Eu sou formada em administração, tenho MBA, falo três línguas. Como é que você fez isso sem nem ao menos ter um curso universitário? Tem as costas quentes?

– Não. E acho interessante como você descobriu essas informações sobre mim. – respondeu Anya, tentando desviar da recepcionista, mas ela se colocou em seu caminho novamente.

– Então deve ser por caridade. Por acaso a empresa está com algum convênio para recrutar gente deformada?

Anya deu um muxoxo, com uma vontade insana de esmurrar o nariz empinado da recepcionista.

– Eu falei com o próprio Dr. Do Jin e ele resolveu me contratar. Se quer saber as razões dele, é melhor falar com ele pessoalmente – disse Anya, com um tom aborrecido. Novamente, tentou passar por ela, mas a recepcionista agarrou seu pulso e se colocou na sua frente novamente.

– Como assim falou com o Dr. Do Jin? Ele não faz as entrevistas. E também é muito exigente com o cargo de sua secretária. Faz seis meses que o RH procura por uma secretária sem conseguir nenhuma… não me venha com histórias, garota, você vai dizer agora qual é a malandragem que você fez pra conseguir esse cargo…

– Deixe a minha secretária em paz, Rachel – disse uma voz conhecida atrás de Anya. Quando ela se virou, viu a figura esguia, alta e imponente do Dr. Do Jin que sorriu para ela.

– Ah, bom dia, Dr. Do Jin… – disse a recepcionista nervosa com um tom de voz totalmente diferente e ela soltou Anya e se curvou.

– Bom dia, Rachel… bom dia, Anya… – disse o Dr. Do Jin, olhando para Anya com o canto dos olhos – Venha comigo, precisamos conversar urgentemente.

Anya seguiu seu chefe até o elevador onde um homem o esperava, mas quando as portas se abriram, Do Jin fez um sinal para que o homem não entrasse.

Kim Do Jin

– Espere o próximo elevador, Almeida, por favor… – disse o presidente.

– Sim, doutor… – disse o homem, curvando-se levemente.

Assim que entraram, as portas do elevador se fecharam.

– O senhor sabe o nome de todos os seus empregados? – perguntou ela, curiosa, afinal, ele havia dito o nome de Rachel e do Almeida.

– Em todas as lojas desta corporação, nos depósitos e nos centros administrativos, há mais de 6 mil empregados. É óbvio que eu não sei o nome de toda essa gente – respondeu ele. – Mas gosto de saber o nome das pessoas deste centro administrativo que é o principal da minha empresa.

– Quantos… quantos centros administrativos essa empresa possui? – perguntou ela, sentindo um nó no estômago, além da sensação de que jamais daria conta de fazer aquele serviço.

– Pelo menos 1 em cada país. Temos multinacionais em 12 países, Anya.  – respondeu ele, olhando para um ostensivo relógio de pulso. Eu tenho uma reunião agora… já estou atrasado. Você entende de computadores?

– Quem não entende hoje em dia?  – disse ela, sem jeito quando viu o olhar dele detendo-se em sua roupa.

– Ótimo… então você vai ficar responsável pelo meu notebook – disse ele, entregando-lhe uma pasta. – Eu uso um sistema de controle dos departamentos que emitem relatórios e encaminham via intranet. Neste notebook, todos os endereços estão salvos no “favoritos” do navegador e as senhas já estão salvas, mas depois lhe passarei  minha agenda onde estão anotadas todas as senhas para que você tenha acesso ao sistema noutro computador se precisar. Esse notebook é muito importante, Anya. Você deve tê-lo sempre consigo. Leve-o para sua casa e traga-o todos os dias. Nunca se afaste dele. Na sua sala, há um armário para que você o mantenha trancado se precisar sair.

– Minha sala? Eu tenho uma sala só pra mim? – perguntou ela, inocentemente, o que fez Do Jin sorrir.

Ele se aproximou dela, o que a fez titubear. Ela deu um passo para trás e ficou prensada na parede do elevador.

– Ora, Anya… – disse ele, ajeitando a aba do casado dela, o que a surpreendeu. Ela tentou se afastar dele quando percebeu que ele iria tocá-la, mas ele a puxou para si e continuou a lhe ajeitar a aba  do casaco.  – Só estou arrumando. Vou precisar que você me acompanhe na reunião que eu tenho agora. Eu lhe dei o computador para que você pudesse anotar tudo o que for falado na reunião e redigisse a ata. Você sabe redigir uma ata, não sabe?

– Eu nunca escrevi uma ata, mas posso aprender  e aprendo rápido. – disse ela, sentindo nervosismo pelo seu trabalho. Ela era uma menina simples, como é que poderia ser a secretária de um poderoso executivo?

