6 – Tsunami de Amor – Escolha

Capítulo 6 – Escolha

Lee Min Ho viu o momento em que Gao Rim caiu com o desabamento do prédio e atingiu a água com violência. Esticou todo o corpo na esperança de poder alcançá-la. Sentiu os dedos dela nos seus, mas não conseguiu segurá-la. Viu ela ser levada pela correnteza, entre os destroços do prédio desabado. Ele olhou para cima, pois também lutava para se manter naquela corda improvisada. E sabia que a melhor opção para ele seria escalar a parede do prédio e abrigar-se na cobertura. A água ainda era forte, mas sentia que já não avançava tanto quanto antes.

Contudo, se ele se soltasse, não havia certeza de que sobreviveria. O que deveria fazer? Qual seria a melhor escolha: viver ou arriscar tudo para salvar Gao Rim?

Ele gritou o nome dela algumas vezes, mas sabia que ela não poderia ouvi-lo pois travava uma luta pessoal pela sobrevivência. Ele a observava se afastando cada vez mais dele. Ela afundava e depois vinha a tona, sempre com cada vez mais dificuldade.

De repente, viu quando um dos destroços foi jogado para cima dela, batendo contra sua cabeça. Viu o sangue em seu rosto, o pavor em seus olhos e depois, mais uma vez, ela sumiu no meio das águas geladas e turbulentas.

O que fazer?, pensou Lee Min Ho.

De repente, antes que pudesse processar realmente o que iria fazer, sua mão se abriu e ele soltou a corda que o levava à segurança. Lançou-se à escuridão, ao desespero, aos destroços cortantes e a violência das águas gélidas. Mergulhou fundo a fim de buscar aquela mulher que ele mal conhecia. Ela estava inconsciente, em algum lugar naquela escuridão.

Ao encontrá-la, segurou pela sua cintura e fez um impulso.

Os dois surgiram na superfície e ele respirou fundo. Gao Rim estava desacordada, mas ele a abraçou e deixou seu rosto para cima, encostando sua cabeça em seu ombro.

À frente, havia outro prédio do Resort. Este era menor do que os outros, por isso, estava quase completamente coberto.

Sabia que precisava sair da água o mais rápido possível, por isso, tentou usar a correnteza para chegar até o topo do prédio. Bateu com as costas contra a quina do prédio, mas por sorte conseguiu se segurar. Faltava apenas uns trinta centímetros para o topo, por isso, foi fácil para ele subir. Depois disso, puxou Gao Rim para cima.

– Vamos, garota, você é forte! – disse ele, fazendo massagem no peito dela para que ela pudesse respirar. – Não me faça me arrepender da minha escolha.

Abaixou a cabeça e encostou os seus lábios nos dela, soprando para que o ar entrasse em seu pulmão e novamente, voltou a fazer a massagem.

Gao Rim tossiu expelindo água e sangue, mas não voltou a consciência, por isso, Lee Min Ho a virou de lado para que ela conseguisse respirar.

– Não morre, Gao Rim, por favor, não morra!

Gao Rim abriu os olhos. Por alguns segundos, imaginou que estava morta. Seu corpo estava todo molhado, mas não estava mais na água. Por algum milagre, havia sobrevivido. Então, olhou para o lado e percebeu quem havia sido o milagre: Lee Min Ho estava deitado ao seu lado, completamente encharcado, com cortes no corpo e no rosto, assim como ela. Ele estava com os olhos fechados e parecia estar em um sono intranquilo.

– Min Ho – disse ela, tocando em seu peito levemente. Ele parecia estar quente, com febre. – Min Ho, por favor, acorde! – disse ela novamente, sacudindo-o novamente.

Ela olhou ao redor para saber onde estava. Parecia ter o topo de um prédio. Estavam muito distantes de onde era o Resort. De alguma forma, Lee Min Ho havia conseguido resgatá-la e a trouxe para aquele lugar.  

– Lee Min Ho – disse ela, novamente. – Não se atreva a morrer! – gritou ela, sentindo as lágrimas escorrendo pela face.

– Não vou morrer… só precisava de um cochilo – disse ele, abrindo os olhos, mas não se levantou.

– Você está com febre! – disse Gao Rim, colocando a mão em seu rosto. – Por que você veio atrás de mim? Você deveria ter subido o outro prédio.

– A água está parando – disse ele, apontando para o horizonte – A água está parando…

A noite caiu depois daquelas horas de desespero. A água dava sinal de estar retrocedendo. Já era visível que o nível já havia descido alguns centímetros. Mas com o alívio de estarem livres de morrerem afogados, veio outra preocupação.

Quando o sol sumiu, a temperatura antes amena baixou, intensificando o frio dos corpos gelados pela água da costa de Jeju.

Lee Min Ho havia perdido a consciência e dava sinais de que estava com uma alta febre e Gao Rim tremia de frio. Sua garganta doía muito e sabia que além da água, havia engolido destroços do prédio.

Impotente para fazer qualquer coisa, ela se aninhou no peito de Lee Min Ho e o abraçou. Normalmente, jamais faria uma coisa dessa, mas tinha muito frio e ele estava quente. Assim, ele lhe daria o calor que ela necessitava e seu corpo frio poderia amenizar a febre dele.

Sentindo aquele calor emanando do corpo do homem que salvara sua vida tantas vezes, Gao Rim observou o céu estrelado, imaginando o que o dia de amanhã lhes traria.

Cansada, dolorida, devastada pelo Tsunami de emoções que lhe varria o peito, deixou-se vencer pelo sono e fechou os olhos.

Gao Rim sentiu o vento no rosto com o raiar do dia. Ela ainda estava aninhada nos braços de Min Ho e sentia o coração de dele bater compassadamente. Ele já não tinha mais febre e dormia mansamente.

Seu corpo todo parecia ter sido alvo de um saco de pancadas: estava suja de lama, a cabeça encharcada de sangue, escoriações pelo corpo todo, mas estava viva.

Quando abriu os olhos, percebeu que a fonte da rajada de vento que os atingia era, na verdade, um helicóptero.