– Ótimo… há diversas atas no computador. Leia algumas e depois redija a ata seguindo o mesmo modelo.

– Posso gravar o áudio da reunião e transcrevê-la depois? – perguntou ela, olhando para os dedos alinhados de Do Jin que estavam agora a arrumar os cabelos dela em um coque.

– Você sabe fazer isso? – perguntou ele, passando o indicador pela cicatriz no rosto, o que fez ela abaixar a cabeça.

– Sei, sim, senhor… – disse ela, sem conseguir encará-lo. Por que ele estava fazendo aquilo? As pessoas costumavam ter nojo dela, porque ele a estava tocando? E justo em sua cicatriz?

– Onde conseguiu essa cicatriz, Anya? – disse ele, depois de terminar de ajeitá-la.

– Num acidente. Está incomodado com a minha aparência, doutor? – perguntou ela, tentando desesperadamente mudar de assunto. Não queria lhe falar sobre seu acidente.

– Confesso que você não tem a aparência de uma secretária executiva e não digo isso pela cicatriz, moça, digo pela sua roupa. A aba do seu casaco estava toda amarrotada e você não penteou direito o seu cabelo.

Anya abriu a boca, abismada, sem saber se o xingava ou se pedia desculpas pelo seu desleixo. Ela não era vaidosa por razões óbvias e não ficava na frente do espelho mais do que o necessário. Batera o recorde naquela manhã e parecia que não fora o suficiente.

– Eu estava pior ontem e o senhor resolveu me contratar mesmo assim.

– É… mas imaginei que diante do seu substancial salário inicial, você poderia se apresentar diferentemente hoje.

– Isso é o que eu sou. Assim. Dessa forma. Sou alguém simples, doutor. Se não me quer assim, não vejo porque o senhor me contrataria.

– Uhm.. . porque…  bem conversamos depois…

No mesmo instante, as portas do elevador se abriram no 50º andar, mas Anya gostaria de continuar aquela conversa.

– Vamos direto para a sala de reuniões.

Era A SALA DE REUNIÕES, pensou Anya assim que entrou naquele ambiente. Ali, todos os homens estavam vestidos de terno e gravata e as mulheres com terninhos e maquiagem. Ela estava claramente deslocada.  E todos olharam para ela no mesmo instante em que ela adentrou o ambiente.

– Essa é a minha nova secretária, a senhorita Anya Medeiros. – disse Do Jin, indicando a cadeira ao lado da sua para que ela se sentasse.  Assim que se sentou, Anya pôs-se a abrir o notebook ligando o gravador de áudio assim que o sistema operacional carregou. Quando terminou de clicar no botão para gravar, percebeu que todos os olhares estavam sobre ela novamente.

Não somente em sua cicatriz, mas em suas roupas e em sua figura.

– Bem… devo dizer que não gostei dos relatórios do último trimestre. – disse Do Jin, jogando algumas pastas sobre a mesa. – Nunca tivemos um lucro tão risível desde que eu assumi a presidência da companhia.

– Doutor… como expliquei no relatório, a crise econômica está atingindo os consumidores que estão evitando novas contas e… – explicava um dos homens. Ele parecia ter uns cinquenta anos ou mais.

– Isso não é desculpa, senhores – interrompeu Do Jin, com um ar autoritário. – Por sorte, o dia das mães se aproxima e é o momento para revertermos esses números em nosso favor… Preciso do relatório de Relações Públicas e da estratégia de vendas para este ano…

Enquanto a reunião era gravada, Anya tentou se concentrar em cada diálogo e em cada argumento colocado por Do Jin para a mesa de diretores.

Anya admirava Do Jin por ser um homem tão direto, tão sério, tão respeitado. Ele tinha ideias inovadoras que gerou um certo desconforto em alguns dos diretores, mas ele sabia muito bem ser eloquente. Uma hora depois, quando a reunião acabou, os homens levantaram-se da mesa e se curvaram antes de sair.

– Por que as pessoas se curvam para o senhor? – perguntou Anya, curiosa assim que ficaram a sós.

– Eu sou coreano. No meu país, todos se curvam para cumprimentar uns aos outros e esse costume acabou vingando aqui também.

– Mas o senhor não se curva… – disse ela, mordendo os lábios inferiores depois que já havia falado. Ela não conseguia controlar sua própria língua as vezes. Ele sorriu, olhando para ela de soslaio.

– Eu não me curvo para ninguém. – disse ele, sorrindo, mas havia uma nota séria sobre essa declaração.

– Devo me curvar para o senhor? – perguntou ela, curiosa, enquanto desligava o notebook.

– Só se você quiser… – disse ele, novamente, retirando uma mecha de cabelos do rosto de Anya para olhar novamente sua cicatriz, o que a surpreendeu.

– Então não me curvarei – disse ela, num tom provocativo. Novamente, ela se arrependeu do que dissera, mas já era tarde. No fundo, ela o provocara porque não gostava que ele se aproximasse dela e que tocasse em seus cabelos e em sua cicatriz como a pouco no elevador.

– Faça como quiser, Anya. Agora me responda, como foi o acidente que lhe deu essa cicatriz…? – perguntou ele, sem se incomodar com o desconforto que ela demostrava.

– Meu pai estava dirigindo. Estávamos devagar, mas um caminhão surgiu no nada em alta velocidade e nos pegou.

– Entendo. Seu pai morreu? – perguntou ele.

– Sim… – disse ela, sentindo os olhos lacrimejarem.

– Sinto muito – disse ele num tom sério.

– Tudo bem… já faz muito tempo. Não gosto de pensar sobre isso. – disse ela, em desespero. Queria muito que ele mudasse de assunto ou iria cair no choro.  

– Eu imagino. Venha, então… temos muito trabalho a fazer.

Anya acompanhou Do Jin até a presidência. Era uma sala enorme, belamente decorada. Ele lhe deu uma série de papeis, deu-lhe uma agenda e lhe mostrou a sala onde ela ficaria. De fato, a sala de Anya seria ao lado da dele. Era menor, mas muito bonita.

– Você pode mudar a decoração da sua sala se quiser, mas nada muito exagerado, por favor. Por vezes, você terá que receber pessoas aqui e não seria agradável uma decoração espalhafatosa.

– Tudo bem… essa decoração está muito boa para mim – disse ela, imaginando que sua sala era quase maior do que seu apartamento.

– Tudo o que precisa está no notebook, Anya. Você precisa gerenciar os relatórios e me contar o que está acontecendo. Também irá cuidar da minha agenda e sei que com o tempo, irá conhecer todos os meus contatos. Seja sempre amável com todos, Anya, mas não se deixe enganar. Eu tenho muitos inimigos aqui. Seja justa sempre, mas não seja ingênua.

– Eu juro que vou tentar ser a melhor secretária que o senhor já teve, doutor Do Jin, obrigada por confiar em mim.

– Exatamente, Anya. Você me perguntou porque eu te contratei no elevador. Eu não queria dizer isso na frente de ninguém, mas ontem, quando você me falou que não queria esperanças, você foi honesta. Pois bem, eu quero uma mulher honesta do meu lado e alguém que irá realmente se esforçar pela confiança que lhe estou depositando. Eu não preciso de mulheres belas, com mil cursos e mil atributos, Anya, eu preciso de uma mulher confiável no meu lado e algo me diz que posso confiar em você.

– Sim, senhor…  – disse ela, arregalando os olhos. Pela primeira vez ela sorriu, pois sentia-se feliz por saber que ele confiava nela, embora estivesse nervosa em não poder cumprir as expectativas dele.

–  Ótimo, então eu quero que me prometa que você não se deixará se impressionar por mim e sempre me dirá a verdade, custe o que custar.

Anya franziu o cenho, sem entender direito o que ele dizia.

– Há muitos bajuladores à minha volta. Não preciso disto. Eu preciso de alguém que possa me dizer a verdade, só isso…

Depois de ter dito aquilo, Do Jin deixou-a sozinha. Ela imediatamente ligou o notebook e conferiu, pela agenda que ele lhe dera, todas as senhas e endereços no navegador. Depois de alguns minutos, já havia decorado todas elas, bem como os endereços da intranet.

Havia uma série de geradores de relatórios e acompanhamentos administrativos. No sistema, Anya descobriu o endereço de cada loja, cada depósito, cada centro comercial e administrativo que faziam parte da corporação de Do Jin.

Quando gerou os relatórios, sentiu seu corpo todo estremecer. Era uma empresa bilionária. Dos relatórios de custos, gastos até os de margem de lucros, os números eram na casa de milhões e bilhões. Alice até teve acesso ao balanço geral da empresa e dos balancetes individuais.

Descobriu que a presidência possuía um orçamento mensal generoso para despesas administrativas.

O suficiente para manter Anya pelo resto de sua vida.

O mais interessante é que minutos depois, constou seu próprio nome na lista de pessoas autorizadas para utilizar essa verba.

Além de seu nome, havia o do presidente Do Jin, do vice presidente Park Ra In e da secretária executiva da vice presidência, uma mulher chamada Karina Petrano. 

Anya passou horas investigando os sistemas, decorando todas as informações possíveis para que ela pudesse desempenhar seu papel com alguma destreza.

Do Jin deveria ter a consciência de que ela não tinha experiência, mas de qualquer forma, ela queria poder impressioná-lo e ser fiel a confiança que ele estava lhe depositando.

Achava incrível que ele tenha lhe dado aquele notebook com acesso a tudo o que se passava em sua empresa e com atributos e autorização para fazer transições financeiras. Se ela fosse a presidente, ao invés dele, dificilmente iria confiar numa estranha as informações que ele lhe confiara.

Karina Petrano

– Olá, posso entrar… – Anya percebeu que uma mulher havia batido a porta e agora entrava em sua sala. Ela deveria ter uns cinquenta anos, mas era muito bela e trajava-se como uma socialite: um conjunto de saia e terno combinando, anéis, correntes e um sapato alto que deveria ser mais caro do que aluguel que Anya pagava pelo apartamento – Eu sou a secretária do vice-presidente… meu nome é

– Karina Petrano – disse Alice, lembrando-se do nome que vira na intranet.

– Isso mesmo! Como sabe? O Dr. Do Jin lhe disse?

– Na verdade, vi isso pelo sistema financeiro da intranet… – confessou ela.

– Bem, vejo que tem uma certa habilidade para usar o computador. Isso é bom. O Dr. Do Jin me disse que você não tinha experiência, não tinha cursos, imaginei que teria que lhe ensinar tudo…

– O Dr. Do Jin lhe pediu que me ensinasse? – perguntou Anya, simpatizando-se imediatamente com Karina.

– Sim, Anya. É seu nome não é? Sabe, durante o tempo em que o Dr. Do Jin ficou sem secretária, eu tive que me desdobrar para atender a presidência e a vice presidência, então ter uma pessoa aqui é um alívio. O Dr. Do Jin não confia muito nas pessoas e bastava um olhar sobre as concorrentes dessa vaga para ele as recusar. É realmente uma surpresa que ele tenha escolhido você. Você o conhece de algum lugar?

– Não, senhora…

– Apenas me chame de Karina, Anya. Bem, seja lá o que o Dr. Do Jin tenha visto em você, espero realmente que você possa durar nesse trabalho. As últimas secretárias duraram apenas alguns dias. O Dr. Do Jin pode ser muito exigente às vezes.

– Ele não deveria ter me contratado, então – confessou Anya, com um aperto no coração – Eu não tenho experiência, nunca trabalhei numa grande corporação e não tenho certeza se irei conseguir fazer esse trabalho.

– Oh, por favor, não desista. – disse Karina se aproximando. – Eu não quero ficar sozinha na presidência. Não aguento mais. E se ele a escolheu, é por que confia em você e isso é a principal característica para o Dr. Do Jin. Você deve ser muito sigilosa com as informações que passarão por você. Ele não gosta de especulações.

– Isso eu percebi. Mas e se eu não atender às expectativas do Dr. Do Jin?

– Tudo se pode aprender, Anya. Quando eu entrei aqui há 20 anos, como a recepcionista, não tinha nenhum conhecimento da vida, hoje, sou capaz de substituir o sr. Park Ra In quando ele precisa viajar. Com o tempo, você será tão necessária quanto o Dr. Do Jin e terá tanta autoridade quanto ele na empresa.

– Bem, eu percebi que ele me deu autorização para utilizar a verba da presidência.

– Sim, fui eu que inseri a sua autorização. A verba da presidência é para suprir as nossas necessidades aqui nesse setor. Apesar do Dr. Do Jin e do Sr. Ra In terem a autorização também, somos nós duas que administramos essa verba, portanto, precisamos sempre conversar sobre nossas necessidades, principalmente, porque precisaremos organizar muitas reuniões. Além disso, o Dr. Do Jin deu-me a autorização para adiantar o seu salário, Anya. O primeiro salário já está na sua conta. Ele me disse que… bem… acho constrangedor dizer isso, mas ele me disse que você deveria escolher melhor os seus trajes.

Anya sentiu seu rosto corar de vergonha.

– Não se sinta chateada. – disse Karina, também constrangida – mas ele tem razão. Tenho certeza de que não é por ele, mas você vai precisar lidar com grandes executivos e preciso lhe dizer que eles não irão respeitá-la se você estiver vestida desta forma, querida…

– Bem… então está bem… vou fazer o possível… – disse ela, querendo cavar um buraco e se enfiar nele.

– Ótimo… agora deixa eu lhe explicar como as coisas funcionam por aqui.